Pelicanos sobre estacas num mar verde Atlântico-Golfo. Sol que se põe no mar em pleno Leste norte-americano. Uma estrada de 200 km sobre esses mares para unir as ilhas, chamadas keys, ao continente. Vistas deslumbrantes, tesouros escondidos e o destino final: a mais famosa das Keys: Key West. Não bastasse, fica na Flórida!
Meu imaginário guardou por anos essas referências e em fevereiro de 2014 elas deixaram de ser especulativas para se tornarem lembranças mais concretas, com cheiros, sons, sabores, experiências e novas imagens. Durante o planejamento, fiz questão de não procurar por muitas fotos ou descrições da ilha na Internet, pois queria ser surpreendida, tal qual fazíamos antigamente quando viajávamos, antes do www e dos blogs de viagem. E não é que deu certo?!
Assim que chegamos à região mais antiga de Key West, logo depois de ver “o ponto mais ao Sul dos Estados Unidos”, que fica no final da… bem, South Street (tinha fila para fotografar a “boia” de concreto com essa inscrição – passei), caminhamos para a Duval Street, a rua principal da ilha, onde galos caminhavam tranquilamente sobre carros estacionados e pela rua. Bem-vindos a Key West!
Esse clima interiorano com notas caribenhas aparece também nos jardins, nas casas de madeira com varandinha (tão bem definida no inglês porch), no bate-papo gostoso e despretensioso de muitos lojistas, que deixaram suas cidades ou países depois de conhecer esse pedaço dos Estados Unidos que teima em não ser Estados Unidos e continua peculiar e tão diferente de qualquer outro lugar.
À noite os galos somem, mas o que se vê na Duval St. é tão inusitado quanto. Drag queens, músicos vestidos de Darth Vader ou de outra coisa qualquer, garotas em pernas de pau, “meninos” de sungas provocantes, tudo junto e misturado a famílias que passeiam de bicicleta, casais enamorados, turistas que enchem os bares e restaurantes. Esses mesmos visitantes parecem abraçar a tolerância presente em Key West, que já foi um importante destino gay, talvez por isso. Ou porque é um destino quente, de férias, que parece estar sempre em festa.
Embora a Duval St. seja agitada, o clima é de segurança e tranquilidade. De dar inveja, sabe? É diferente da agitação da Ocean Drive de Miami, que mais parece desfile de passarela. E é diferente da badalação de cidades praianas do Brasil. Em Key West, nobody seems to give a damn.
Você se lembra que está nos Estados Unidos quando vê os turísticos trenzinhos/jardineiras pela cidade, ou melhor quando vê as pessoas que estão neles (brancas avermelhadas pelo sol, bermuda e meias 3/4, acima do peso e com alguma espécie de chapéu). Ou quando vai visitar uma casa-museu e o guia soa igualzinho ao Tom Hanks. O ar interiorano também desaparece quando nos aproximamos do porto e vemos os grandes transatlânticos ancorados, que desembarcam visitantes ávidos por sugar o lugar em algumas horas.
Se você quiser conhecer Key West pelos olhos de quem faz cruzeiro, confira os posts Cruzeiro Disney Wonder em Key West, do blog Cantinho de Ná.
No meio da agitação da Duval St., tem uma igreja católica. Tem uma igreja católica no meio da Duval St. E já que Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. O padre saiu e abençoou os passantes com cinzas (era quarta-feira de cinzas) na calçada em frente à sua igreja. Só em Key West! Vá e tenho certeza que você também terá muitas histórias para contar.
E por falar em histórias, em nossa viagem de volta, almoçávamos em Islamorada, no Wahoo’s Bar&Grill, quando a atendente nos informou que havia aviso de possível tornado ao sul de Miami. Nossa, que emoção! Já pensou ter uma história dessas para contar? Conversamos com outros turistas que também não sabiam o que fazer (o pessoal da Flórida tratava do assunto como se fosse a coisa mais trivial), ficamos ligados no site do aeroporto de Miami (que estava fechado), no noticiário da TV local, “should I stay or should I go?”, eu torcendo pra pegar um tornadozinho… de repente o status mudou para tempestade. Seguimos viagem, com o vento empurrando a lateral do carro na estada suspensa sobre o mar e muitas árvores caídas e trânsito caótico para nos receber em Miami, a caminho do aeroporto. Bye-bye, Florida. When will I see you again?
