Esta é uma ilha rodeada de borrachudos por todos lados, localizada no litoral norte de São Paulo. Passamos o último carnaval em Ilhabela e deixo aqui dicas de como chegar, o que fazer, onde comer e ficar, e como participar de nossa maior festa popular na capital da vela.
Os borrachudos ainda não venceram – nem a espera pela balsa. Ilhabela recebe algo em torno de 400 mil pessoas todo verão e, tendo ido no Carnaval, posso afirmar que embora tudo estivesse bem cheio, os espaços sobre a areia foram ocupados com civilidade, para minha surpresa, e não havia filas nos restaurantes. Mas o trânsito é de desestimular qualquer um – até mais do que os borrachudos!
O que mais impressiona na ilha que faz juz ao nome, além dos borrachudos, é o percental de Mata Atlântica preservada: 85% dos 348km², um feito para um trecho litorâneo tão disputado por empreendimentos imobiliários. A proteção vem a canetada: um decreto estadual de 1977 protegeu nossa mais bonita flora, em boa época, pois foi quando se construiu a Rio-Santos, abrindo caminho para a exploração do litoral paulista.
O relevo também é de encher os olhos: as praias de fácil acesso ficam de frente para o continente e a gente avista os contornos da Serra do Mar entre um gole e outro. Rodando pela avenida principal e olhando para o interior da ilha, as montanhas cobertas de verde também causam impacto e é este relevo que formou as 30 cachoeiras que concorrem como melhor atração na Ilha de São Sebastião.
Como Chegar a Ilhabela
A partir de São Paulo
Para quem sai de São Paulo, é preciso pegar 4 diferentes estradas: a Ayrton Senna e a Carvalho Pinto até São José dos Campos e então a Tamoios até Caraguatatuba, seguindo pela Rio-Santos até o centro de São Sebastião, onde se pega a balsa. A boa notícia é que está prevista para 2021 a conclusão das obras de duplicação da rodovia Tamoios. Com isso, evitaremos o trecho urbano de Caraguatatua, cuja velocidade, sem trânsito, não passa dos 50km/h.
Ônibus partem do Terminal Tietê até a Rodoviária de São Sebastião, a 1 km da balsa, onde você embarca e não paga, desde que esteja a pé.
A partir de outros lugares
Para quem vem do Rio, vai pegar o trecho mais bonito da estrada Rio-Santos até o centro de São Sebastião.
Se você vem de avião, procure voos que pousam no aeroporto de São José dos Campos, o mais próximo de Ilhabela.
Muita gente visita Ilhabela numa parada de navio de cruzeiro. Eu ainda não fiz isso, mas avistei o Rio de Janeiro, Búzios, Salvador e Ilhéus a partir de um navio, confira as dicas sobre cruzeiros aqui no Mulher Casada Viaja.
A travessia para para Ilhabela
Já se falou em construir ponte para facilitar o acesso à ilha, mas moradores e proprietários são contra a ideia – e eu também, mesmo não sendo nem uma coisa ou outra.
A travessia por balsa é rápida e prazerosa (20 minutos) e as saídas acontecem com intervalo de 30 minutos, mas as filas podem chegar a 4 horas em feriados como o de Carnaval.
Cada automóvel paga $19 em dias úteis e R$28,50 aos Sábados, Domingos e feriados. Pedestres e ciclistas têm travessia gratuita na balsa.
Como não queríamos correr o risco de ficar tanto tempo na fila (quem quer?), compramos o agendamento Hora marcada da Dersa, mas acabamos antecipando a ida e não havia trânsito na quinta-feira, ou seja, jogamos dinheiro fora. Nossa volta estava programada para a quinta-feira seguinte, ou seja, não haveria mais filas, então não agendamos a hora marcada. Mas no final do carnaval, o tempo virou e só chovia, então decidimos voltar na terça – e todo mundo também. Resultado: 4 horas de fila! Os preços (salgadinhos) do agendamento estão no link acima.
No final de janeiro de 2019, além da balsa um catamarã passou a realizar a travessia para pedestres e ciclistas para Ilhabela, aumentando a capacidade das balsas em 25% e reduzindo o tempo de espera sensivelmente. Menos tempo para a travessia = mais gente indo. Como será que vai ficar a ilha, que já tem trânsito complicado…
Comércio em Ilhabela e como circular
Falamos aqui da Ilha de São Sebastião, afinal, há outras ilhas que compõem o que chamamos de Ilhabela. A estrada que vai da ponta norte a sul a ilha, voltada para o continente, foi por onde circulamos de carro, indo até o mirante da praia Jabaquara ao norte e até onde acaba o asfalto no Sul da ilha. Atravessam a estrada ruas curtas residenciais ou de condomínios fechados e assusta ver algumas construções dependuradas nos rochedos.
