A maior parte dos turistas fica apenas 1 dia em Verona, então meu itinerário abaixo é perfeito para eles. Quem passa ao menos uma noite em Verona, pode ler O que Fazer em Verona, sobre a tarde de minha chegada, quando basicamente visitei a Ponte Pietra, o Rio Ádige e a Piazza delle Erbe.
Neste post deixo o roteiro de Verona com as atrações principais: As praças principais, a Arena, a Casa de Julieta, o Castelvecchio.. Para quem tem
O centro histórico de Verona é limitado naturalmente pelo rio Ádige por três lados, o que faz dela uma cidade convidativa para passeios ao longo do rio. Sua relevância geográfica e econômica exigiu a construção de muralhas e portas ao longo de séculos. Se quiser saber mais a fundo sobre elas, aprenderá um pouco sobre a história de Verona e curiosidades, então te convido a ler Muralhas e Portas de Verona: personagens reais da História.

Este roteiro de 1 dia em Verona é parte dos 12 dias pelo Norte da Itália e Toscana, que fiz com uma amiga. Nos hospedamos num apartamento em frente à Corte Sgarzerie, sob a qual fica uma área arqueológica onde estão os restos do Capitolium, o principal templo da Verona romana, dedicado a Júpiter, Minerva e Juno.
A praça mais antiga de Verona
Começamos com um café da manhã na Piazza dell’Erbe no melhor estilo slow travel. O Norte da praça tem vários cafés e restaurantes e é engraçado ver que ao final do dia todas, todas as mesas têm o drink Aperol Spritz. O aperitivo pode ter começado em Milão, mas se espalhou por outras cidades, e é uma forma deliciosa de terminar a jornada – e de economizar: pague o drink e receba salgadinhos de graça. Mas veja antes de escolher um café ou bar o que estão servindo. A batata chips é um clássico, mas um deles ali da piazza servia pipoca, acredita?
A Piazza dell’Erbe é a mais antiga e principal praça de Verona e como denuncia o nome, foi um mercado de frutas e verduras na era medieval. Note o prédio domus mercatorum, uma espécie de bolsa de valores da época onde se decidia o custo de grãos, alimentos e outros produtos. Também foi o centro do poder romano: ali se localizava o Forum Romano (pausa para você dizer ohhhhh).
É uma praça para parar e admirar e com isso viajar no tempo imaginando-se em outros séculos. O osso de baleia pendurado sob o Arco della Costa é um lembrete das superstições da era das trevas; a Berlinda onde eram lidas novas leis e sentenças proclamadas e em cuja base ainda se vêm as marcas medievais usadas para pesos e medidas. Os afrescos renascentistas ainda visíveis nas fachadas. O Palazzo Maffei, decorado com estátuas de deuses gregos, e à sua frente a coluna com o leão de São Marcos, símbolo da República de Veneza.



No centro da praça, a fonte Madonna Verona, uma personificação simbólica da cidade, fazia parte do Forum Romano e foi construída no ano 380 dC. Hoje, infelizmente, boa parte da praça é tomada por barracas de artigos made in China. Seria tão mais agradável se fosse livre, não?
Julieta
Depois fomos pegar no seio da estátua da Julieta, abaixo do balcão onde teria vivido a protagonista que inspirou a obra Romeu e Julieta de Shakespeare. Há uma superstição que tocar o seio direito traz sorte no amor. Acredite ou não em superstições, é daquelas coisas para fazer 1 dia em Verona.
Prepare-se: o pátio é pequeno e sempre tem muita, muita gente. Cuidado com bolsos e bolsas, acima de tudo, pickpockets ovunque! O corredor de acesso ao pátio também é sempre cheio e suas paredes sempre rabiscadas, além de bilhetinhos presos com chicletes… Nada romântico, né?


