Pequena cidade ao norte da Bélgica, pouco conhecida por muitos, mas querida por quem a visita, te convido a descobrir o que fazer em Bruges em 2 dias e conferir o charme presente em cada canto da cidade: moinhos de vento, cisnes em praças, carruagens, bicicletas como meio de transporte, arquitetura medieval. Mas tem mais, venha se surpreender!
Pesquisando sobre Bruges descobri que ela tinha sido locação de filme (In Bruges, Na Mira do Chefe, em Português) em que o personagem afirmava: “Talvez o inferno seja isso: passar a eternidade em Bruges”. Eu não me conformava com essa divagação, afinal, as fotos da cidade eram tão lindas, como poderia ser um inferno permanecer lá? Além disso (a mente da gente é coisa engraçada!), ouvindo o relato de amiga que havia feito mochilão na Europa – isso lá na década de 90 do século XX da era Cristã, ela havia dito com brilho nos olhos o quanto Bruges era linda. E como é que eu guardei o nome dessa cidade e essa informação, é assunto para neurologista. Então, quando vi que Bruges ficava mais ou menos no caminho entre Paris e Amsterdã, não tive dúvidas e inclui a bela no roteiro.
Além do filme, que acabei assistindo pouco depois, também fiquei curiosa sobre a origem de Bruges, seus cisnes e ursos, e acabei descobrindo lendas típicas de contos de fadas, que compartilhei em Bruges: sobre ursos, princesas raptadas e cisnes.
Críticos da cidade dizem que ela foi muito restaurada, a ponto de mais parecer um cenário de conto de fadas, uma Disney. Hum, talvez. Mas quem não gosta de estar em um cartão postal bunitim – e cheio de história? De qualquer forma, desde o ano 2000 seu centro histórico foi adicionado à lista do Patrimônio Mundial da UNESCO, orgulho para seus 120 mil habitantes.
Se a cidade é pacata e pequena, os milhões de turistas que a visitam ao ano parecem não se importar, apesar do verão com temperaturas máximas de 19 graus (!) e do inverno com temperaturas negativas. A umidade média anual fica próxima dos 90% (quem precisa de hidradante!). Leve seu guarda-chuva e seu trench coat!
O que fazer em Bruges em 2 dias
Compartilho abaixo nosso itinerário, um diário da viagem, mas se você quiser dicas menos pessoais, visite o post Bruges: o que Fazer e outras Dicas, onde tem também um mini guia da cidade.
Chegamos de trem por volta das 22h de um sábado e, cansados demais para caminhar depois de 23 horas de viagem (voo direto a Paris + 3 trens), tomamos um taxi na estação e fizemos o check in no hotel. Caminho curto, que passou por uma animada fair, com barracas de alimentos e atrações típicas de parque itinerante.
Depois do encanto com o quarto gostosinho do Hotel Acacia, com massarda (telhado inclinado), saímos para jantar e comecei a lembrar da fama de não se ter o que fazer em Bruges (e o nome do filme ficava martelando na minha memória… In Bruges…), pois embora o hotel estivesse a uma quadra da praça principal da cidade, os restaurantes da rua que levavam a ela estavam todos fechados. Gesloten, como aprendi ao ser convidada a me retirar do restaurante italiano que, apesar de ainda ter clientes, não receberia mais pois já eram 22 horas! – E era sábado! São Paulo me deixou mal acostumada. Mas foi em Bruges que aprendi a jamais deixar para jantar tão tarde…
Fomos à praça principal. Em uma segunda tentativa frustrada, o garçom perguntou se chegávamos para o café da manhã (!) e explicou que já estavam fechando, indicando-nos um restaurante que permaneceria aberto até meia noite. Sempre que viajo tenho dificuldade para me adaptar aos horários de refeições em cidades menores. Além disso, em Maio o sol se punha depois das 22 horas e meu corpo me dizia que ainda eram 15h no horário em que os restaurantes estavam servindo jantar… Conseguimos o primeiro e último prato quente do dia, com vista para a principal praça da adorável Bruges, mas eu ainda não sabia disso. E enfim, o sono dos justos.
Dia 1 em Bruges
Como foi que você acordou no Domingo dia 25 de maio? Não se lembra, né? Eu lembro! Ouvi o carrilhão do Campanário tocar música erudita! Cutuquei meu marido para que ele me cutucasse e eu tivesse certeza de que não estava sonhando.