O trecho mais urbano fica entre os arredores do desembarque da balsa (Barra Velha) e o centro (Vila), onde estão concentradas as maiores ofertas de restaurantes, hotéis e pousadas. Perequê oferece bom supermercado (Frade), bancos e farmácias grandes e foi onde ficamos.
O trânsito fica bem pesado nos feriados, e ir ao Centro à noite é ficar no engarrafamento na certa, então se antecipe e vá antes do anoitecer ou bem tarde da noite.
Rodar pela ciclovia de 8 km em frente ao mar, em sua maior parte, é a melhor opção para circular em Ihabela. Se não tiver a sua, alugue uma bike.
Praias de Ilhabela e o que Fazer na capital da vela
Não vou falar das cachoeiras porque não fui a nenhuma (a culpa é dos borrachudos), mas elas certamente são um dos grandes atrativos de Ilhabela.
- visite o pier no Saco da Capela, onde atracam os navios de cruzeiro
- caminhe pela orla: passarela/deck de frente ao mar, duchas para banho, ciclovias; observe as escolas: ônibus escolares novinhos, salas com ar condicionado. Você verá como Ilhabela é bem cuidada se comparada a outros balneários paulistas, talvez fruto da maior fatia de royalties pagos pela Petrobrás, 26%, o que rendeu no primeiro semestre de 2018 R$ 449 milhões ao município. Mas só vivendo lá para opinar sobre serviços públicos. A gente, turista, vê o verniz mas, se adoecer, tem como testar a qualidade do hospital municipal.
Não sei quase nada sobre o projeto Grael, mas uma escola municipal para iniciar crianças no esporte é um grande feito.
- Toque as pedras na Praia do Sino ao caminhar pelo charmoso deck enquano avista as embarcações
- visitar a igreja Nossa Senhora d’Ajuda construída por escravos entre 1697 e 1718 com conchas e óleo de baleia como rejunte para as pedras.
- Caminhe pelas ruas da Vila, compre um souvenir ou biquini nas lojinhas do shopping a céu aberto.
- Mirantes – Há alguns pontos altos aonde se chega sem esforço ou trilhas e como esta foi uma viagem nutellada foi só o que vimos. O mirante (na verdade encoste na estrada, junto do mato cheio de borrachudos) para a Praia Jabaquara foi o mais chatinho de chegar porque a estrada é de terra, mas a vista tem fator UAU, expressão que roubei de Martha Medeiros, que também a roubou, então tá tudo bem.
- Contratar passeios de escuna, jipe, lanchas para cruzar a ilha até Castelhanos, no lado aberto para o oceano, e outras praias de difícil acesso, como a Bonete. Há vários kiosques oferecendo seus serviços, na Vila e nas praias do centro.
- Curtir as praias voltadas para o continente, todas sem ondas e excelentes para quem viaja com crianças. No carnaval de 2018 estavam cheias, mas menos aglomeradas do que outras praias do litoral norte em alta estação.
A de que mais gostei foi a do Julião, praia pequena de frente para uma ilhota até onde se pode mergulhar ou ir de caiaque, como fizemos. O bom foi deixar o carro à sombra no estacionamento do Bar do Julião (leia abaixo) e usufruir do serviço de praia, mas você pode levar seu piquenique e procurar vaga – chegue cedo, antes das 9h, nos feriados.
Outra praia parecida é a das Cabras, que também tem restaurante com serviço de praia e uma ilha em frente, a das Cabras.
A primeira praia em que ficamos foi no cantinho do Saco da Capela, Praia do Pequeá, perto da escola de vela Lars Grael.
Onde Comer em Ilhabela
Fizemos algumas refeições em casa (estávamos hospedados na casa de amigos) e almoçamos petiscos nas praias, mas à noite conhecemos alguns bons restaurantes. Seguem alguns deles:
- Praia do Julião Bar – Tem serviço de praia (cadeira, mesa, guarda-sol e servem na areia), além de um deck de frente para o mar com decoração rústica, onde todo mundo pode comer em trajes de banho. Usamos apenas o serviço da praia, que foi bom. Deixo a foto da entrada, porque pode passar despercebida.
