O que Fazer em Trento: roteiro de 1 dia

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o que fazer em Trento

Trento me surpreendeu positivamente talvez porque eu não tivesse grandes expectativas, ou por não ter feito um roteiro. Pra você deixo as dicas de o que fazer em Trento em 1 dia, onde ficar perto da estação de trem ou no centro histórico.

“Decidi onde vou viver quando me mudar pra Itália!”, disse para minha colega de viagem assim que avistei a piazza duomo da janela do apartamento alugado em Trento, com a mesma certeza que tive em tantas outras cidades que conheci, como Vancouver no Canadá, São Francisco nos EU, Budapeste na Hungria…

O devaneio continuou no dia seguinte, quando vi no horizonte, espremidas nas ruas estreitas e entre os predinhos alinhados, as montanhas alpinas, e prosseguiu quando passei em frente à universidade de Letras de Trento. Mas este post não é sobre meus sonhos de viver ali – ou fora daqui -, mas sim para compartilhar o que fazer em Trento, uma cidade fora dos roteiros tradicionais dos brasileiros que vão à Itália, mas que merece um lugar ao Sol, se você tiver além de 15 dias na Itália ou se já provou a bota noutra oportunidade.

Chegamos a Trento de carro, depois de dias rápidos demais nas Montanhas Dolomitas, meu lugar preferido no mundo, nos Alpes italianos. As primeiras horas em Trento passamos na Piazza Duomo, ao ritmo dos locais (ou turistas?) que aproveitavam a deliciosa noite de final de primavera bebericando com amigos. O entardecer chegou preguiçoso ao sabor do aperol spritz, bebida típica do norte da Itália.

Hein? italiana com esse nome? Sim, a região ao Norte da Itália pertencia ao Império Austro-húngaro e só foi anexada à Itália porque a bota ganhou a Primeira Guerra. Mussolini proibiu o uso do alemão e do dialeto trentino e qualquer referência ou reverência ao imperador era punida com multas e agressões. A região deixou de ser chamada de tirol, que permanece até hoje do outro lado da fronteira.

Foi nessa época, entre a guerra e o governo de Mussolini, que o Brasil recebeu uma massa de imigrantes dessa região. Chegaram como italianos, mas não se sentiam assim e mesmo aqui no Brasil a rivalidade continuava, com italianos de outras regiões os insultando. Lembrei que minha bisavó tinha pendurada em sua casa uma foto do casal imperial, aqui no interior de São Paulo. Em Trento, a proprietária do apartamento e minha única referência deixou claro que eles se sentem mais próximos da cultura germânica do que da italiana.

De volta ao apartamento naquela primeira noite, eu não conseguia dormir, apesar do cansaço, pensando que no porão do prédio onde eu dormiria tinha um muro romano e pedaços de afrescos renascentistas. Extasiada por estar em um edifício histórico e com a vista da janela da ‘minha’ sala, fiquei observando a vida passar, os bares se fechando, as luzes se apagando. Você que adora viajar sabe o quanto cada minuto é precioso e pregar os olhos é a última coisa que queremos fazer. Haja óculos de sol para esconder as olheiras! O resultado foi que na manhã seguinte eu demorei a levantar e depois perdi uma hora para devolver o carro à locadora porque não achava um posto de gasolina.

O Mulher Casada Viaja orgulhovergonhosamente apresenta: a saga para devolver o carro à locadora

Meu celular morreu no meio da viagem e fiquei sem GPS. Emprestei o chip que tinha comprado em Milão para minha amiga, mas ela ficou no apartamento e eu é quem fiquei responsável por entregar o carro e me perdi tentando achar o posto de gasolina, entrei na ZTL (áreas em que só veículos autorizados circulam), passei carão quando o motorista do ônibus atrás de mim pacientemente me explicou que eu tinha que mover o carro adiante do semáforo fechado para que ele abrisse (gente, nunca tinha visto isso!), parlei com um monte de gente na rua, em busca de uma alma que me indicasse onde tinha um posto –  e as orientações do tipo “gire a destra”, era tudo o que eu entendia, mas eu não sabia qual destra!), ou seja, eu tava quase surtando e largando o carro no meio da rua! Não foi uma boa estréia mas, mesmo assim ou talvez por isso, escrevi sobre minha experiência de dirigir na Itália, com dicas de pedágio, ZTL, combustível, estacionamento, PID e outras.

