Estrasburgo é tão lindinha que eu só queria bater pernas por suas ruas, atravessar pontes sobre canais e observar a rica arquitetura produzida ao longo dos séculos, mas a chuva do final de tarde me convenceu a entrar no Palácio Rohan e escolhemos visitar o Museu de Artes Decorativas instalado no térreo. Que bom pra mim que conheci um pouco mais da história de Estrasburgo e pra você, porque agora dou detalhes desta visita e você decide se vai espontaneamente ou estimulado por uma eventual chuva.
Além da chuva, outra oportunidade me trouxe de volta a Estrasburgo, desta vez para participar da Museum Week 2018, evento mundial em que centenas (milhares?) de instituições ao redor do mundo compartilharão durante 7 dias a #MuseumWeek para divulgar conteúdo cultural. Alguns blogueiros da RBBV, a Rede Brasileira dos Blogs de Viagem do qual o Mulher Casada Viaja faz parte, estão participando com uma Blogagem Coletiva, o que significa que neste mesmo dia 23 todos publicaram sobre algum museu visitado, espalhando dicas de viagem para você. Confira no final deste post os blogs participantes.
O Palácio Rohan
Construído entre 1732 e 1742 segundo projeto do principal arquiteto real, Robert de Cotte, para o príncipe-arcebispo de Estrasburgo Armand-Gaston, que segundo os tweets da época era filho ilegítimo do rei Sol com Anne de Rohan-Chabot, 0 Palácio de Rohan é Monumento Histórico Francês e obra prima da arquitetura barroca francesa e desde 1889 sede do Museu de Belas Artes. Em 1913 recebeu o Museu Arqueológico e o de Artes Decorativas em 1924.
Nossos governantes (imperadores, reis e mais recentemente presidentes) têm sido grandes viajantes, passando temporadas em diferentes castelos ou promovendo encontros para selar tratos. O Palácio Rohan recebeu alguns nomes bem conhecidos nossos: Luís XV, Maria Antonieta e Napoleão, e mais recentemente Fançois Mitterrand, Margaret Thatcher e até Barack Obana – e hoje pode receber você que tiver a sorte de conhecer Estrasburgo, a capital da Alsácia.
Leia também: Dicas e Roteiro de 3 Dias pela Alsácia e sua Rota do Vinho
Coleção do Museu
A exposição se divide em dois setores: objetos, tapeçarias, mobiliário do século 18 expostos nos apartamentos reais e a coleção de de arte decorativa francesa do período de 1681 a meados do século 19. A visita começa pelos salões barrocos e acabei me demorando um bocado ali, pois não sabia que haveria tanto para ver. Não foi difícil ter a sensação de estar em Versailles, mas com uma vantagem: não havia uma multidão impedindo a observação dos ricos detalhes em cada cantinho.
Durante a Revolução Francesa, grande parte do mobiliário original foi vendido e detalhes decorativos destruídos durante a Guerra Franco-Prussiana, em 1870. Depois do bombardeio em agosto de 1944 um trabalho de restauro e busca por objetos remanescentes se iniciou, e ao longo dos anos novas peças vêm sendo confeccionadas com a aparência das originais.
O século 18 é considerado a era dourada na historia do artesanato de Estrasburgo, com destaque para a cerâmica fina, trabalhos têxteis, arte em metal e os ourives da cidade eram respeitados por toda Europa.
O dossel vermelho da cama real é uma cópia de 1989 da cama exposta no Castelo d’Aay-le-Rideau, no Vale do Loire. E por falar nisso, leia nossas dicas e roteiro pelo Loire e seus Castelos .
Além de livros, esculturas e tapeçarias, na biblioteca você encontrará cópias dos retratos dos reis Luís XIV e XV feitas em 1950, cujos originais se encontram em Versailles. A tapeçaria retrata a vida do imperador Constantino, criada a partir de obras de Rubens.
Abaixo, os aposentos decorados para Napoleão Bonaparte, cuja esposa passou vários meses no Palácio Rohan.
Já no segundo setor do museu, uma das salas de que mais gostei foi a dos relógios, uma exposição fantástica de relógios astronômicos e peças relacionadas, inclusive do primeiro relógio astronômico instalado na catedral de Estrasburgo.