- Almirante – Fica quase no final do asfalto na ponta Sul da ilha. É carinho, mas não mais do que muitos restaurantes sem graça de São Paulo. Ambiente maravilhoso, comida saborosa e vista daquele azul sem barreiras interrompido apenas quando passa um veleiro, uma lancha ou um navio de cruzeiro. Pratos brasileiros e frutos do mar são bem servidos (dá pra dividir), e o serviço foi eficiente e simpático, mas rápido, uma pena – quem quer ir embora com um visiual destes? Se estiver em grupo grande, reserve a mesa redonda envolta por cortinas de voil, um luxo! Só ficamos lá pela cara de pau da minha amiga que disse que se não nos sentássemos ali iríamos embora. O garçom disse que muita gente vai lá pra curtir o pôr do sol e aí só pede uma porção de fritas. Fica a dica.
- Mozzarello – Este fica na Vila, na Rua da Padroeira, e é outro restaurante de ambiente delicioso, com mesas abaixo de árvores que devem ser centenárias. Comemos pizza duas vezes lá, muito boa e atendimento idem.
- Um restaurante mais em conta e com boas avaliações, mas que não passou na minha, porque achei a comida sem graça e na noite em que fomos a atendimento não foi dos melhores é o Pimenta do Cheiro, no Perequê. Tem um salão interno com ar condicionado e outro de frente para o mar, numa varanda, muito lindo. Vá e tire suas próprias conclusões, acho que demos azar.
- uma boa opção para refeições rápidas ou um sorvete é visitar o Ardhentia Shopping (Av. Princesa Isabel, 809, Perequê). Tem esfiharia, temakeria, mexicano, lanches e salgadinhos, sucos, açaí, etc. As mesas ficam ao ar livre, sobre um deck, e no palco há música ao vivo – não é funk nem sertanejo, em geral toca rock, blues… ai, meus deuses, obrigada!
One Ficar em Ilhabela
Eu gostei de ficar no Perequê, pela estrutura e por estar no ponto central da ilha, facilitando o acesso tanto ao Norte quanto ao Sul e já há boas oções de restaurantes por lá. Mas acho que se você encontrar um bom lugar na Vila, vai evitar trânsito para curtir o Carnaval. E, claro, há opções de pousadas longe de tudo! Veja algumas sugestões de hospedagem abaixo:
Diárias entre $210 e $420
Duas pousadas num canto bem sossegado, mas perto de tudo no Perequê são a Bonns Ventos (nota 8.4) e a Vila das Velas (nota 9,2).
Com nota 9,4, o Recanto das Carpas tem decoração clean, mas fica perto da praia e inclui café da manhã.
Ainda no Perequê, tem a Altamira, também com nota 9,4.
Se você quiser ficar bem isolado, aposte na Pousada 8 Ilhas, na praia de Borrifos, ao sul de Ilhabela. Tem nota 9 e jeitão caiçara.
Diárias entre $420 e 850
Pra quem gosta de vista, o Hotel Boutique Ananas é uma boa escolha, mas se você quer esquecer o carro e frequentar a praia do Curral, veja o que Bangalô Yacamim oferece. Ficar na Vila também pode te agradar, então confira a Vila Kebaya
Diárias acima de $850
O TW Guaimbê de nota 9,2 no Booking parece ser maravilhoso! Só conheci sua área de lazer, que fica de frente à praia do Julião, mas babei na decoração dos quartos!
O Porto Pacuíba eu não conheci, mas parece ser uma das boas opções de hotel em Ilhabela.
Carnaval em Ilhabela
Falei do trânsito, das praias, compartilhei muitas dicas, faltou falar da folia em si.
Em nossa primeira noite lá, na quinta-feira antes do carnaval, as escolas de samba apresentaram seus samba-enredos num palco montado na praça em frente à igreja.
Na noite de Sábado ou Domingo, não lembro exatamente, fomos à Vila para ver as escolas de samba. A entrada é gratuita para quem fica pelas calçadas, mas ingressos são vendidos para quem quer se sentar nas arquibancadas cobertas.
Mais divertido é ver a galera chegando para os blocos de rua: as camisetas com mensagens de duplo sentido e temperadas a sexo parecem ser as prediletas (“não sou pavê”, “virei Uber, te pego quando?”, “só o cume interessa”…). Mas há inocência, ainda: fotografei estas duas garotas no auge do surto de Febre Amarela.
Durante o dia tem blocos de rua, também, como o Banho da Doroteia na terça-feira, que acontece na Vila e no Sul da ilha. A ideia é vestir fantasias feitas com papel crepom e ao final do desfile se jogar no mar, que levaria embora as energias ruins.
Quando publiquei este post, a prefeitura de Ilhabela ainda não tinha divulgado a programação do Carnaval 2019, mas anunciou que Anita estará por lá dia 9 de fevereiro. Paa quem gosta, é uma boa oportunidade de visitar Ilhabela e abrir o Carnaval, 3 semanas antes.