Documentos para viajar para a Itália

Não é necessário visto para entrar na Itália (ainda não se paga taxa), apenas passaporte com validade superior a 6 meses e, como a Itália faz parte da Comunidade Europeia onde é exigida a Carta Schengen, há obrigatoriedade de contratação de seguro viagem. Além disso, seguro viagem não é só para o caso de você torcer o pé numa trilha ou sofrer um acidente. Malas extraviadas, voos cancelados e tantas outras dores de cabeça podem ser minimizadas com o seguro. Temos parceria com a Seguros Promo, que oferece vários tipos de seguro e seguradoras, além de de$conto para os leitores do blog.


Introduções feitas, vamos às dicas de o que fazer na gostosinha Trento.

O que Fazer em Trento em 1 dia

Piazza Duomo

A piazza del duomo de Trento é especialmente encantadora, com a fonte de Netuno (claro!) ao centro, a proximidade das montanhas, as casas com afrescos, a arquitetura da catedral San Vigilio com ares germânicos… Já falei que adorei Trento?  

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O Netuno em bronze atual substitui o original em 1945, que se encontra no Palazzo Thun

Catedral de São Vigílio

A igreja original foi construída no século VI sob restos mortais (era um cemitério mesmo ?) de mártires, entre eles o que dá nome à atual catedral, São Vigílio. Inúmeras demolições, reformas e adições aconteceram ao longo dos séculos, mas só no 20 sob o conceito de preservar ao máximo forma e acabamentos originais, um restauro recuperou mosaicos, revelou suas bases, onde você pode ver lápides, relevos, a tumba de São Vigílio entre outros elementos.

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No andar principal, o térreo, encontrei uma catedral meio confusa arquitetonicamente falando, talvez justamente por toda essa mistura de estilos nas construções e adições por que passou, e depois as restaurações, então parece uma colcha de retalhos, mas é muito bom, porque é original, verdadeira, não exatamente para agradar aos olhos do turista.

Ah, a Catedral de Trento sediou parte dos trabalhos do Concílio de Trento no século 16, assim como os palazzos e o castelo de que falarei mais adiante.
Eu queria tentar entender a igreja, então depositei uma moeda no guia de áudio disponível, mas ainda quero entender… Quem sabe as imagens te ajudam (a entender minha confusão):

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Museu Diocesano Trodentino – Palazzo Pretorio – Torre Grande

Ao lado da igreja, em frente à fonte, fica o Palazzo Pretorio, antiga residência do bispo que hoje abriga o museu Diocesano, e a Torre Grande. Não visitei a parte interna, mas há uma coleção de obras de cunho religioso que documentam técnicas e estilos artísticos, principalmente de esculturas, mas há trabalhos em ouro, manuscritos, vestimentas litúrgicas e tapeçaria.

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A Torre Grande e as Casas Cazuffi (de toldos verdes)

A Torre foi construída sobre a antiga porta veronesa e os documentos mais antigos apontam sua existência desde o século 12, enquanto há registros de seu sino no século 13 e do relógio no 15.

Serviu como prisão e na época do Concílio de Trento sua fachada voltada à praça apresentava afrescos, que infelizmente foram perdidos depois que os cobriram com massa que com o tempo deteriorou-se e foi retirada – junto com os afrescos…
Sei que para alguns esses relatos e datas podem soar enfadonhos, mas acho importante saber – ou lembrar – que as construções que vemos em nossas viagens não eram exatamente assim. Imagino como toda essa praça devia ser linda e colorida.

