Venha conhecer o castelo Amboise, localizado na simpática cidade de mesmo nome, no Vale do Loire, que além da função de fortaleza serviu como o castelo-berço da realeza.
Se você conhece um pouquinho da história da Inglaterra e da França, sabe que ela sempre foi entrelaçada e isso fica muito evidente quando se visitam os castelos da região do Loire. Para mim, que li uma coleção de romances sobre os reis da França e da Inglaterra, entrar nesses castelos foi como visitar a casa de um velho conhecido (livros têm esse poder maravilhoso)! E Amboise é muito especial, pois o castelo era tido como o kindergarten, a educação infantil dos filhos de gerações de reis. E então a gente (eu, pelo menos) viaja! Fiquei imaginando as crianças correndo pelos generosos jardins, brincando, aprendendo sobre as artes da guerra, separadas dos pais e aos cuidados de um tutor. Algumas coisas não mudaram muito na educação…
O Castelo Real de Amboise
Centro do poder na Renascença, o castelo de Amboise foi palco de inúmeros eventos políticos, nascimentos, batizados, casamentos aristocráticos, conspirações e tratados de paz. Não encontrei o porquê da escolha de Amboise para criar os filhos reais, mas visitando alguns outros castelos percebi que este parece oferecer uma proteção maior, pelo ponto estratégico em que foi construído, à beira do rio Loire, mas também pela sua altura e pela limitação de seus jardins – não que sejam pequenos, mas os limites do castelo são muito claros, diferente de outros tantos que já não possuem mais suas muralhas. Mas isso é fruto de minha observação, não sei se faz sentido.
Na Idade Média, a fortificação existente onde hoje se ergue o castelo era disputada entre o Duque de Anjou e o Conde de Blois e em 1214 foi tomada pelo rei francês Felipe Augusto, entre tantas outras disputas (quando você visitar o museu, receberá um panfleto com muitas explicações sobre a história local). Mas as obras para transformar a fortificação em um castelo só começariam mais tarde, quando o rei Carlos VIII decidiu levar a corte francesa para Amboise.
Após várias batalhas para tentar dominar a região de Nápoles na Itália, o rei retorna a Amboise com vários artistas italianos. Isso explica porque há tanta influência italiana nos jardins e na arquitetura francesa!
A Capela St. Hubert e o túmulo de Leonardo da Vinci
Leonardo da Vinci chegou a Amboise em 1516, aos 64 anos de idade, já consagrado por sua obra em cidades italianas como Florença, Milão, Veneza, Roma e Bolonha. O rei Françoi I lhe cedeu o Manoir du Cloux, hoje conhecido como Clos Lucé (leia abaixo), além da pensão anual de 700 coroas. A poucos dias de sua morte, em 1519, Leonardo ditou seu testamento, pedindo que fosse enterrado na igreja St Florentin. Em 1810 a construção foi demolida e a ossada de Leonardo da Vinci encontrada em 1863. O local hoje é marcado pelo busto do Mestre. Em 1871, seus ossos foram transferidos para a Capela St. Hubert, que fica nos domínios do castelo de Amboise.
Os Reis, Grandes Viajantes
Olha o que eu e você, que gostamos de viajar, temos em comum com a realeza: os reis eram nômades, viajavam em campanhas militares ou para manter seus domínios (sem contar quando partiam em Cruzadas para expiar seus pecados). Carlos VIII, por exemplo, passou mais de 8 mil dias, dos aproximados 11 mil de seu reinado viajando.
Como visitar o Castelo de Amboise
Não tem como errar! Ele é avistado da estrada às margens do Loire. Você cruza a ponte e pode estacionar à beira do rio ou nas vagas abaixo das muralhas do castelo, à frente ou atrás (onde há vários restaurantes).
Abre o ano todo às 9h, exceto em 25 de dez e 1 de janeiro, quando fecha. O horário de fechamento varia e em algumas épocas fecha para almoço. Confira no site oficial mais detalhes
A Cidade de Amboise
Quando escolhi Amboise para ser a cidade-base de nossa curta exploração do Vale do Rio Loire, levei em consideração principalmente a localização, mas o fato de ser uma cidade pequena também pesou bastante. Esta decisão facilita sua vida no entrar e sair da cidade para visitar os demais castelos da região. Também acho mais charmoso ficar em cidadezinhas do que em uma maior como Tours. Claro que isso levando-se em consideração o fato de eu não ser baladeira e preferir aproveitar os dias, deixando as noites para o descanso merecido do turista cansado e o fato de estarmos de carro. Quem vai de trem provavelmente fica em Tours e contrata excursões.