24 respostas
Legal saber que tem bloquinhos de rua no Carnaval de Ilhabela, eu amo a ilha e as praias, acho que tem um clima muito bom – até compensa os borrachudos assassinos hjahahaa
Também acho que os borrachudos não sejam impedimento, Ilhabela é uma delícia!
Que dicas boas! Excelente opção para quem não gosta de samba e carnaval de rua. Carnaval em Ilhabela é mesmo uma bela opção.
que lugar incrivel, nao sabia que o mar de ilhabela era tao azul assim! fiquei com vontade de conhecer as cachoeiras, mas vou preparada com repelente e calças e blusas de mangas longas
Sim, o mar é deslumbrante! Boa esta das calças e blusas longas, duro é aguentar o calor. No inverno Ilhabela tem festivais, para atrair turistas.
Nossa, que saudades que bateu agora de Ilha Bela, lembro que quando era moleque acabei indo algumas vezes, mas nunca mais voltei…
Tá longe agora, né, Edson…
Márcia, acho que passar o carnaval em Ilhabela deve ser bom demais!!! Amei sua sugestão! Quem sabe consigo me programar?
A última vez em que tinha ido ao litoral no Carnaval deve ter sido há uns bons 10 anos (fujo sempre pro interior), mas gostei bastante de Ilhabela nesta época, vá sim, Carol.
Muito bacana, Marcia! Estive em Ilha Bela há uns quinze anos, com as crianças pequenas, ainda, então não deu para explorar muito. Suas dicas me inspiraram a voltar! Mesmo com borrachudos, não deixarei de ir a algumas cachoeiras.. Rs. Bjs
Tem muitos lugares que conheci há 15 anos ou mais e ainda não tive chance de voltar. Os borrachudos venceram porque não sou louca por cachoeiras ahaha
Não imaginava que tinha desfile por lá! Que surpresa. O cenário de Ilhabela é realmente lindo demais, porém você falou tanto nos borrachudos que fiquei com medo de ir e ser devorada rsrs Adorei o post, completíssimo!
Olha, a palavra devorada nem é muito exagerada, mas é só não descuidar do repelente que não há problema.
Ma…. eu tenho trauma de Ilha Bela, graças aos malditos borrachudos. Um me picou no pé e eu fiquei com a perna parecendo pata de elefante. Coisa bizarra
Apesar do trauma, fico triste, pois a ilha é realmente linda. E se essas fotos foram feitas durante o carnaval, apenas a balsa para atravessà-la seria um problema.
ps: adorei as frases das camisetas…. hahahahaha
As frases são muito boas, mesmo. Borrachudos são terríveis. Na nossa chácara eles vivem no campinho de futebol e o Álvaro já teve que levar várias pessoas ao PS de São Roque pra tomar antiinflamatório porque incha de uma forma impressionante.
A fama chegou até ai?
hahahahahahaha
Chegou lá em Salvador, mas acho que o marido da Ana é que levou!
Eu nesse frio, sonhando com uma praia como a de Ilhabela, eu ainda não conheço, mas me agrada muito o litoral de São Paulo! Quero muito conhecer!
Vá, sim, Flávia, Ilhabela é muito bonita, charmosa e agradável.
Eu sempre tive vontade de conhecer Ilhabela; Cheguei bem perto uma vez, mas não atravessei. Fiquei tão feliz em saber que a mata Atlântica anda sendo preservada por lá, um lugar tão disputado!! Que dure!
Gostaria de fazer um treino de corrida aí com este visual lindo, ali, onde tem a ciclovia, vi um calçadão. Viu alguém correndo no carnaval ou todo mundo estava só na folia?! Curti a ideia do Almirante e das praias sem onda! Valeu saber mais sobre o carnaval de Ilhabela e onde ficar por lá, além claro, do que fazer!
bj
Em tempo: estes borrachudos de Ilhabela são é famosos! 🙂
Acho a Serra do Mar uma floresta linda, não me canso de ficar encantada toda vez que a descemos. Faça uma forcinha pra ir, Ana, você vai adorar correr pela orla.
Adorei as dicas dos restaurantes e hospedagens, sempre desejei conhecer, mas confesso que no Carnaval não me atrai tanto e os borrachudos me deram uma desanimada.
Mas que este destino é maravilhoso, isto é! Suas fotos não deixam mentir! Beijo.
Gisele, os borrachudos são os guardiões de Ilhabela! Não fossem eles, o Carnaval teria sido bem mais muvucado. obrigada pela visita, bj