Conheça a Charles Kuonen, a ponte suspensa na Suíça que ostenta o título de mais longa do mundo desde sua inauguração em 2017, com 494 metros de comprimento, quando superou a chinesa detentora do título até então.
Pontes sempre me fascinaram por sua forma, arquitetura e função, e ao longo da história da humanidade foram palco de inúmeros eventos. Listei algumas de minhas favoritas em 8 Pontes pelo mundo, mas naquela época ainda não conhecia a Charles Kuonen. Claro que não fui à Suíça só pra cruzar esta ponte suspensa, mas como ela fica na vila de Randa, a 15 minutos da mega turística Zermatt, com acesso fácil de trem – como tudo na Suíça, não pude resistir.
Mas não é sair da estação e dar de cara com a ponte, tem uma trilha para chegar nela. E tudo o que eu sabia é que havia um caminho mais fácil, mas longo, e um caminho mais rápido, mas cheio de pedras. Acabei indo por um e voltando por outro, afinal, eu gosto de aventura e novidades!
Viajei sozinha pela Suíça e em nenhum momento senti medo de me machucar na trilha, de passar mal, de algo ruim me acontecer. Precisamos lembrar que nos acontecem mais coisas boas do que ruins, assim como há mais gente boa do que má no mundo.
Para entender esta viagem, leia Suíça: roteiro de 14 dias no verão
Trilha em Randa para a ponte suspensa
A trilha até a ponte Charles Kuonen faz parte da Europaweg, que liga Zermatt a Grächen. Leia os dados técnicos mais abaixo. Ela começa na estação de trem da pitoresca Randa, a princípio em meio a casas de madeira, igrejinha e escola local, que vão desaparecendo na medida em que a trilha adentra a floresta. Várias placas, todas em alemão (mas com desenho da ponte ehehe) apontam caminhos, mas achei muita informação para uma trilha sem bifurcações. Aliás, a única bifurcação fica 2 km montanha acima, que é onde você tem que opinar se vai pelo caminha curto e íngreme ou longo e menos íngreme. Segui a dica da recepcionista do hotel e peguei o caminho da direita. Obrigada menina do hotel de Zermatt cujo nome esqueci!
Eu fiquei sem fôlego muitas vezes na subida, fui passada por várias pessoas – mas eram franceses ou suíços, que já nascem em trilhas ou bikes, me serve de desculpa consolo. Mas números não mentem e a altitude média de 2 mil metros causa mesmo certo cansaço. Um casal que fazia a trilha me parabenizou porque apesar de eu viver num país sem altas montanhas escolhi fazer uma trilha com este grau de dificuldade. Óia que legal, good for me! Foi só manter meu ritmo, respeitando meu corpo e consegui vencer a pior etapa, que parecia uma escadaria de tão inclinado. Não fiz nenhum preparo físico e sou sedentária. Talvez o que tenha me ajudado foram as duas semanas de viagem pela Itália, quando caminhei o dia inteiro e também fiz 2 trilhas nas Dolomitas, mas bem mais fáceis do que esta.
A maior parte da trilha segue dentro da floresta, ótimo para o dia de sol que estava fazendo naquele 7 de julho. Há alguns poucos bancos no começo da trilha e ao longo do caminho me apoiei em pedras, mesmo, para retomar o fôlego.
Não há muitas vistas a partir da trilha, a floresta é bem fechada, mas em alguns pontos a gente vê a geleira e os picos próximos, tendo a impressão que estamos na mesma altura – mas não subestime a altura dos Alpes.
E por falar em geleira, conversei com um casal de suíços que encontrei na trilha e, embora fossem jovens, disseram ter percebido o quanto as geleiras estão retrocendendo ao longo dos anos. A gente sabe disso, ouve isso o tempo todo, mas é tão diferente quando uma pessoa jovem diz ter experimentado esta diferença em sua ainda curta existência…
Dados técnicos da trilha até a ponte suspensa de Randa, Suíça
- Grau de dificuldade: médio
- duração média: 4 horas
- distância: 8,6 km
- desnível: 975 metros
- maior altitude: 2.267 metros
- melhor época: de maio a setembro
O que vestir e levar para fazer a trilha de Randa
Antes de decidir fazer a trilha para chegar à ponte suspensa de Randa, confira a previsão do tempo e esteja preparado para mudanças rápidas e bruscas, algo comum nas montanhas.
Leve uma jaqueta impermeável do tipo corta vento. Se você for na primavera ou outono, aconselho levar uma touca e luvas e, mesmo no verão, nunca se sabe. Botas de caminhada são imprescindíveis, o caminho tem muitas pedras e é quase todo na sombra, no meio da floresta, então pode estar escorregadio se tiver chovido.
Eu vesti uma calça conversível, que vira bermuda, camiseta de mangas curtas e uma jaqueta corta-vento. No meio do dia estava de bermuda e camiseta, mas fui em julho. Ao final da trilha, começou a chover, mas meu corpo estava quente e até gostei.
- Leve bastante água, não há nenhum lugar para reabastecer na trilha.
- Compre lanche ou snacks em Zermatt, na Coop, por exemplo.
- protetor solar e boné. O lado esquerdo é ensolarado, assim como a ponte
- um repelente – me surpreendi como há insetos na Suíça!
