Quando a gente vê imagens da paisagem passando pela janela do trem na Suíça, sempre tem um chalé envolto por um campo-verde-telletubbies. Em geral é uma casa de madeira com três andares, jardineira nas janelas, mas como é ficar em um autêntico chalé suíço?

O que é um chalé?
O termo “chalé” vem do antigo francês “chasel”, que significava “cabana do pastor”. Os chalés surgiram por volta do século XIII nos Alpes Suíços, inicialmente como abrigos sazonais para pastores e fazendeiros que levam o gado às pastagens de altitude no verão. Eram simples e funcionalmente projetados para o clima alpino. No século XIX, com os primeiros turistas ingleses e alemães chegando aos Alpes, o chalé ganhou conforto e status de símbolo nacional suíço. Muitos ingleses abastados compravam kits e instalavam chalés em suas propriedades, para se recordar da temporada de férias na Suíça.
Caracterizado pela madeira, varandas entalhadas, fachadas com motivos florais ou geométricos e janelas com venezianas coloridas, os chalés do estilo Heimatstil (ou Schweizerstil) se multiplicaram entre o final do século XIX e início do XX.
Em algumas cidades ainda é possível ver chalés autênticos, como os preservados em Zermatt ou em Brienz, mas foi em Randa que encontrei alguns dos mais rústicos, com telhado de pedras.


Como é ficar num chalé suíço em Kandersteg
Tive a chance de ficar num chalé suíço quando nos hospedamos em Kandersteg, vilarejo alpino charmoso aos pés de um dos lagos mais lindos do país cheio de lagos lindos, o Oeschinensee. Ah, no caminho até Kandersteg, fica outro lado maravilhoso, o Blausee, então já são 2 excelentes razões para se hospedar no vilarejo.
O chalé em que ficamos não estava envolto por colinas verdejantes, mas por montanhas entre 2 mil e 3.660 metros, como a Bluemlisalp, esta pontiaguda da foto abaixo. Localizado na rua principal de Kandersteg, a 500m da estação de trem, mas perto o suficiente de campos onde cavalos, galinhas e cães se encontravam e produziam o perfume caracaterístico do ar suíço: bosta. Se você foi à Suíça e não sentiu isso, desculpe, mas você não viu uma Suíça autêntica.

Antes de ficar num autêntico chalé suíço, eu não entendia a divisão dele em apartamentos, ficava me perguntando se era uma mesma família que ocupava todo o espaço ou não. Acho que o grande diferencial de um chalé suíço seria sua localização. Talvez numa fazenda ou em frente a um lago alpino a gente sinta algo ainda mais especial – “ainda mais”, porque pra mim estar na Suíça é sempre muito especial.
O que quero dizer é que ficar num chalé suíço, como este de Kandersteg, foi muito parecido com o apartamento em que ficamos em Meiringen. A diferença é que em Meiringen o prédio era de alvenaria e este de madeira, com características tradicionais, como as inscrições típicas pintadas na parede, com essa fonte gótica, além das bandeiras da Suíça e do cantão de Berna. Minha filha na janelinha do quarto me lembrou um relógio cuco!


“Nosso” chalé fica na rua principal de Kandersteg, a 500m da estação de trem. O chalé é de uso misto: tem comércio no térreo (uma loja de lã, tricô crochê) e apartamentos de moradores suíços – a senhora abaixo no nosso não falava uma palavra em outra língua que não o alemão-suíço, e ficou surpresa quando dissemos que éramos do Brasil. Mesmo assim foi uma simpatia, nos ensinando como usar a máquina de lavar roupas que, de tão antiga, só aceitava moedas de 20 centavos.
O interior do nosso apartamento era misto, mas predominava a madeira em tetos e paredes. As janelas eram bem pequenas, mas a porta balcão na sala trazia a paisagem para dentro. Os sofás de couro macio, as mantas de lã que eu queria usar mesmo estando um calor de 30 graus, e cadeiras com pelo de ovelha tingida, tudo de muito bom gosto e qualidade.


A garagem coberta ficava na parte de trás do chalé, onde tinha a escada interna com acesso aos apartamentos. No corredor ficava a máquina de lavar roupas. Como em muitos apartamentos e hotéis, o chalé não tinha ar condicionado, afinal, países frios estão preparados para invernos rigorosos.
Os dois quartos ficavam no andar superior, como um sótão. Entre eles, tinha uma saleta onde cabia uma cama extra e um lavabo, ambos com janela no teto. O banheiro completo ficava no andar da cozinha e da sala, um ponto negativo, mas que não chegou a atrapalhar. O box era daquelas cabines de jatos de água, luzes de diferentes cores, cheio de botões que eu precisava de óculos para saber o que era o que. Gavetas equipadas com tudo o que você precisasse, inclusive kit de primeiros socorros.


A cozinha era completa, com lava louças, fogão de indução, forno elétrico, geladeira embutida, e tinha aqueles eletrodomésticos lindos da Smeg, cafeteira com moedor de grãos abastecida, armários com condimentos e temperos, azeite, o que facilitou muito nossa vida e trouxe economia.

Da varanda, a gente apreciava a vista das montanhas, observava a vizinhança e o teleférico que leva ao lago Oeschinensee. E foi lá que comemoramos meus 56 aninhos, com espumante e bolos e tortas deliciosos da Backerei Tea Room Marmotte.

Onde fazer a reserva para ficar em um chalé suíço
Fiz a reserva do Chalet Santa Maria com meses de antecedência, pela Booking.com, que tem muitas opções de chalés também em outras cidades. Fomos recepcionados pela romena que gerencia o chalé, e a entrega das chaves também se deu pessoalmente.
Eu adorei a experiência, e gostaria de voltar no inverno para ficar, quando um chalé suíço deve ser ainda mais acolhedor! Não usamos a lareira, o conjundo de fondue nem de raclete. Estão nos esperando para um inverno branquinho em Kandersteg…
… se a montanha não desabar e inundar tudo,
como aconteceu em maio de 2025 com o vilarejo Blatten, do outro lado da montanha. Mas essa história eu conto em outro post sobre Kandersteg, listado na página Suíça, onde já tem mais de 50 artigos sobre o país.
Caso precise de ajuda com sua viagem à Suíça, entre em contato.