Abaixo, dicas práticas para te ajudar a organizar sua viagem a Key West:
Onde Fica Key West
Distante 240 km de Miami e a apenas 144 km de Cuba (nesse trecho não tem ponte, mas Hemingway aproveitou essa pouca distância para pescar e se perder na vizinha socialista), Key West fica no sul da Flórida.
Como chegar a Key West
Pela Overseas Highway, na Route 1 (US 1). Você vai passar por várias outras ilhas e vale a pena uma paradinha aqui e ali para uma foto ou para curtir, dependendo de sua disponibilidade. A maior parte do percurso é em estrada de 2 faixas sentido sul e duas sentido norte. Há muitas motos, mas elas não andam entre as faixas (incrível!). A sinalização é boa e não há pedágios. Em algumas ilhas há comércio e restaurantes à beira da estrada. O trecho mais emocionante é o chamado The Seven Mile Bridge, o mais longo sobre o mar, com 11 quilômetros de extensão.
Leia as dicas de pedágio, combustível, estradas em Dirigindo na Flórida
Onde Ficar em Key West
Escolhi um hotel por causa da área de piscina para minha filha, que prefere água doce a salgada. No fim, não usamos a praia nem a piscina! A água estava fria (ainda era inverno) embora a temperatura estivesse agradável. Se você viaja em casal, vale a pena ficar em um B&B, naquelas casinhas lindas, com jardim e com a possibilidade de seu anfitrião contar várias histórias sobre a ilha.
No post sobre hospedagem na Flórida eu descrevo nosso hotel e seus serviços. Dá uma olhadinha lá. Faça também pesquisa de preços deste e de outros hoteis em Key West através do site de reservas Booking.com, nosso parceiro.
Quanto tempo ficar em Key West
Em três dias dá para conhecer bem a cidade e passar rapidamente pelas outras Keys. Mas se quiser fazer mergulho, snorkel, pescar ou praticar esportes aquáticos, reserve uma semana.
Como circular em Key West
Se estiver hospedado no centro, dá pra fazer tudo a pé. Se estiver de carro, estacione nas ruas próximas à Duval St. (parquímetros) ou em estacionamentos privados.
Por ser tranquila e plana, alugar bicicletas é opção de muita gente, mas a cidade dispõe de trenzinhos do tipo jardineira com guia, que passa pelos pontos turísticos.
Compras em Key West
Há várias galerias de arte, lojas com objetos de decoração, charutos (cubanos?), joalherias, perfumarias e as onipresentes lojas de lembrancinhas do tipo concha-camiseta-ímã. Nada de outlets.
Preços médios (em dólares, em fevereiro de 2014)
– passeio na jardineira: 30 para adultos. Grátis para menores de 12 anos.
– entrada para o aquário de Key West: 35
– passeio de barco para snorkeling com duração de 2h30: 40
– passeio de barco para observação de golfinhos e snorkeling: 70
– entrada para Museu Ernest Hemingway: 13
– refeição para casal em restaurante: 70
– refeição para casal em lanchonete: 40
– refrigerante: 2
– cerveja long neck: 4
– taça de vinho Malbec: 8
A Gisele do blog Viajei Bonito fez um post inteirinho com Gastos para um Final de Semana em Key West, confira.
O que Fazer em Key West
- Antes de chegar, curta a US 1 e faça várias paradas nas Keys. Siga sua intuição e se achar que tem algo legal naquela ruela, entre.
- Embarcar no ferry até Dry Tortugas, uma ilha a 112 km da costa de Key West onde fica um antigo Forte (Jefferson). Além de aprender sobre história, é um local legal para fazer snorkeling. Pode-se chegar de avião.
- Se tiver coragem, veja as Keys do alto a bordo de um bimotor. Deve ser overwhelming!
