Eu nunca tinha ouvido falar em Val di Funes, nas Montanhas Dolomitas, cujo cartão postal e incansavelmente instagramável igrejinha San Giovanni contribuiu para que Funes entrasse no roteiro de muita gente pelas belíssimas Montanhas Dolomitas. Saiba aqui como chegar, onde comer e outras dicas práticas, mas principalmente, inspire-se no meu relato. E vá, o melhor adjetivo para definir as Dolomitas é divino.
Val di Funes: um sonho realizado
Esse sonho não é meu, tomei emprestado! Durante o planejamento de minha primeira (claro que tive que voltar e espero poder voltar quantas vezes puder) viagem às Dolomitas, em 2016, li vários posts, a maioria em Inglês, pois os blogs brasileiros que encontrei a respeito, além de escassos, traziam poucas informações práticas. Entretanto, de um deles eu gostei por causa da história: a viajante havia visto uma imagem das Dolomitas no Google, mas não sabia onde ficava especificamente aquela igrejinha no vale verde emoldurado por picos de agulha esbranquiçados pela neve. Até que um dia seu marido traz a informação de que se tratava de Val di Funes, onde eles registram a própria foto no mesmo ponto da imagem típica de calendário. Se você quiser, leia o roteiro e o relato deles no blog Felipe o Pequeno Viajante.
Val di Funes no meu roteiro
E Funes entrou na minha rota também, e gulosa que sou, quis passar a noite aos pés daquelas montanhas, na pousada Sass Rigais, com a vista da foto que abre este post.
Como tomei o sonho emprestado, achei que o céu azul viesse junto, sqn! Funes foi a parada final de nosso segundo dia nas Dolomitas, quando dirigimos desde o Lago Misurina sob chuva e frio de final de primavera. Frustrante, pois não conseguimos fazer muitas paradas por causa da chuva e deixamos de subir por teleférico a alguns picos com vistas espetaculares em dias claros.
Apesar da curta distância entre o Lago Misurina e a região Val di Funes – cerca de 130 km com alguns desvios, uns voluntários, outros nem tanto (sim, erramos algumas entradas e nos perdemos feio), o cansaço por dirigir em estradas sempre sinuosas e estreitas e a chuva constante geraram uma tensão que só acabou quando deitei na cama e dormi.
No dia seguinte, como criança que espera o dia do aniversário pra abrir o presente, puxei a cortina do quarto e vi o céu azul. Agarrei a câmera, saí pelo corredor de meias e abri uma janelinha. Um pouco de luz brilhou não só sobre as montanhas, mas em mim. Que privilégio ter esta como a primeira visão do dia! Fiz a foto dos meus pés com as montanhas ao fundo (adoro selfeet!), peguei umas frutas secas e fui passear no meu parque de diversões.
As trilhas estão praticamente no quintal da pousada, mas como há muitos pinheiros, quase não se veem as montanhas. São bem sinalizadas e cuidadas e têm canaletas de madeira para escoamento da água, evitando erosão. Fiz apenas o trecho dentro da floresta, pois não haveria tempo para mais nada.
Mesmo curto, o passeio foi prazeroso. A luz do sol evaporava a umidade deixada pelo dia anterior e dava pra ver a fumacinha saindo dos gramados e cercas. O frio da manhã deixou meus dedos quase congelados, e depois disso aprendi a sempre andar com um par de luvas no Alpes, mesmo no verão.
Os trilheiros e bikers só começaram a chegar quando eu voltava para a pousada para o café da manhã. Depois disso, posamos para uma foto e seguimos para Alpe di Siusi, um lugar tão lindo que parece o paraíso na Terra.
Para ajudar no seu plano de viagem, leia os posts sobre as Montanhas Dolomitas e cidades próximas, como Bolzano e Trento
O que fazer em Val di Funes
Fotografar a igreja San Giovanni, em Santa Madalena
Quem tem pouco tempo, acaba apenas avistando e fotografando a Igrejinha San Giovanni a Ranui, em Santa Madalena. Construída em estilo barroco em 1744, tem em seu interior (que não consegui visitar em nenhuma das vezes) pinturas do século 18, mas é seu exterior que atrai as pequenas multidões.
Em 2016, era possível se aproximar dela, não havia cercas (quer dizer, havia, mas era um convite a pular) ou cobrança de taxa, que hoje é feita a 4 euros.
Por outro lado, na nossa visita de 2019 haviam construído uma cerca de madeira alta, mas também uma plataforma para que as pessoas pudessem fotografar um dos pontos mais registrados das Dolomitas. Há dois estacionamentos – o P1 é o mais próximo.
seguir os passos da blogueira que vos fala, vale a pena!