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Via Rodolfo Belenzani

É uma rua de pedestres na esquina da Piazza Duomo com as Case Cazuffi, onde fica o Palazzo Thun, pertencentes a um lorde feudal entre os séculos 16 e 19, quando as autoridades municipais o adquiriram e o transformaram na Prefeitura de Trento. Não é permitido visitar seu interior, apenas o térreo, onde fica a estátua original de Netuno, retirada da fonte da praça em 1939. A entrada é gratuita e quando de nossa visita abrigava exposição de fotos de refugiados sírios.

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Em frente ao Palazzo Municipale, fica outro prédio histórico e com afrescos bem preservados, a Casa Geremia, construída na virada do século 15. Não parecia estar aberto a visitação, mas ninguém me impediu de visitar o térreo. Só não subi porque havia circulação de pedreiros e estava tudo em obras. Lá encontrei apenas uma maquete da parte histórica da cidade e uma escultura emoldurando uma passagem com resquícios de afrescos.

De lá visitamos o Centro de Informações Turísticas de Trento (Via Giannantonio Manci, 2), poque eu queria mais dicas da cidade, mas no Palazzo Geremia eu encontrei muito material num display, também.

Castello del Buonconsiglio

A principal atração de Trento, não pude ver porque era segunda-feira e o castelo estava fechado. Além deste, que fica no centro histórico, há outros 4 castelos: di Stenico, Thun, Caldes. Você pode visitar todos em distâncias próximas a 100 km.
O castelo fica na Via Bernardo Clesio, 5 e o ingresso custa €10, mas como não o visitei, sugiro que você pegue informações no website oficial.

Torre Verde e Torre Vanga

Miriam quis voltar para o apartamento e eu continuei o passeio meio às cegas (cansei do mapinha), sem saber o que encontraria – tipo de coisa que adoro. Pertinho do castelo encontrei a Torre Verde, que era parte do castelo mas agora causa estranhamento por estar ali isolada, sem o muro que antes a ligava a ele. Li que o rio Ádige passava por ali, até 1858, mas o que mais me chamou à atenção foi seu telhado, do mesmo material que vemos em Budapeste, Viena… olha um pouquinho do império austro-húngaro aí!

Quem já conhece Verona vai notar a similaridade do castelo de lá com a Torre Vanga de Trento. Uma característica positiva de Trento é que todos os monumentos e edifícios históricos possuem uma placa com informações em italiano, alemão e inglês, e foi assim que descobri que o príncipe de Liechtenstein foi prisioneiro da torre em 1407.

Jardins Públicos

Os jardins públicos são na verdade uma grande praça verde, com uma estátua de Dante, ao lado da estação de trem. Pelo menos agora eu sabia onde ficava a estação…

o que fazer em Trento

Rio Ádige e seu teleférico

Fui em direção ao rio Ádige, que corria bem veloz e lá descobri que há um teleférico de onde você tem uma vista da cidade bem legal, o Funivia di Sardagna. Não se trata de um teleférico turístico, mas um meio de transporte, então é bem baratinho: €0,90.

Porta de Santa Margarida

Gostei mesmo foi de caminhar pelas ruas e também vi uma boa parte da cidade não histórica, quando me perdi de carro. Achei a Porta de Santa Margarida, do século XIII, usada para acessar áreas cultivadas próximas ao rio.

Finalmente me sentei para comer algo depois do caprichado café da manhã no apartamento e fiquei aliviada por saber que seria servida para almoço às 16h sem problemas, afinal, já tive vários problemas na França e na Bélgica com horário de refeições! De novo, a vista do Duomo, mas agora com chuva.

Tridentum

Como eu não tinha feito uma boa pesquisa sobre Trento, não vi algumas atrações, como o Tridentum (escavações revelaram a cidade romana de Tridentum, com muralhas, rua pavimentada de pedras, casas com mosaicos).

Muse

O Muse é um museu de ciências, muito interessante especialmente para quem está viajando com crianças.