Infelizmente o museu estava fechando e fomos enxotados, com as luzes se apagando e o funcionário na nossa cola, não teve jeito, tivemos que sair sem ver boa parte da coleção do setor de objetos.
Vale a pena a visita? ôpa, muito, mesmo que você já tenha caminhado por salões de vários outros palácios, uma viagem no tempo assim é tudo de bom. Ou talvez você não se interesse muito por este tipo de museu, mas eu acho fascinante poder espiar como eram a mobília e objetos de época, pois aprendemos Historia na escola, mas muito pouco sobre a rotina nos séculos passados, seja de cidadãos comuns, seja de nobres. Se você também curte saber detalhes do dia a dia em outros séculos, sugiro o livro Paris no Tempo do Rei Sol, de Jacques Wilhelm, e outros títulos da Coleção Vida Cotidiana, que detalha os mais corriqueiros afazeres de várias épocas históricas.
Ms é claro que aprender in loco, viajando, é muito mais interessante e marcante. Por exemplo: eu sempre achei que lareiras eram responsáveis por manter castelos e palácios aquecidos no rígido inverno europeu e achava estranho quando não as via acesas em filmes retratando período do século 18 em diante. E foi, antes do advento do pai-google, viajando que descobri as salamandras, como esta da imagem abaixo, parte integrante do apartamento do bispo-príncipe – que não é o cara da foto.
Horário de Funcionamento do Palácio Rohan
Funciona diariamente das 10h às 18h, exceto às terças-feiras.
Ingressos
Compre seu bilhete na bilheteria do museu (€6,50).
Se tiver mais tempo em Estrasburgo, faça as contas e economize ao comprar o Strasbourg Pass (€21,50), o cartão de descontos que inclui visita gratuita a 1 museu (inclusive do Palácio Rohan), passeio de barco pelos canais, visita à plataforma e Relógio Astronômico da Catedral de Estrasburgo, além de desconto de 50% num segundo museu, num áudio guide pelo centro histórico e outras atrações. Pode ser adquirido no Office de Tourisme, em frente à magnífica Catedral de Estrasburgo. Como gosto muito de perambular pelas ruas, raramente compro o passe, mas ele nos foi oferecido pelo Office de Tourisme de Strasbourg.
Outros blogs que participaram desta Blogagem Coletiva
- Destino Compartilhado – Lyon – Museu do Cinema e da Miniatura
- Farrabadares – Roma – Mercado de Trajano Museu dos Fóruns Imperiais
- Let’s Fly Away – Santiago – Museu Chileno de Arte Precolombino
- Guia do Nômade Digital – Lima – Museu Larco em Lima, Peru: Como é a visita e mais
- Buenas Dicas – Bogotá – Museu Botero
- Chicas lokas – Boston – Museu de Artes de Boston
- Tá indo pra onde? – Museus da Ferrari em Modena e Maranello
- Turistando.in – Viena – Museu Albertina
- E aí, Férias! – Roma – Museu Nazionale Romano
- Viagens Invisíveis – Viena – Museus imperdíveis em Viena
- Um Olhar Novo – Lisboa
- Café Viagem – Museu Mercedes-Benz – atração imperdível em Stuttgart na Alemanha
- Se Lança – Museu do Apartheid em Joanesburgo
- Ligado em Viagem – Museu da Revolução em Havana, Cuba
- Vamos Por Aí – Museu do Meteorito em San Pedro do Atacama
Respostas de 17
Já caminhei por vários salões neste estilo, mas ainda assim achei esse lindo pelas suas fotos. Parabéns pelos cliques. Espero ir no próximo inverno.
Tão bom quando podemos fotografar o interior de palácios – e tão raro ser possível. Aproveitei!
Uau, que lindo palácio! Adoro esses museus e lugares que mostram como as pessoas viviam nos séculos passados, com móveis preservados.
Que museu liiiiindo!! Como você sou apaixonada por esse tipo de museu. Amei a sua escolha e já estou sonhando em conhecê-lo.
Obrigada por compartilhar sua experiência neste local tão encantador! Abraços!
Obrigada pela visita!