Este post faz é a primeira parte de uma série que dá dicas sobre Paris e descreve o roteiro de dois dias completos e dois parciais em Paris, em maio/2015.
Paris me dá uma emoção enorme. Nunca será igual à primeira vez, já me conformei. É assim com você também? Deus, São Pedro ou a sorte têm sido legais comigo e minhas primeiras vezes em cada lugar que visito (com exceção de Amsterdam, gente como choveu!) têm sido perfeitas. Afinal, quem acreditaria que tocava no rádio ? If you’re going to San Franscisco, be sure to wear some flowers in your hair. ? enquanto cruzávamos uma ponte para chegar à cidade californiana? Às vezes as segundas e terceiras também são muito boas, mas mesmo assim eu me perguntava se uma vez seria pouco, se duas vezes seria a medida e se três vezes não seriam demais. Agora sei que em se tratando de Paris uma vida é pouco!
Uma vida é pouco quando se trata de viajar e de conhecer Paris. Nesta terceira vez, a princípio Paris não me encantou e achei que o ditado se faria valer. Então comecei a andar a esmo, sem objetivo, e lá estava ela: a Paris que conquista. É como ver uma foto: na primeira vista, seus olhos são direcionados ao motivo principal. Depois, com tempo e atenção, você observa os detalhes do entorno, que compõem a paisagem. Na foto abaixo, por exemplo, me encantam os telhados e suas chaminés tanto quanto a Academia Francesa e a Ponte das Artes. Aliás, que dor no coração ver tapumes sobre os cadeados presos ao guard rail…
E gostei de vagar pelas ruas sem destino e sem pressa, de achar beleza nos coadjuvantes muitas vezes ausentes das listas must-see. Mas nesta viagem também refiz os protagonistas – e com muita satisfação! Adorei rever a Torre, entrar na Notre Dame e navegar pelo Sena.
Planejamento
A primeira decisão foi definir o roteiro para os 2 dias inteiros e 2 dias parciais, os da chegada e da partida. Para estar perto de tudo e aproveitar melhor o tempo, escolhemos um hotel a uma quadra da Notre Dame e a passos da estação de metrô e trem RER. Quanto às atrações, deixei de lado as mais distantes, como Sacre Couer ou bate-voltas. Entrou na lista o Louvre porque eu não o tinha visitado na última vez em Paris, a Notre Dame, a Saint Chapelle, a Ópera de Paris, os Jardins de Luxemburgo. Ah, e a Torre, claro.
Para evitar filas, comprei ingressos pela Internet para a Igreja Sainte Chapelle (mas não precisaria, pois a fila era bem curtinha) e para subir ao segundo andar da Torre Eiffel. Comprar ingresso para a Torre no site oficial é o mesmo que agendar consulta no SUS pela Internet. Ou seja, impossível. Então comprei uma excursão de 4 horas (a € 62) na Paris CityVision que incluiu:
– tour em ônibus, com áudio gravado e disponível em várias línguas, pelos principais pontos de Paris: Opera, Pantheon, Jardins de Luxemburgo, Orsay, Concórdia, Champs Elysee, Arco do Triunfo, Invalides;
– cruzeiro no Sena;
– entrada SEM FILA para o segundo andar da Torre Eiffel.
Para quem vai a vários museus, talvez justifique comprar o Paris Pass (€45 por 48 horas), que inclui entrada em mais de 60 deles e em vários monumentos. Confira antes as atrações gratuitas e o custo de entrada dos museus que você efetivamente quer visitar, para calcular se vale mesmo a pena.
Chegando
Voamos pela TAM sem escalas e o processo de desembarque, imigração, retirada de bagagens levou cerca de uma hora.
Tomamos um taxi no ponto “oficial” do aeroporto. O taxista era um senhor marroquino e nossa conversa parecia de louco! Eu falava algo em Inglês, ele entendia o que queria e respondia algo que eu tentava adivinhar. Dirigia muito mais devagar que os demais carros. Isso, somado ao trânsito, subtraiu mais uma hora em nossa Paris. Mas já foi um city tour! Passamos pela Ópera de Paris, pelo shopping Printemps (que estava lindo com decoração para o dia das mães), Louvre, Saint Germain, Jardins de Luxemburgo e finalmente chegamos ao Boulevard Saint Michel, nosso lar (muvucado) nas próximas três noites. O taxímetro marcou €60 e houve cobrança de €5 pelas malas, prática comum na Europa. O valor médio segundo me informaram no aeroporto é de €50, mas o site que calcula a tarifa havia informado €70, então estamos na média!