Sempre que vejo uma tampa destas decoradinha faço um registro

Quanto tempo e Onde ficar em Trento

É possível conhecer Trento ‘de passagem’, ficando um dia intiero, mas se você quiser passar a noite para sentir melhor o clima da cidade, que tal ficar com grande estilo como nós? Como eu disse, ficamos num prédio histórico, o Scrigno del Duomo, de propriedade da família que aluga o apartamento. São apenas 2 quartos, um deles é uma suíte e o outro tem banheiro privativo no corredor. Cozinha bem equipada e moderna (inclusive tem máquina de lavar roupas), tudo muito limpo, sala ampla, aconchegante e com vista magnífica da Piazza del Duomo. Não achei ruim ter que arrastar mala pela cidade até a estação de trem (são 550 m), acho que valeu muito a pena!

onde ficar em Trento

Se você prefere ficar bem pertinho da estação de trem, tem opções mais impessoais, como o Grand Hotel Trento ou o B&B Eden. Veja outras opções de apartamentos, B&B e hotéis em Trento.

Esta dica eu peguei num grupo do Facebook, o Viagem à Itália: Se você vai ficar na região de Trentino vários dias, vale a pena ter o Trentino Guest Card, que inclui entrada em museus, castelos, passeios, teleféricos e transporte público. Muitos hotéis são parceiros e oferecem gratuitamente a seus hóspedes a partir de 2 diárias.

Reencontrei a Miriam, pegamos nossas malas e caminhamos até a estação de trem. Verona nos esperava!

Vale a pena ir a Trento?

Vale a pena ir a Trento? Eu diria que as cidades mais “famosas” da Itália têm mais atrativos, mas também digo que você deveria ir aos Alpes italianos, que são um espetáculo, e aí Trento estará em seu caminho, assim como Bolzano. Por que não? Eu não me arrependi.

Marcia Picorallo

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Escrevo o Mulher Casada Viaja com carinho desde 2014, compartilhando minhas impressões dos lugares por onde passei, inspirando e ajudando leitores a planejar suas aventuras.

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Márcia, a viajante

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COMENTÁRIOS

27 respostas

        1. Conheci Trento melhor do que Bolzano, mas se vc for às Dolomitas, fique em Bolzano (que é mais perto) e dê uma passada de umas horas em Trento, se couber no roteiro. Nas Dolomitas vc já decidiu onde ficará?

  1. Na minha única viagem pela Itália, apesar d ter focado mais no norte, acabei deixando Trento de fora, mas tenho que voltar por causa do Lago di Garda, de Mantova etc então não vai ser nenhum sacrifício hehhee Cidade bem fofa e perfeita para conhecer em um dia. Mas melhor que não tenha todo o rolo que vc passou pra devolver o carro hehehe.

  2. Agora fiquei doida para conhecer Trento! Que cidadezinha mais linda e cheia de atrativos. Adorei o roteiro e as fotos lindas. Parabéns pelo post e obrigada por nos inspirar!

  3. A Itália é mesmo um lugar de múltiplos destinos. Já estive no país 2x: uma fiquei pelo Vêneto e na outra pela Toscana. Quero voltar ainda muitas vezes.
    Eu gostei de tudo neste texto, mas especialmente a passagem em que você fica acordada, vendo os bares fechando… Isso me catapultou para outra dimensão! Pura poesia! 🙂

  4. Márcia, que cidade maravilhosa é essa?! Linda, charmosa e ainda cheia de história. Melhor impossível né? Amei suas fotos e dicas… E ainda estou de boca aberta com a Catedral de São Vigílio. Acabei de inclui Trento na minha próxima viagem à Itália. 😉

  5. Olá! Parabéns pelo post, super completo. Já fomos diversas vezes à Itália, mas… não a Trento. Da próxima vez eu trento ir… rs. As cidadezinhas italianas são realmente um amor – melhor que as cidades grandes, aliás, como toda a Europa. Abraços!

  6. Márcia!
    Adorei o post! Maravilhosos o seu texto e suas fotos!!!! Tudo muito interessante e bonito!!!! Parabéns!!!! Vc está sendo minha referência para programar uma viagem para o Trentino Alto Adige e Dolomitas!
    Sigo te acompanhando!
    Um abraço!
    Mariana

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