- Curtir as praias locais. Essa parte me decepcionou um pouco, pois eu estava esperando algo bem caribenho, mas as praias públicas são ou pequenas ou sem muitos atrativos se comparadas às brasileiras. Li em algum lugar que a areia de todas as praias foi importada de Cuba! Eu só conheci a Smathers, que tem aluguel de cadeiras e de equipamentos para prática de esportes. A Dog Beach é uma praia, olha que fofo, para os cães. A Higgs também tem estrutura (duchas, quiosques) e mar bem calminho, sem ondas. A South é bem pequena, o que desestimula.
Se quiser pegar praia boa, bonita e com estrutura, pare na Bahia Honda State Park, na Big Pine Key, logo depois da Seven-mile Bridge (você vai saber qual ponte é, pois não acaba nunca a paisagem de mar dos dois lados) É preciso pagar 8 dólares por carro. Saiba mais clicando aqui. - City Tour no Conch Tour Train ou no Old Town Trolley.
- visitar o Lighthouse Museum, o museu do Farol.
- Passear pelos acrobatas, engolidores de fogo e barraquinhas da Mallory Square e assistir ao pôr-do-sol, que é um acontecimento, as pessoas literalmente correm para não perdê-lo. Pesquise o horário que o sol se põe para não perder. Não é lá tão legal quanto ao de Jericoacoara (CE), mas é legal.
- Subir e descer a Duval Street. De dia e de noite.
- Ernest Hemingway Home & Museum. O escritor viveu na ilha por 8 anos e sua antiga residência recebe visitantes.
- Key West Aquarium. Pegue informações aqui.
- todo mundo vai ao Sloppy Joe’s, bar dos tempos de Hemingway e com uma história muito longa para um post como este.
O que comer/beber em Key West
Hambúrgueres não podiam faltar, mas aproveite para degustar frutos do mar. Não volte sem comer uma fatia da Key Lime Pie, uma torta de limão menos doce do que as brasileiras.
Leia sobre os restaurantes onde comemos aqui no blog, em post próprio sobre a Flórida.
Outras Dicas
Vá sem pressa curtindo o visual. Chegar a Key West é tão importante quanto estar chegando em Key West.
Faça paradas nas outras Keys para ver as casas, as vistas do mar. Se quiser mergulhar, aprendi que é melhor fazer isso em Key Largo, a key mais próxima do continente.
Se possível, alugue um conversível para curtir ainda mais a paisagem. Se estiver indo a partir de Miami, convença o hotel a guardar suas malas, pois o porta-malas de carros conversíveis é pequeno.
Hotéis disponibilizam gratuitamente uma revista chamada See Key West, que tem mapa da cidade, dá dicas turísticas e bazinga! cupons de desconto para compras, refeições e passeios.
Perguntinhas sobre Key West, pode mandar nos comentários que terei prazer em ajudar.
Respostas de 8
Olá, adorei seu post sobre key west. Vou à Miami em outubro deste ano e quero muito visitar key west principalmente pela estrada sobre o mar que me deixou encantada. Mas tenho medo de pegar furacões e quando vi seu comentário sobre isso, fiquei ainda mais apreensiva. Você acha arriscado ? Grata Leila
Oi, Leila, obrigada pelo feedback! O período de furacões vai do início de junho ao fim de novembro, ou seja, quantos e quantos brasileiros vão à Flórida nesta época! Eu não deixaria de viajar por ser temporada de furacões. Estando lá, é só ficar de olho na previsão do tempo. Uma dica é fazer reserva de hotel pelo Booking.com, que permite cancelamento gratuito poucos dias antes do check in. Vá e curta as Keys e, se tiver uma tempestade, você terá uma bela história para contar! abraços!
Oi Marcia, adorei seu post, esbarrei por acaso no seu site depois de olhar o Viaje na Viagem. Vou em início de fevereiro de 2016, a água do mar é muito fria?
Oi Virginia, bem vinda ao blog! Fevereiro é inverno lá, então a água não é agradável como a do Nordeste brasileiro, mas meu marido e filha entraram numa boa. Eu só molhei os pés rs pois pra mim nao pode ter choque ao entrar na água.