Dica para o taxi: pergunte ao monitor ou supervisor que direciona os passageiros aos taxis qual taxista fala uma língua que você compreenda. Uma hora com o Marroquino foi cruel! rsrsrs
Hotel: Royal Saint Michel
A localização é excelente: a uma quadra da Notre Dame, quase em frente à fonte do Boulevard Saint Michel, a passos do Rio Sena, do metrô e do miolo da rue de la Huchette, onde os turistas vão saciar sua fome a preços módicos e com oferta culinária de países como Japão, Índia, Grécia, Itália, México… Aliás, esse entorno merecia um post só para ele, tão curioso é!
O elevador era daqueles que cabem duas pessoas que se amam e que não têm mau hálito e mantêm sua higiene em ordem. Acabei usando as escadas todas as vezes, para não ter que esperar o elevador. Afinal, o que são alguns andares para quem anda o dia todo, não é mesmo? A entrada é um corredor onde fica a recepção e no final desse corredor se abrem duas pequenas salas de estar. O café da manhã é servido no primeiro andar, mas como não estava incluso em nossa diária, não posso opinar. Mas acho que vale a pena pegar uma tarifa sem café para você vivenciar o café onde quiser, numa mesa na calçada, olhando a vida passar.
Um detalhe importante que me ajudou a decidir quanto ao hotel é que ele tem janelas duplas, eficientes para deixar o barulho do Blvd St Michel lá fora. O banheiro era pequeno, mas bem equipado e com boa ducha.
Não gostei do atendimento. Achei frio e impessoal demais, mesmo para padrões europeus. E quando precisei de ajuda na primeira noite para usar o wifi, incluso na diária, o funcionário não conseguiu me orientar. Mal falava Inglês e parecia ter pouca familiaridade com o sistema do hotel. No dia seguinte um novo funcionário me ajudou (diferente de todos os hotéis, eles não entregam senha aos hóspedes) e não tive mais problemas. Você pode consultar tarifas no site Booking.com. Eu sempre reservo por lá e agora o Mulher Casada Viaja é afiliado. Isso significa que você pode clicar no logo aqui do blog e ao fazer a reserva, eu recebo uma comissão. Mas não é propaganda, não (rsrsrs), eu sempre reservei por lá e já falava do site antes da afiliação. É que eu gosto mesmo. O preço é bom, tem algumas opções de tarifas, fotos, avaliações de hóspedes e você tem uma área para consultar todas suas reservas on line.
Roteiro
Primeira tardezinha/noite
Aproveitando que às quartas o Louvre abre até as 22h, caminhamos pelas margens do Sena em direção a ele. A fila que se formava para entrar pela Pirâmide foi bem rápida e comprei os ingressos na máquina de auto atendimento (€12). Leia mais sobre nossa visita ao Louvre e dicas de filas, ingressos, roteiro e refeições em post que publicarei em breve.
Primeiro dia completo
Paris amanhecendo
Não sei se foi o jet lag ou a ansiedade, mas acordamos às 4 e pouco da manhã pensando ser 5 e pouco – o que ainda seria um absurdo! Rimos muito e eu aproveitei para ver Paris amanhecendo. Não tinha quase ninguém pelas ruas. No bistrô da esquina, alguns notívagos tomavam cerveja ou vinho. Caminhei pelo Sena em direção ao Louvre, mas voltei no meio do caminho, pois percebi que os monumentos não estavam iluminados, então não dariam fotos legais. Dei bom jour para vários profissionais da limpeza urbana, um verdadeiro exército que deixa Paris limpa para os turistas se apaixonarem por ela.
O Café da Manhã
Voltei ao hotel com a notícia de que o bistrô da esquina era 24h e foi lá que tivemos o primeiro café parisiense com vista para a Notre Dame. É um menu composto de suco de laranja, café (com leite ou não) ou chocolate ou chá, meia baguete, 1 croissant acompanhado de manteiga e geléia. O preço varia em cada bistrô. Neste, pagamos €10 cada. O valor regular, ou seja, na hora em que pessoas normais tomam café da manhã, é €9.
O Caminho também é atração
Caminhamos pela Rue de la Citè até a Rue de Rivoli, pois precisávamos trocar o voucher do passeio que faríamos na agência Paris CityVision, que fica pertinho do Louvre, em frente a esta… discreta estátua da Joana D’Arc., que pelo visto foi restaurado recentemente.