A Casa de Julieta (Via Capello, 23), assim como a de Romeu na Via Arche Scaligeri, são invenções para turistas e não há registro de que as respectivas famílias rivais – Montague = Montecchio? e Capello = Capuleto? – que nelas habitavam foram inspiradoras da obra de Shakespeare, que nunca esteve em Verona. É daquelas mentiras que piscam pra gente e a gente pisca de volta.
O acesso ao pátio onde está a estátua é gratuito, mas a casa do balcão é um pequeno museu e ingressos são cobrados para a entrada. A loja de bordados que tem uma entrada no pátio vende um doce como ingresso para ver o pátio da janela do segundo andar, caso você queira.
Ah, se você for a Munique, na Alemanha, há uma réplica da estátua na praça principal da cidade, a Marienplatz. Sem fila e sem chiclete. Mas não é Verona…
Verona card, para economizar
Uma forma de economizar nos ingressos em Verona é comprar o Verona Card, que dá acesso gratuito à Arena, museus e monumentos da cidade, além de transporte público ATV. Compre antes da viagem, sugiro dois fornecedores confiáveis: a Tiqets que comercializa o Verona Card e o ônibus hop-on hop-off e a Get your Guide, que vende o cartão de 24h ou 48h.
Caminhamos pela rua mais movimentada de Verona, a Via Mazzini, que leva à Piazza Bra. A Mazzini tem lojas de grife e está sempre muito cheia de gente, ainda mais aos domingos, quando suas lojas estão abertas e o comércio em geral fechado.
Atualização: Dez anos depois, voltei a Verona para um curso de italiano, e fiquei 1 mês na cidade. Eu fugia da Mazzini como fazem todos os veroneses, usando as vias paralelas. Veja na página-índice Itália os artigos com novas dicas de Verona depois dessa experiência maravilhosa. Vi uma Verona ainda mais rica e encantadora.

A grande estrela da Bra
A Bra é outra praça importante, onde fica a Arena de Verona, a terceira maior da Itália, menor, mas mais antiga que o Coliseu de Roma, e que teve seus dias de gladiadores, também. Hoje você pode visitá-la e assistir a espetáculos de dança, concertos e às famosas óperas, que acontecem no verão, de junho a setembro. Para ver a programação e comprar ingressos, clique aqui.

Atualização: durante meu ‘intercâmbio’ em Verona, passei todos os dias pela Piazza Bra, pois a escola de italiano era na vizinhança da Arena. Tive a chance de assistir a 2 espetáculos na Arena, uma experiência inesquecível.
Além da Arena, na Piazza Bra você vai encontrar uma praça arborizada com uma estátua de Vittorio Emanuelle II – e se você estiver se perguntando porque há tantas estátuas e galerias e homenagens a ele, saiba que ele foi o responsável (ou levou as glórias) pela unificação do país e o proclamou como Reino da Itália, sendo conhecido como o Pai da Pátria. E isso é tão recente que chega a assustar, se pensarmos como a Itália é antiga: esse reinado durou de 1861 a 1946!

A prefeitura de Verona fica ali na Bra, no Palazzo Barbieri, do século 19, ao lado da Arena. À direita da foto a muralha medieval e a porta de acesso ao bairro Citadella.

À esquerda da Arena, as casas em tons terrosos abrigam restaurantes no térreo.

Eu me lembro do impacto que a muralha e a arena causaram em mim na primeira visita a Verona, assim como os Portoni della Bra e seu relógio. Ainda acho o conjunto maravilhoso, mas a sensação da primeira vez é única.

Deixamos a Piazza Bra caminhando pela Via Roma. Logo na esquina fica o Museu Lapidário Maffeiano, mas só visitamos o pátio porque 1. é gratuito; 2. o tempo urge para quem tem apenas 1 dia em Verona!

Castelvecchio
No final da Via Roma fica o Castelvecchio, construído no século 14 para fins militares. O acesso ao pátio (corte d’Armi) é gratuito. Quem tem o VeronaCard não paga para entrar no museu do castelo. A placa da entrada menciona Carlo Scarpa, que restaurou nos anos 1960 o castelo e peças para o acervo do museu, como estátuas, pinturas, cerâmica e outros objetos veroneses do século 14 ao 18.
Mesmo quem tem apenas 1 dia em Verona precisa encontrar tempo para caminhar pela ponte di Castelvecchio, que só foi aberta ao público em 1870. Ela também foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e reconstruída entre 1949 e 1951. Lá na época dos Scala, a ponte era usada apenas como rota de fuga em caso de ataques ou revoltas populares – taí o motivo de haver um fosso no castelo também no lado voltado à cidade.

