El Calafate, no sul da Patagônia Argentina, é uma cidadezinha fofa, tranquila e dominada pelo lindo Lago Argentino. Mas a maioria dos visitantes quer mesmo saber das atrações no seu entorno, seja a 80 km de distância, como o Parque Los Glaciares onde fica a geleira Perito Moreno, ou a pouco mais de 200 km, como a região do tão famoso quanto belo Fitz Roy, em El Chaltén. Além disso, a fronteira com o Chile é logo ali, e você pode aproveitar para conhecer um dos parques mais lindos do mundo: o de Torres del Paine.
Se você vai a El Calafate, certamente verá o glaciar Perito Moreno, que fica no Parque Nacional Los Glaciares. Ir a El Calafate e não vê-lo é como ir a Paris e não ver a Torre ou ao Rio e não ver o Cristo. Ou a Londres e não ver o Big Ben e a NY e não ver a Estátua da Liberdade. Ou… well, you’ve got it!
GELEIRA PERITO MORENO, NO PARQUE LOS GLACIARES
Para chegar lá é fácil, você segue pela av. Libertador no sentido oposto ao do aeroporto, vai olhando o lindo lago Argentino à sua direita, e quando chegar a uma bifurcação, ainda são mais 40 km pela frente e a paisagem fica mais montanhosa e ganha curvas. Logo à frente, a portaria do Parque. Mas quase todo mundo vai de excursão, pois contrata passeio de catamarã e/ou quer caminhar sobre a geleira, como nós fizemos, e aí é preciso já sair de El Calafate com o ônibus da agência.
A única agência autorizada a fazer as caminhadas sobre a geleira, o minitrekking e o Big Ice, é a Hielo & Aventura, mas as demais agências de El Calafate também vendem o passeio. Se você quiser apenas observar a geleira, pode ir por conta. As plataformas de observação dão a melhor visão da Moreno, pois foram construídas em vários níveis. Alguns pontos têm proteção de painel de vidro contra o vento forte e gelado.
O trajeto de 80 km levou, do nosso hotel no Centro até a entrada do parque, cerca de 1h30. O ônibus é limpo e bem confortável e uma gravação de áudio fala um pouco sobre a geleira. A cobrança do ingresso ao parque é feita por um funcionário que entra no ônibus, pergunta a nacionalidade de cada um e toma notas em um tablet. Faz isso pois integrantes do Mercosul têm desconto, pagando 150 pesos. Quando fomos, o passaporte não foi solicitado, mas é bom garantir e levar o seu.
Após o pagamento (em dinheiro) e entrega dos ingressos, o ônibus continua pela única estrada (asfaltada) do parque, de onde você já avista a enorme língua de gelo que sai do vale, que é a Perito Moreno. Há um mirante, onde o ônibus não para, pois segue direto à praça onde começa a série de plataformas e onde há lanchonete, banheiros e loja de suvenires.
A agência vai pedir que leve seu almoço e imagino que façam isso para evitar aglomeração na única lanchonete local. Não vi mesas para quem leva lanche e as pessoas acabam comendo nas plataformas mesmo, em pé ou nos poucos bancos disponíveis. Mesas de picnic eu avistei do ônibus, em áreas mais longe das plataformas. Apesar disso, não há lixo pelo chão e atenção: não há cestos de lixo, então todo o lixo que você produzir deverá ser levado de volta com você até El Calafate. Há banheiros grandes e relativamente limpos (não é padrão Fifa, mas muito mais limpos do que muitos brazucas).
Para chegar às plataformas inferiores, pessoas com mobilidade reduzida contam com um elevador. Embora haja mais de 300 degraus, o esforço vale muito a pena e há bancos para descanso em algumas plataformas.
Não custa avisar: as passarelas são de metal perfurado, então não vá de saltinhos ou saltões.
Em alguns pontos, a incidência da luz do sol sobre o gelo o deixa de um azul reluzente, como se houvesse uma lâmpada instalada sob o gelo.
A melhor forma de avistar a geleira é mesmo pelas plataformas e passarelas, pois você a vê de cima a baixo. Não fiz o passeio de catamarã então não sei da vista que ele proporciona. O passeio de barco que fiz (incluso no minitrekking) foi legal por chegar perto dos icebergs desprendidos da geleira e por dar uma outra perspectiva dos paredões.
A agência te dá duas horas e meia para explorar as passarelas e lanchar e depois seguimos de ônibus até o píer de onde saem os barcos para o minitrekking, mas isso eu conto em outro post, o Perito Moreno: Caminhando sobre o Gelo .
O barulho do gelo desprendendo é muito interessante, principalmente na primeira vez que se ouve. Assemelha-se a um trovão longo ou ao som de um morteiro. A diferença se deve ao tamanho do bloco de gelo que se desprendeu. Todo mundo fica com as câmeras a postos, na esperança de flagrar o acontecimento.
À distância, o gelo que se desprende parece pequeno diante da imensidão do paredão, mas calculo que tenham no mínimo uns três metros. Seu tamanho fica mais claro quando tomamos os barcos e navegamos próximos a eles.
Gravei o som de um bloco caindo. Não se decepcione. Este foi pequeno. Ao vivo, tudo é sempre melhor, lembre-se.
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Se você quiser programar sua viagem para 2017, 2018, talvez testemunhe o fenômeno de ruptura. É que ciclicamente o glaciar cresce e toca a península de Magalhães (onde ficam as passarelas) e obstrui o lago. A água aos poucos derrete o bloco de gelo, que vira um túnel ou ponte, dependendo do seu ponto de vista. Quando desaba, é um espetáculo para os olhos e ouvidos. A última vez em que isso aconteceu foi dezembro/13.