No caminho, avistamos a Notre Dame e Conciergerie e pedi informação a um passante parisiense, que embora não falasse Inglês apontou, gesticulou e tentava sem sucesso falar algo que não fosse em francês. Foi tão simpático que nos acompanhou até a esquina para apontar a Rue de Rivoli e quebrar o braço para a esquerda.
Pausa para pensar: Engraçado como má fama gruda e teima em permanecer durante décadas. Sempre ouvi que franceses eram grosseiros com turistas, mas nunca tive nenhum problema nas ruas, em restaurantes ou lojas. Nesta viagem, tive o prazer de encontrar várias pessoas que foram solícitas (embora alguns fossem imigrantes) e até emendaram um papo, fosse numa viagem de trem ou numa fila. Vale sempre a dica: dê um bonjour acompanhado de um sorriso e agradeça com um mercy e outro sorriso. Paris vai te tratar melhor.
O City Tour
Voucher trocado, embarcamos às 9h no ônibus de dois andares, onde recebemos fones de ouvido para o city tour. O áudio era de qualidade e trazia informações sobre Paris na voz de uma senhora que parecia ser carioca. O city tour é um passeio que agrada os mais velhos, pois eles vêem a cidade no conforto de um ônibus sem cansar. Eu teria gostado se em vez de uma gravação houvesse um guia que pudesse responder a perguntas e contar causos. Como consumidora consciente (e que tem tempo) que sou, fiz essa observação na avaliação do passeio. Outro ponto positivo é o fato de o ônibus ser alto, o que possibilita ângulos diferentes para fotos. Mas em geral fica sempre um reflexo do vidro…
Após o tour, o ônibus estaciona às margens do Sena, de onde partiria o barco. O grupo recebe orientações em Espanhol, Inglês e Francês para primeiro subir à Torre e depois voltar quando quiserem para o passeio de barco. Ficamos em uma fila de dez minutos e subimos pelo elevador Norte.
Passava das 13h, então escolhemos um restaurante nos arredores, que não poderia ter sido pior: um almoço insosso no bistrô Le Dome na Rua St. Dominique (suco de laranja a €7, cerveja Corona a €8,50, lasanha a €13, frango assado a €16 e bife com fritas a €16) , voltamos para a navegação no Sena. O barco era enorme, e tinha poucos lugares externos. Eu acho os tradicionais batobus do tipo hop on/hop off mais interessantes.
Como grande parte das “atrações” de Paris ficam às margens do Louvre, um passeio pelo Sena acaba sendo um City Tour também, com a vantagem de oferecer um novo ângulo, assim como o ônibus. Eu não consegui fotos muito boas, porque acabei ficando do lado de dentro do barco. O desembarque se dá no ponto de origem, aos pés da Torre Eiffel.
Depois fiquei pelos arredores da Notre Dame, reencontrei o mercado de Flores, a Praça René Viviane, a Livraria Shakespeare & Co. Em primeiro plano na foto abaixo, uma das fontes de água potável de Paris.
Embora Paris seja muvucada em muitos pontos, é possível encontrar verdadeiros templos de paz sem sair da área turística, como a Praça René Viviane, que fica do outro lado do Sena, com vista para a Notre Dame. Além de encontrar paz, encontrarás sinal de Wifi gratuito.
Eu particularmente gosto muito desse pedaço de Paris, o 5°arroundissement, pois algumas ruas e alguns edifícios não foram alterados pela grande reforma encomendada por Napoleão III ao Barão Haussmann (segunda metade do século 19). Não que eu não aprecie os boulevards e o estilo arquitetônico presentes em quase toda Paris desde aquela época, mas é enriquecedor conhecer o pouco que sobreviveu às mudanças ao logo do tempo. Você sabia, por exemplo, que pode visitar as ruínas de uma arena romana do séc. 2, a Arène de Lutèce? Eu a visitei em minha primeira vez em Paris (ainda não tinha ido a Roma, então o impacto foi razoável), entrando por uma porta discreta na Rue Monge, mas a entrada oficial é a Rue de Navarre. Aliás, você encontrará muitas referências à palavra Lutèce, que foi como os Romanos chamaram a cidade quando a conquistaram no ano 59 a.C. No Museu de Cluny, embora seja um museu de Arte da Idade Média, você encontrará ruínas de termas construídas em 200 a.C.