Na Corso Cavour, ao lado do castelo, fica o Arco dei Gavi. Esse arco romano do século I dC foi totalmente demolido enquanto Napoleão dominava a Itália e reconstruído nos anos de Mussolini graças a estudos da arquitetura clássica feitos nos anos do Renascimento. Sob o arco, as pedras escuras são uma amostra da estrada imperial que unia Gênova a Aquileia, cortando o norte da Itália. Sua localização original era na Rua Cavour, à frente da torre do relógio do castelo, onde ainda se vêem as marcas de sua base, olha que legal!

Atrás do arco, outro ponto bonito para ver o Rio Ádige (no post anterior você encontrará várias fotos do ponto mais bonito do rio, na ponte Pietra).

A Corso Cavour é bem menos muvucada e ótima para caminhar, embora não seja uma rua de pedestres, e no final dela fica a Porta Borsari, olha que linda!
Para saber mais sobre Porta, leia Muralhas e Portas de Verona: personagens reais da História.

Piazza dei Signori
Seguindo na mesma rua, que muda de nome e passa a ser Corso Porta Borsari, saímos novamente na Piazza delle Erbe. Esta é outra praça que não pode perder mesmo quem tem apenas 1 dia em Verona. Minha amiga foi fazer compras e eu fui explorar a Piazza dei Signori, conhecida pelos veroneses como Piazza Dante, o pai da língua italiana e autor da Divina Comédia. A estátua é de 1865, erguida em comemoração ao sesto centenário do nascimento do poeta. Dante Alighieri viveu em Verona após o exílio de Florença, antes de passar os últimos anos em Ravenna.

Nesta praça ficam importantes edifícios governamentais do passado e presente, como Domus Nova, Palazzo della Ragione (hoje Galeria de Arte Moderna), Loggia del Consiglio (sede da prefeitura de Verona), e Palazzo del Podestà.

O Palazzo della Ragione tem acesso ao Cortile del Mercato Vecchio, com destaque para a escadaria de mármore rosado hoje extinta, e a porta gótica com alegoria de Verona. Também é ali o museu de Arte Moderna e o acesso à Torre de Lamberti, a mais alta construção de Verona, com 84 metros. Começou a ser erguida no século 12 e sofreu várias intervenções, como se pode ver pela diferença de materiais, como tijolos e tufo alternados em camadas, quando tinha apenas 37 mestros de altura. Apenas no século 15 foi adicionada a parte em tijolos e mármore branco como vemos hoje. O relógio que fica na face voltada para a Piazza delle Erbe, foi acrescentado somente em 1779.


Para chegar ao topo, você pode subir os 368 degraus ou pegar o elevador que chega até o ponto acima do relógio, restando outros 125 degraus para chegar até o campanário. O sino menor marcava as horas e também era acionado em caso de incêndios. O maior tocava o terror: chamava a população para pegar as armas em tempos de guerra. A vista é muito interessante.


A entrada para a Torre pode ser comprada na bilheteria do Palazzo del Mercato Vecchio/Palazzo della Ragione e dá acesso ao elevador e à Galleria d’Arte Moderna Acihlle Forti. Se você tiver o Verona Card, ambos são gratuitos.
O acervo de arte (pinturas e esculturas) do museu pode ser visitado rapidamente. Além da capela dei Notai ricamente decorada, o acervo não me impressionou muito. As instalações do museu são modernas, com santo ar condicionado e há guarda volumes e banheiros bem equipados.
Saindo do museu meu estômago resmungou e comi uma deliciosa bruschetta na Via delle Fogge, uma simpática rua de pedestres recheada de mesinhas que sai da Piazza dei Signori.
Seguindo à direita na praça, na saída do museu, você encontra o monumento gótico, o Túmulo dos Scaligeri (Arche Scaligere), onde estão sepultados membros da família Scala.