Tomamos café da manhã em uma casa de chá charmosa, a GingerBread (leia as dicas de restaurantes no post Bruges: o que Fazer e outras Dicas). Decorada em estilo romântico, o pequeno espaço tem os pães mais gostosos que já provei! O menu do café da manhã incluía um suco de laranja natural, espremidinho na hora (sei que isso a gente consegue em qualquer padoca de SP, mas no exterior não é bem assim), uma bebida quente (o leite leva uma barrinha de chocolate que derrete quando é mexido, delícia!), 4 tipos de pães, 3 tipos de geleia caseiras (deliciosas) e manteiga. Na terça-feira, também comemos ovos mexidos – de deixar qualquer americano envergonhado! O cozinheiro disse que usa manteiga e creme de leite. Testei em casa, mas o dele ficou bem melhor e é por isso que eu não tenho uma casa de chá!
Depois dessa primeira boa impressão, passamos pela Markt para vê-la à luz do dia, a praça principal da cidade onde, como indica o nome, funcionava o mercado semanal desde o século 10 e era palco de torneios medievais, execuções e revoltas.
As casas são lindas nos quatro cantos da praça e hoje abrigam cafés e restaurantes. Mas o Campanário domina o entorno, com 83 metros de altura e inclinação de um metro. Falarei sobre a visita a ele mais adiante. É da Praça do Mercado que partem muitos tours a pé e passeios de bike ou carruagem.
Ali perto da Market, fica outra praça, a Burg, onde está a sede da prefeitura, o mais antigo dos Países Baixos, completado em 1421, mas modificado aos longo dos séculos seguintes. Há um museu no térreo e o incrível salão gótico gótico pode ser visitado.
Ao lado da Prefeitura, repare no edifício da metade do século 16 em estilo renascentista com motivos dourados, a Chancelaria, onde até 1983 funcionava o Tribunal.
Do outro lado da prefeitura, outros edifícios lindos, como o Basílica do Sangue Sagrado, que abriga duas capelas completamente diferentes.
Deixamos o miolo do centro histórico e saímos para caminhar na direção contrária à das atrações principais, indo até Ezelpoort, um dos portões da cidade, e no caminho encontramos várias delícias, como canais, o poço encantado…
Ezelpoort data de 1369 e fica a 1 km da Markt e se você puder, vá até lá de bike e continue por este cinturão verde de 6km que circunda a cidade e chegará ao moinhos de vento no lado leste de Bruges e a outros portões medievais que faziam parte da muralha: Gentpoort, Kruispoort, Smedenpoort e Dampoort.
Na volta, a cidade estava apinhada. Muita gente faz bate-volta, por isso fica tudo tão cheio entre as 10h e 18h. Fora desse horário, a tranquilidade chega a ser inquietante. In Bruges, repetia uma voz na minha cabeça.
Almoçamos numa praça agradável, a Huidenvettersplein, no restaurante Old Bruges (leia as dicas de restaurante no post Bruges: o que Fazer e outras Dicas) que tem mesas nesta praça e no interior, e tem entrada por outra praça, a histórica Vismarkt onde ainda hoje funciona um mercado de peixes. O prato mais pedido do restaurante: mexilhões com fritas.
Ali pertinho fica um dos cartões postais de Bruges e principal canal, o Dijver e claro fui conferir e depois passear de barco por ele.
Não é como passear de gôndola em Veneza, mas a graça é esta mesmo, ser diferente. Ao longo do passeio vamos ouvindo sobre a história da cidade e dos edifícios, mas achei particularmente cansativo, pois o guia fala a mesma coisa em 4 línguas, se não me engano e achei difícil entender Inglês com aquele sotaque. Seria muito melhor um sistema de áudio individual, em que escolhêssemos apenas o nosso idioma, como acontece em tantos lugares do mundo. Outro fator é que vai muita gente no barco e se você quer fotografar acabam saindo muitas mãos e câmeras e celulares na sua foto. O ponto de embarque é desembarque é a Nieuwstraat.
Depois caminhamos pelas ruas mais movimentadas = mais turísticas, mas perdemos a chance de comer doces franceses da patisserie Prestige, já fechada. Naquela tarde de Domingo havia uma feirinha de antiguidade com peças bem interessantes perto do ponto de partida dos passeios de barco.