Atualização: Será que são os efeitos do aquecimento Global? Estava eu navegando pela Internet quando vi a notícia da ruptura em março/2016, um ano antes do previsto!!! Veja o vídeo aqui.
Ainda no Los Glaciares, você pode fazer outras atividades que, dependendo da época do ano e das condições climáticas, podem acontecer ou não:
– Caminhar sobre o Perito Moreno, num passeio denominado Minitrekking, que inclui uma curta navegação e a caminhada em si. Leia post em que descrevo minha experiência.
– Big Ice no Glaciar Perito Moreno: navegação e caminhada no Gelo. O tempo de caminhada é superior ao mini trekking e a área é mais “acidentada”, exigindo maior esforço físico. Quem fez este passeio foi a Camila do blog O Melhor Mês do Ano. Confira lá o que ela achou da experiência.
– Safari Náutico: navegação pelo Lago Rico que permite ter uma visão mais próxima do glaciar Perito Moreno.
O QUE FAZER NA CIDADE DE EL CALAFATE
- mirante do lago argentino, na Av. El Lbertador, sentido do aeroporto
- visitar os jardins da administração do parque Los Graciares (leia o post El Calafate, aquela da Geleira Perito Moreno)
- fazer compras. Há lojas de artesanato e decoração bem legais. No mais, como em toda cidade de montanha, há lojas especializadas
- apostar no cassino da cidade, na Av El Libertador.
O QUE FAZER PERTO DE EL CALAFATE
– Todos os Glaciares: navegação em catamarã que percorre os principais glaciares do Parque Nacional Los Glaciares.
– Se você se entusiasmar com o mundo do gelo, pode visitar o Museu Glaciarium e seu Glaciobar, o bar de gelo com temperatura ambiente de 10 graus negativos. Fica a 6 km de El Calafate.
– Balcon El Calafate, as montanhas chapadas que ficam na direção oposta do Lago Argentino. As agências fazem passeios com 4X4 até lá.
– Estância Cristina: estâncias são fazendas e nesta você aprenderá sobre os desbravadores da Patagônia e sobre técnicas de tosquia de ovelhas. Depois você é levado ao mirante do Glaciar Upsalla. Também inclui navegação no Lago Argentino.
– Pesca Esportiva: o Lago Roca é onde se encontram as melhores trutas. Encontrei um grupo animado de pescadores americanos aposentados que atravessaram o continente americano para pescar!
– Trekking, Mountain Bike, cavalgada…
– Se você tiver mais tempo em El Calafate e região e se gostar de caminhadas entre montanhas – ou de subi-las -, pode incluir alguns dias em El Chaltén, a 214 km, onde fica o famoso Fitz Roy (não confunda com a cidade Fitz Roy, que fica mais a Leste).
Quem esteve em El Chaltén e tem muitas dicas de lá é o Jair, do Viagens e Caminhos.
– Ali pertinho, também tem um passeio que eu queria muito fazer, mas infelizmente não consegui: caiaque entre icebergs desprendidos do Upsala Glacier
– Um dos passeios mais vendidos em El Calafate é o bate-volta a Torres del Paine, no Chile. Eu preferi ficar duas noites por lá (confira na página-índice de Torres del Paine), mas a Aline do blog Uma Sul Americana fez o passeio e conta como foi.
No post anterior eu disse que El Calafate não é estação de esqui. Não é, mas tem escola de esqui e outras atividades na neve, no Calafate Mountain Park.
Como você deve ter percebido, há passeios contemplativos, para quem não gosta, não quer ou não pode estar em ação e há passeios mais ativos. Seja qual for sua opção, as paisagens são lindas e para nós que moramos em um país quente, a sensação do frio no rosto em pleno verão é algo singular. E venta, venta muito.
Site oficial do parque Los Glaciares: clique aqui.
Posts Relacionados (clique sobre o título para ler mais sobre o Sul da Patagônia)
De El Calafate a Torres del Paine (este post traz links para publicações sobre Torres del Paine)
El Calafate, aquela da geleira Perito Moreno
Perito Moreno: Caminhando sobre o gelo
Patagônia Argentina e Chilena: plano de viagem
Respostas de 14
Oi! Pesquisando sobre El Calafate achei seu blog, Achei muito legal sua disposição em organizar tudo sozinha. Também estou vendo o que é possivel ir/fazer no periodo entre o Natal e Ano Novo, por isso estava pensando em ficar apenas em El Calafate, o que voce acha?Me disseram que o safari/ passarelas/ e minitrekking é feito em 1 dia apenas ou é melhor faze-los um de cada vez. Estaremos indo eu, meu marido e 1 filha de 16a. Grata. Abraços
Oi, Katia, Olha, se você ficar uns 3 dias em El Calafate já terá feito os passeios principais. É bem pequena a cidade. Se não quiser ir a TdP, tem a opção de El Chaltén ou mais longe: Ushuaia. Dá pra fazer esses passeios que vc citou em um dia só, sem problemas, a não ser que vocês queiram explorar bem o parque onde fica a Perito Moreno e fazer picnic, caminhadas, etc. Mas o minitrekking é rápido e tem duração definida, então não adianta reservar um dia só para ele, pois vai sobrar um bom tempo. Boa viagem pra vcs!
Obrigada Marcia pelo retorno. Bjs