Perito Moreno: Caminhando sobre o gelo

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Confira como foi nossa experiência caminhando sobre o gelo da Perito Moreno, a mais imrpessionante geleira de fácil acesso na Patagônia Argentina

Caminhando sobre o gelo,
De luvas e quebra-vento,
Sobre a Perito Moreno,
Eu vou…

Esta não foi a maior aventura da minha viagem à Patagônia; a maior eu conto no post Torres del Paine: Sangue, Suor e Beleza. Sim, eu gosto daquele Caetano Veloso anos 1960-70.

Tempo: janeiro de 2015. Lugar: El Calafate, no sul da Patagônia argentina. Motivo: A geleira Perito Moreno – peraí, você que mora num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, sabe o que é uma geleira?

Geleira, ou glaciar, é uma massa imensa de gelo que possui duas zonas diferentes: a de acúmulo, onde sempre neva, e a de percolação. Hein? É, eu também nunca tinha ouvido essa palavra e nem sei se há outra mais adequada, mas aprendi que na zona de percolação a geleira perde massa devido à evaporação e ao derretimento, especialmente no verão. Para explicar àqueles que me perguntaram “mas você estava perto do gelo, só de camiseta…”, explico que geleiras não derretem nem no verão e têm centenas, milhões de anos em algumas partes. Há glaciares em várias partes do mundo, como nos Alpes, no Himalaia, na Antártida, Nova Zelândia, Polo Norte, Monte Kilimanjaro (nossa, na África!) e até na Bolívia. Eu já tinha visto algumas geleiras nas Montanhas Rochosas do Canadá, onde a paisagem, os lagos e os picos são indescritíveis, mas estar frente a frente ao paredão de gelo de cerca de 55m de altura e 5 km de frente que é a Perito Moreno é algo único. Outros números também impressionam: 254 km2 de extensão e 720m de espessura!

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O píer 5, onde embarcamos para o trekking no gelo

Bem, você não vai até quase “o fim do mundo” que é El Calafate só para olhar a geleira, certo? – embora eu ache que vale a pena por si só! Compramos um passeio que se chama Mini Trekking e te dá a oportunidade de caminhar sobre a Perito Moreno. Inclui o traslado de El Calafate até o Parque los Glaciares (80 km), tempo para explorar as passarelas e plataformas-mirante da geleira (2h30), um breve passeio de barco no Lago Rico (15 a 20 min), que fica no Sudoeste da Perito Moreno, e a caminhada em si (1h30).

A bordo do catamarã, todos entusiasmados com a vista e proximidade do paredão e com os icebergs. O vento gelado soprou e todos vestiram casacos e toucas e passavam protetor solar (o sol reflete ainda mais sobre neve ou gelo, assim como na areia da praia).

Nem era tanto frio, mas eu quis valorizar, ehehe
Nem era tanto frio, mas eu quis valorizar, ehehe

Chegamos a uma praia de terra? areia?  pedra triturada? e de formações rochosas interessantes. Infelizmente, a guia não explicou nada a respeito e acho que todos estavam concentrados no que viria pela frente pois ninguém perguntou nada.

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Nesta área estava até bem quente e precisei tirar casado e touca, mas sobre o gelo faz bastante frio – e não se esqueçam de que viajei em janeiro e que estava quente para os padrões locais. Ninguém da agência Hielo & Aventura nos avisou ou orientou quanto ao que vestir, o que considero uma falha, mas alertaram sobre a necessidade de usar tênis com cadarços para amarrar as tiras dos grampões. Mas a Márcia te diz: use calçado impermeável e agasalhe-se bem. Eu vesti uma legging fleece, botas com pele, camiseta, abrigo fleece e um corta-vento, além de touca e luvas, estas obrigatórias. Mas no abrigo há um cesto com luvas que você pode usar e devolver depois do trekking.

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Ali na praia recebemos informação de que iríamos até o abrigo, onde há mesas, bancos e banheiros, e depois seguiríamos por uma rápida trilha entre árvores até chegar à beira da geleira, onde seriam colocados os grampões e o grupo dividido em 20 pessoas para cada guia ou dois, de acordo com a língua preferida: inglês ou espanhol.

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Escolhi Inglês, porque eles falam espanhol muito rápido e acho difícil a compreensão baseada apenas na similaridade entre o português e a língua de Borges. Depois de colocar os grampões, orientam como pisar no gelo nas subidas e nas decidas e pedem que só fotografemos durante as pausas para que nos concentremos no caminho.

colocando os grampões
colocando os grampões

Durante o percurso, falam um pouco sobre a formação da geleira e respondem a perguntas. Em Inglês, a guia fala mais pausadamente e até comete alguns errinhos engraçados, como dizer que geleiras perdem volume por causa da “globalização”, quando quis dizer “aquecimento global”.

Eu senti butterflies in my stomach, assim como quando estou na fila de uma montanha russa, mas foi mais tranquilo do que eu esperava e caminhar sobre o gelo com os grampões pareceu relativamente fácil. Quanto ao grau de dificuldade, o trekking é cansativo como subir várias ladeiras, pois as trilhas são feitas para experimentar as diferenças de topografia, mesmo: sobe, desce, sobe, atravessa fendas, sobe, desce, pula córregos formados pelo degelo… A guia faz várias pausas para retomarmos o fôlego e fotografarmos, então não é preciso muito ou nenhum preparo físico, a não ser que a pessoa esteja muito fora de forma.