Depois de fotografar a igreja, suba a ladeirinha à direita, do outro lado da rua (veja mapa abaixo), e vá tomar uma cerveja ou matar sua fome na Zanser Schwaigede, cabana-restaurante vizinha da pousada Sass Rigais. Como fica dentro da área do parque, dependendo da época do ano e do horário haverá cobrança do estacionamento, de 5 euros.
fazer trilhas a pé ou em bike
Para quem vai passar a noite na região e tem tempo e disposição, pode fazer uma das trilhas mais bonitas das Dolomitas, a Adolf Munkel. Numerada 6, 35 e 28, trata-se de uma trilha circular de dificuldade intermediária, com 9 km. Para mais detalhes, leia o ótimo site Outdoor Active. Mas é claro que há trilhas mais curtas, de 50 minutos, como comprova a foto abaixo:
Como Chegar a Funes, nas Dolomitas
Val di Funes ou Villnöss tem apenas 80 quilômetros quadrados e é formado por vilarejos alpinos: San Pietro, Tiso, San Valentino, San Giacomo, Santa Madalena e Colle. E se você estiver achando o local a cara da Áustria ou da Suíça, há um motivo: além de ficar nos Alpes, a região conhecida como Sul do Tirol não pertencia à Itália até o final da Primeira Guerra Mundial e lá se fala, além do italiano, alemão e ladino.
A cidade grande mais próxima é Bolzano, servida por trem da Trenitalia.
O ideal é alugar um carro para chegar a Funes e rodar pelas Montanhas Dolomitas. Confira os preços e condições da RentCars.
A autoestrada 22 é o modo mais rápido de chegar a Funes a partir de Bolzano, mas se você tiver tempo, use as estradas secundárias (de iniciais SS), pois só assim terá a ideia do que é dirigir em paisagens estonteantes.
Para te ajudar, escrevi Dirigindo na Itália, com várias dicas práticas, e Roadtrip na Itália: a Grande Estrada das Dolomitas, onde aponto as principais paradas e atrações desta histórica estrada.
Caso viaje de transporte público, confira o mapa da rede de transporte coletivo que serve a região, caso voce esteja sem carro:
Onde Ficar para Conhecer Val di Funes
Em 2016 viajei com uma amiga e ficamos na Pension Sass Rigais, nos limites do Parco Naturale Puez Odle, local protegido pela Unesco, numa rua sem saída, porque é o mais perto que se consegue chegar das montanhas Furchetta, estas belezinhas que fazem parte das Montanhas Dolomitas.
A pousada era administrada por um casal e seus dois filhos pequenos. Achei tudo muito limpo e organizado, principalmente os banheiros, que davam a impressão que eu estava dormindo na casa da vó: tapetinhos artesanais, cortina floral na janela, vasinho na pia… O quarto era simples, com um lavatório apenas, então usamos um dos 4 banheiros compartilhados no corredor. Sair do banheiro vestindo pijamas pra ir dormir também deu a impressão de estar na casa da avó do século 20.
O café da manhã e o jantar estavam inclusos em nossa estadia e era típico italiano: uma entrada composta por salada e 2 pedaços de pizza, uma carne com ares gourmet (não aguentei comer, muita comida!) e uma sobremesa.
O aquecedor central estava desligado e descobrir o motivo foi uma aventura, pois fora a proprietária que falava inglês, os demais só falavam alemão. Bem, era primavera, não se ligam aquecedores, mas o edredom era tão quente e o isolamento térmico tão bem feito que não sentimos frio. O café da manhã era bem servido e duas coisas me chamaram à atenção no restaurante: o fato de terem orquídeas nas janelas e cortinas – eles se cansam da vista?
Em 2019, quando voltei às Dolomitas com meu marido, soube que a pousada havia fechado, que pena para eles e para nós. Nesta viagem de 2019 visitamos Val di Funes no final de uma tarde, apenas, pois montamos base em Ortisei, ali pertinho, com restaurantes e comércio e fácil acesso a Alpe di Siusi, uma experiência bem diferente, mas igualmente prazerosa. Ficamos no B&B Villa Angelino, maravilhoso! Mas tem várias sugestões de hospedagem em Ortisei.
Se preferir ficar em Val di Funes confira as pousadas e apartamentos em Val di Funes no site que uso para fazer minhas reservas, o Booking.com.
Vale a pena ir a Val di Funes?
Bem, as Dolomitas têm paisagens de tirar o fôlego, assim como este cantinho, mas é um caminho grandinho para apenas tirar uma foto de uma igrejinha com um fundo deslumbrante. Leia os demais posts sobre as Montanhas Dolomitas e se tiver pouco tempo faça suas escolhas. om planejamento!
Respostas de 29
Márcia, que lugar incrível este vale de Funes nas Montanhas Dolomitas. Confesso que nunca tinha ouvido falar, mas depois deste post fiquei louca pra conhecer! Obrigada por compartilhar estas dicas
Toda esta região é linda, Suriàn, vai acompanhando os demais posts e você não resistirá.
Nossa também não conhecia vale de Funes, estou encantada por essa paisagem,, quero conhecer ao vivo!!