- mochila e capa (caso chova)
- um bom pau de selfie pra registrar você na mais longa ponte suspensa na Suíça
Charles Kuonen, a maior ponte suspensa, na Suíça
Pouco antes da ponte, surge uma clareira e pensei que havia chegado, filmei meus passos para marcar o momento, mas a Suíça não é Hollywoodyana, mantém a simplicidade nas coisas mais lindas. Mais adiante da clareira, sigo por um acanhado corredorzinho cortado na encosta da montanha e voilà, lá está ela em toda sua grandiosidade!
A primeira reação é de espanto, já que de uma ponta você não enxerga o final da outra. São 494m de comprimento, e apenas 65cm de largura, que fazem dela a mais longa ponte suspensa não só da Suíça, mas do mundo. E eu tava lá!
Cruzei a ponte com toda demora que só quem viaja sozinho consegue, sem chatear ninguém. A ponte é estreita, não me importei de me encolher para dar passagem a quem quisesse passar, eu não estava ali para atravessá-la, estava para curti-la. No meio dela, era natural que balançasse muito, mas deve ser pouco considerando o comprimento dela, pios seu projeto inclui uma série de cabos (acho que estes marrons acima) para mantê-la estável. A Charles Kuonen foi construída para substituir a anteior, danificada por um deslizamento de pedras, num prazo impressionante de apenas 10 semanas.
Do meio da ponte também se tem a melhor vista da geleira Bis, que é monitorada por câmeras para alarmar possíveis avalanches, e do monte Weisshorn, de 4.506 metros de altitude. Me sentei e filmei meus pés chacoalhando de um lado a outro. E o vento ali também é bem forte, então imagino que seja algo a considerar quando olhar a previsão do tempo.
Depois de cruzar a ponte, há uma outra trilha, opcional, que leva à Europa Hut, um abrigo de montanha a 500 metros, mas não a peguei. Ali, do outro lado da ponte, as pessoas relaxavam, a maioria sentada sobre pedras grandes ou sob a sombra de árvores, pois havia só uma mesa para picnic. Ah, e dois banheiros químicos, em péssimo estado de manutenção, nunca vi tanta merda sobre merda, das mais diferentes cores e texturas, que memória medonha! (e agora ela é sua também, ehehe, eu compartilho tudo!)
Não me demorei ali, peguei a trilha no caminho contrário, que agora ficava à minha direita, e lembrei do conselho da menina do hotel, pois a descida é bem mais íngreme e quase toda sob o sol, com pedras enormes, haja joelho! Por outro lado, foi bem mais rápido, não precisei parar para retomar o fôlego nenhuma vez. Mas pra baixo, todo santo ajuda, você sabe.
Quando cheguei ao final, uma das casas de Randa tinha um trailer no quintal e servia lanches e cerveja. Sentei para tomar uma como se fosse um troféu e comemorei minha aventura enquanto espantava as moscas (sim, muitas moscas por causa do gado): primeira trilha sozinha, aos 50 aninhos, para chegar à mais longa ponte suspensa do mundo!
Leia sobre o que fazer em Zermatt e meu encontro com a Matterhorn
Como chegar a Randa
Randa fica a 15 minutos de trem de Zermatt e não tem como errar a direção, já que Zermatt é a parada final da linha Gotthard. Como eu tinha o Swiss Travel Pass, não precisei comprar o bilhete, mas ida e volta custa em torno de CHF28.
De carro, você terá que partir de Täsch, onde todo mundo deixa o carro estacionado, pois em Zermatt carros não circulam – se bem que eu vi um estacionamento na rua da estação na direção oposta ao Matterhorn – e até um concessionária, mas nada de carros circulando pelas ruas do centrinho de Zermatt.
Outras pontes suspensas pelo mundo
Se como eu você também assistiu muito Indiana Jones, confira algumas das maiores pontes suspensas de pedestres pelo mundo. As sublinhadas são as que eu cruzei e cujas dicas você pode encontrar aqui no Mulher Casada Viaja.
- Titan RT (450m), em Elbingerode, Alemanha
- Cliffwalk (98m), em Engelberg, no Monte Titlis, Suíça.
- Trift (170m), em Grimselwelt, Suíça
Raiffeisen-Skywalk (374m), em Sattel, Suíça - Gatlinburg Skybridge (207m), no Great Smoky Mt National Park, Estados Unidos
- Capilano em Vancouver foi minha primeira. (140m)
- Highline 179 (406m) na Áustria, na fronteira com a Alemanha, perto de Fussen
Confira os relatos e dicas de outros destinos desta viagem à Suíça
Espero que tenha gostado desta minha pequena aventura de trilha + ponte suspensa na Suíça. Não se esqueça que você pode planejar quase toda sua viagem através dos links abaixo, exceto a passagem aérea.
Respostas de 16
Eu amei o vídeo!!! Acho que dá pra confiar na ponte, a Suíça se importa com tecnologia segura…haha
Com certeza foi adicionada na minha Bucket list! <3
Parabéns pela estréia do canal! Já estou seguindo! <3
Oi, Roberta, obrigada pela visita! Sim, confiança absoluta – padrão suíço ahaha