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O poço azul. Devia ter uma valsa com esse nome… Ou mais apropriado: um tango!

Caminha-se em fila indiana, pois eles preparam uma trilha, o que facilita. As guias andavam em paredes quase verticais com a maior desenvoltura e estavam sempre atentas ao grupo, chamando à atenção quem subia num monte fora da trilha, por exemplo. Algumas pessoas provam a água do degelo ou apenas molham as mãos nela. Well, é gelada igual água de geladeira…

Mini trekking na Perito Moreno
A única fenda da trilha

No final, que chegou antes do que eu esperava, cada um recebeu um copo com gelo tirado da geleira com meio dedo de whisky. Voltamos ao ponto onde tiramos os grampões e ao abrigo, onde esperamos o momento de tomar o barco e depois o ônibus de volta a El Calafate.

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Avaliação: foi interessante, principalmente para nós brasileiros que não temos acesso a tamanha quantidade de gelo para poder caminhar sobre. Mas não é algo que classificaria como “a” aventura. Se você quer mais emoção, talvez deva fazer o Big Ice, mas pesquise em fóruns de viajantes para saber a opinião de quem já fez.

PRÁTICAS RÁPIDAS

  • Vestuário: Roupa confortável e abrigada, jaqueta impermeável ou quebra vento, tênis ou botas de trekking com cadarços e impermeáveis. Óculos de sol, protetor solar e labial, luvas, gorro.
  • A agência aconselha levar seu próprio lanche, mas há lanchonete em frente às passarelas de observação da Perito Moreno.
  • Pessoas abaixo de 10 e acima de 65 anos não podem fazer o passeio. Não é aconselhável para pessoas com sobrepeso e é proibida para gestantes ou pessoas com didiculdade de coordenação e motricidade.
  • O valor da excursão, salgados 125 dólares, não inclui o ingresso ao Parque Nacional Los Glaciares, que custa 150 pesos para integrantes do Mercosul.
  • O passeio teve início às 10h, com traslado ida e volta até o Los Glaciares, tempo para observação da geleira a partir das passarelas, navegação no Lago Rico e o trekking. Voltamos a El Calafate por volta das 19h.
  • O mini trekking pode ser contratado em qualquer agência de El Calafate ou mesmo nos hotéis, mas de qualquer forma é administrado pela empresa Hielo y Aventura. Como contei no post El Calafate, aquela do Perito Moreno enviei-lhes várias mensagens mas não consegui concluir a reserva, comprando na própria agência quando cheguei, o que alterou meu roteiro inicial. Fique no pé deles!
  • O mini trekking não acontece entre o final de maio e o início de agosto de cada ano.

Se você for a El Calafate, não deixe de ter a mesma experiência na Perito Moreno!

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Marcia Picorallo

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Márcia, a viajante

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COMENTÁRIOS

20 respostas

  1. Um dos passeios mais bacanas que já fiz. Adorei fazer o trekking sobre o Perito Moreno e não vejo a hora de repetir a dose. Inclusive a do uísque. Hahahahahahahaha

    Abraços e parabéns pelo post, adorei!

  2. Sempre vejo fotos dessa geleira e ainda sim, toda vez me impressiono.
    Falam que é uma das coisas mais lindas da América do Sul. Muito boas as dicas que vocês deram sobre o tour, agora ja sei que o fazer e o que não fazer quando um dia, finalmente, visitar esse canto maravilhoso da Terra 🙂

  3. Meu sonho é ir até o fim do mundo! Sempre li que os passeios eram bem caros por aí… Vc confirma isso, Márcia? Lembra mais ou menos quanto custou esse passeio?

    Minha família está planejando descer de São Paulo a Ushuaia de motorhome e sempre é bom ter uma ideia, né?

  4. Eu não fazia ideia que tinha um passeio para caminhar ali na neve. É esse que quero fazer quando for. Que legal!!!!! Mas parece difícil de caminhar (sei que vc disse que não é), mas parece! rs

  5. Pena que teve que passar pelo frio para tirar essas fotos maravilhosas. Não consigo conceber a hipótese de viver num lugar assim frio. Mas ir, divertir-se, e terminar com um chocolate quente antes de regressar a temperaturas amenas…. aí topo!
    As fotos ficaram maravilhosas

  6. Interessante, mas não é uma “aventura” que eu gostaria de fazer. As fotos estão muito legais, principalmente a do Poço Azul! Só não entendi quando vc diz “pessoas entre 10 e 65 anos NÃO podem fazer o passeio”…

  7. Oi Márcia, como vou em março, acho que não preciso reservar antes, ou será que preciso? Outra dúvida: eles fazem câmbio de real em El Calafate ou é preciso levar dólar? Beijos

    1. Oi, Adriana! Parece que fora de temporada não há necessidade de compra prévia. Quanto a trocar reais, não tivemos sorte. Em todos lugares que tentamos não foi aceito. Usamos dólares, mesmo. O troco vem em pesos argentinos.
      Beijos!

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