Clos Lucé, muito mais de Leonardo da Vinci
A 400 metros do Castelo, Amboise tem outra atração tão visitada quanto: a antiga morada de Leonardo da Vinci, o Chateau de Clos Lucé. Não se trata apenas de uma mansão com mobília de época, mas de um parque-museu, com desenhos e pinturas e, o mais legal, maquetes das invenções pensadas por esse gênio.
Quem fez uma visita por lá foi a Adriana do blog Atravessar Fronteiras: Clos Luce: a Última Casa de Leonardo da Vinci.
Onde Ficar em Almboise
Como eu contei no post Vale do Loire e seus Castelos, sempre imaginei me hospedar em um chateau no dia em que eu fosse à região, mas diversos motivos me desestimularam: custo, impessoalidade da ambientação dos quartos (afinal, se é pra ficar num castelo, eu esperava no mínimo uma cama com dossel), distância das cidades, o que nos obrigaria a jantar no castelo, o que eu imaginava ser caro. No final, o custo falou mais alto e acabei me encantando com um Bed & Breakfast, instalado num edifício histórico restaurando com estilo clássico mantido.
Como não falo francês, escolhi o Les Fleurons, cujos proprietários são ingleses e estão há anos vivendo na França. Não que seja imprescindível falar a mesma língua que seu host, mas você vai tirar muito mais proveito desse tipo de hospedagem se conseguir se comunicar, pela troca de experiências entre os hóspedes (o café da manhã é servido em uma mesa única, como num almoço de domingo entre família!) e pelas informações dos proprietários.
O blog Mulher Casada Viaja mantém parceria com o site de busca e reserva de hotéis Booking.com, que tem fotos, avaliações de hóspedes, é seguro, fácil de navegar (em Português), oferece visualização de suas reservas futuras e passadas e, claro, sempre usei e nunca tive problemas. Tudo isso me deu segurança para a parceria e para indicar a vocês. Em troca, o Booking oferece uma comissão para cada reserva realizada através de do blog (é só clicar no link acima), sem que você pague nada a mais por isso. É uma forma simpática de contribuir com quem se dedica a escrever e compartilhar mais do que dicas, mas sonhos de viagem.
Restaurantes
Fizemos apenas duas refeições em Amboise, ambas na rua da entrada do Castelo, nos restaurantes Via Roma e La Reserve. As mesas na calçada são estilo bistrô parisiente, tão coladas umas nas outras (eu e meu vizinho contamos quatro dedos!) que é um convite a bate papo com outros viajantes. Talvez por causa disso não tenha prestado tanta atenção à comida, entregando-me ao papo com um casal americano distante 4 dedos. O atendimento é rápido para os padrões de cidade pequena. O Inglês não é dominado por todos atendentes, mas tem sempre um na casa que resolve a questão. O café da manhã foi servido no B&B, logicamente, e era bem caprichado.
Atenção para o horário das refeições em cidades pequenas, que é bem restrito. Depois das 14h já não servem almoço e nem pense em jantar depois das 20h.
Uma outra dica é deixar a sobremesa por conta do Bigot, uma doçaria que fica na rua do castelo e aparece em uma das fotos acima.
Veja mais sobre o B&B e meu roteiro pelo Vale do Loire neste post e receba dicas de guiar na França neste.
Respostas de 5
Estamos sentados no Via Roma em Ambrose e acabei de conhecer seu site . Lemos o primeiro post e amei a forma como vc escreve . Escrevo só para agradecer e a noite no quarto leremos mais suas dicas . Merci
Um comentário assim salva o dia. Direto da França, de um lugar tão especial, então…
Obrigada por dedicar 1 minuto de sua viagem para escrever, adorei! Aproveite bastante e se tiver alguma dica legal, me escreva!