Atravessei o Sena e estava na Île de la Cité, onde Paris começou e você encontra edifícios tão belos quanto históricos, como a Notre Dame, o Palácio Real cujos Conciergerie e Sainte-Chapelle podem ser visitados, e a Préfecture de Police. Primeiro fui passear nos jardins da Notre Dame. Além de estátuas, fontes e flores, o jardim proporciona bons ângulos para fotografar os fundos (que eu acho mais estéticos do que a fachada) e a lateral Sul da catedral.
Caminhei pela Rue da la Cité e achei um banheiro público concorrido! Depois entrei na Rue de la Lutèce e achei o Mercado de Flores, que tanto me encantou na primeira visita a Paris.
O banheiro merece um parágrafo. Eu não usei, mas como havia uma grande possibilidade de meu pai precisar recorrer a um, fiz minha lição de casa. Eles são gratuitos e autolimpantes, então quando for sua vez de entrar, espere e faça um intervalo para não levar uma esguichada.
Passei em frente ao portão do Palácio de Justiça, fiz reverência à Torre da Sainte Chapelle, conferi as horas no mais antigo relógio público de Paris, dobrei a esquina à esquerda e caminhei às margens do Sena entre a ilha e o bairro Marais, sob as torres renascentistas de Conciergerie.
Para jantar escolhemos o Onzebar, na Rue Xavier Privas. O ambiente tem decoração caprichada e o atendimento foi eficiente. Cada um escolheu um menu de €15 (bebidas à parte).
Está gostando das dicas? Não perca o próximo post, quando eu publico o segundo e terceiro dias desta viagem, com dicas de transporte público.
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Respostas de 9
Oi, eu e meu marido todas as vezes que vamos à Europa, que ocorre a cada dois anos, usamos Paris como base, afinal é central… Esse ano será a sexta vez seguida!
Na última vez, levamos minha mãe, que tb tem dificuldade de locomoção devido à idade e próteses nos joelhos, mas fomos bem. No Louvre, apesar dela andar devagar, solicitamos uma cadeira de rodas, e isso nos facilitava muito! Elevadores e passagens de uma galeria a outra eram instantaneamente abertas para facilitar a visita…
Ela adorou, viu tudo e com calma! Ficou encantada com a presteza dos funcionários do Louvre com cadeirantes, abriam as cordas de isolamento das obras e ela via de pertinho… Deve ter saído em muitas fotos da galera que fotografava a Mona Lisa…rs
Amo Paris, cultura e arquitetura nos invadem, sempre encontro coisas que não vi antes!
Oi, Ana Thereza! Realmente, chegar à Europa via Paris é uma boa desculpa para mais uma visita. Depois da terceira vez, não tenho mais dúvidas de que gosto mesmo da cidade! Quanto à cadeira de rodas, vi muitas pessoas usando-as no Vaticano, mas não no Louvre (talvez fosse o horário, não sei). Mas duvido que meu pai cedesse à ideia de usar cadeira de rodas. O duro é que ele não reclamava, só depois disse que havia sido muito puxado. Mas fica a dica para quem for viajar com idosos ou pessoas com mobilidade prejudicada, obrigada!
Vou viajar pra Paris novamente e quero muito fazer em passeio de barco. E só tive essa vontade por causa desse seu post, olha que loucura! Obrigada pela inspiração.
Que delícia, Aline. Olha, confesso que o passeio de barco vale mais pelo combo e benefício de não pegar fila da Torre. Mas talvez seja porque gosto de andar…
Ah eu também prefiro andar, mas como já fui a Paris estava procurando uma nova forma de ver a cidade. E gostei da ideia do barco 🙂
Olá Marcia, ótimas dicas sempre, vc indicaria este hotel ou teria outras indicações? É pra mim é esposa pra setembro se Deus quiser, primeira vez na cidade luz hehe. Obrigado abs
Oi, Paulo, que delícia, torcendo para que dê mesmo certo para vocês! Pode perguntar e no que eu puder, te ajudo.
Indico este hotel, sim, a passos da Notre Dame, confira: https://goo.gl/5Vys52
Eu nao gosto de indicar hotéis onde ainda não fiquei ou que ao menos não visitei, então vou te falar de outros 2 em que nos hospedamos, em viagens anteriores:
– o Best Western Trianon Rive Gauche também tem ótima localização, perto dos Jardins de Luxemburgo (e até dava pra ver a Torre do quarto). Comparando os dois este é melhor. Veja neste link aqui: https://goo.gl/D8QjK2, tá com desconto se vc é Genius no Booking.
– um bem localizado também onde ficamos na primeira vez em Paris, é o Monge. https://goo.gl/2CEuid
Abraços e bom planejamento!