Depois passeamos descompromissadamente pelas já vazias ruas e praças da cidade, como a Jan van Eryck, que leva o nome de figura importante do cenário artístico do século 15, cujo trabalho mais renomado é o Retábulo de Ghent.
A vantagem de estar hospedado (ficamos no Hotel Acacia) bem no miolo do centro, entre outras, é sempre estar perto dos principais pontos turísticos e vê-los de diversos ângulos.
A noite chegou e com ela a cidade ficou ainda mais linda, com os monumentos iluminados e a água dos canais transformada em espelho. E as pessoas desaparecem, permanecendo poucos pelas ruas. Esta é a Rozenhoedkaai, o canal-cartão postal de Bruges.
Aposto que você está dorando Bruges! Para quem está em Amsterdã, há uma excursão até Bruges que inclui o passeio pelos canais. Confira no site parceiro de Get your Guide
Dia 2 em Bruges
No dia seguinte, tentamos um outro café para o desjejum, mas tudo estava fechado, afinal ainda eram 9h de uma segunda-feira ?. Continuamos caminhando, desta vez em direção ao portão Kruispoort, pois queria garantir a vista de moinhos de vento, caso não os visse na Holanda. Acabamos entrando em um supermercado e tivemos queijo e damascos de café da manhã enquanto perambulamos por ruazinhas onde poucos turistas chegam. Depois tomamos um chocolate quente às margens de um… canal.
Mapas do século 16 mostram que havia 23 moinhos de vento ao londo da muralha da cidade, hoje há apenas 4. O que visitamos é o Bonne Chiere. Se eu tivesse lido um blog de viagens como o Mulher Casada Viaja, saberia que há dois moinhos que podem ser visitados e teria ido a estes, o Sint-Janshuysnill, que é um museu, e o Koeleweimill. Sorte sua que lê este blog!
Voltando ao centro histórico, era hora de subir os 366 degraus do Campanário. Registro aqui que apesar de não serem tantos degraus, os últimos são bem estreitos e ainda é preciso dar passagem para quem vem na direção contrária. Uma pessoa com excesso de peso teria complicações. Para os deficientes visuais, há uma maquete do edifício e torre na entrada. Além de ver Bruges do alto, ficamos pertinho do carrilhão de 47 sinos.
Voltamos ao hotel e tivemos nosso último jantar em Bruges, satisfeitos por termos conhecido a cidade, mas como sempre sabendo que algumas coisas ficaram por fazer, e estas você confere no post Bruges: o que Fazer e outras Dicas.
Bruxelas
Se você tiver mais tempo na Bélgica do que nós tivemos, inclua a capital na viagem. A Michela do blog Mapa na Mão deu dicas legais de o que fazer em Bruxelas, que certamente vão te ajudar. E a Hebe do Vamos Viajar pra Onde Agora fez um Top 10 de Bruxelas.
Espero que curta Bruges tanto quanto curtimos!
Respostas de 10
Que belíssima estas fotografias. Inspirador demais o seu post.
A minha tese de mestrado foi sobre o programa da UE, Capitais Europeias da Cultura, então na altura pesquisei sobre Bruges que acolheu o evento em 2002. Desde então que quero visitar essa cidadezinha e ainda não tive oportunidade. O seu post é um bom argumento para a manter na minha listinha de desejos
Com certeza você vai aproveitar muito mais, conhecendo sobre a Historia e Cultura do lugar, mas a cidade é linda de encher os olhos e muito agradável fora do horário de pico turístico.
Ai que cidade fofa! Tive “inveja boa” de você, porque quando fui a Bruges peguei muita chuva e frio. Bem que você avisa no seu post para levar guara-chuva e trench coat. Queria ter conseguido tirar fotos lindas como as suas!! Adorei as dicas de lugares para visitar, mesmo pequenina tem muita coisa interessante para ver.
Luciana, também fico assim quando vejo Amsterdam ensolarada, pois a chuva nos pegou lá, depios de conhecer Bruges. O sol nasceu pra todos, sqn ahahaha Abraços
Bruges é bem famosa, e sempre quis conhecer, mas ainda não tive oportunidade. Parabéns pelo post
Olha, é famosa entre as pessoas que viajam frequentemente, mas pergunte a alguém que nunca tenha saído do país. Obrigada pela visita e comentário