As atrações deste e do O que Fazer em Verona além de apaixonar-se são o básico para se fazer em Verona em 1 dia, mas faltaram as igrejas fantásticas, o Jardim Giusti, o Castel San Pietro… Então te convido a encontrar mais dicas de Verona e região na página-índice Itália.
Espero que como eu você também se encante com Verona!









Respostas de 17
que cidade encantadora e lotada Marcia, quero muito conhecer várias cidades da Itália, estão faltando algumas e Verona é uma delas, adorei a arquitetura e parece ser bem romântico também!
Flavia, acho que qualquer lugar é romântico quando estamos apaixonadas, mas essas cidades italianas ajudam! Rsrs
que triste isso das pessoas ‘rabiscarem’ as paredes dos lugares 🙁 concordo com o que disse sobre os lugares nos marcarem, e não o contrário. no mais, verona é uma cidade muito linda! tenho muita vontade de conhecer a itália um dia <3
Adorei o post! Já pesquei várias diquinhas dele pro meu caderninho de anotações. O dia que finalmente for conhecer Verona vão ser muito úteis no meu roteirinho.
Eu realmente não tenho o hábito de desejar mal às pessoas, mas quem se atreve a rabiscar os lugares históricos (qualquer lugar que não seja a casa deles, na verdade) merece, no mínimo, uma dor de barriga muito muito séria. Que raiva!
Voltando a Verona, meu Deus, quanta história! Maravilhoso. Kkkk só eu tive a impressão pela foto de que a Porta Borsari estava prestes a desabar??
Kkk você foi fofa desejando só uma dor de barriga! Quanto à Borsari talvez vc tenha tido essa impressão por causa do mármore usado no revestimento, que por ser poroso desgasta muito também. Mas não tive essa mesma impressão, não. Abraços
também não sei qual seria minha reação ao ver as pessoas rabiscando a parede assim.. por mais que tenha virado “tradição”… e que bruschetta MARAVILHOSA Márcia :OOO
Não tem jeito: bruschetta boa é na Itália, cerveja ao é na Alemanha, linguiça boa é na Áustria, Hambúrguer bom é nos EUA, baguete boa é na França, e por aí vai. rsrsrs
Eu seguiria a tradição de tocar a estátua com certeza! mal não faz né? Mas também acho vacilo rabiscar paredes! :/ Sonho em conhecer Verona exatamente por causa da Julieta. Engraçado como a literatura pode influenciar nossa alma viajante 🙂
Klecia, a romântica? Vá, sim, é uma cidade encantadora.
Como Verona é linda (e cheia de gente também, minha nossa! haha) – adorei o post, Márcia, tantos detalhes legais que você mostrou. Também iria ficar super chateada vendo essa parede toda rabiscada assim e os turistas não respeitando os avisos, eu não entendo essa necessidade das pessoas de sairem fazendo essas coisas.
Ai, a Itália sempre muito encantadora <3
Verona é linda demais, preciso muito conhecer, amei o post.
Nossa, que feio não respeitarem a questão das paredes.. ficou tão poluída toda rabiscada, triste as pessoas fazerem isso.
A Arena de Verona é linda! Eu, como estudante de arquitetura, amo ver fotos (e espero ter importunidade de visitar e ver de perto) essas “obras de arte” a seu aberto que a Itália tem a oferecer.
Seus relatos sobre as suas viagens são muito legals!
Beijo
jesus amado quanta gente nesse lugar hauehaue atá entupidaço! isso era junho? achei aquela multa ali mó pesada, ce ta loooko pagar €1.039 por um rabisco aheuaheua
Guria, ninguém paga nada, é igual ao Brasil, um monte de lei que não é cumprida! As cidades históricas italianas estão sempre lotadas, principalmente no horário comercial. Mas não se assuste, isso é assim nas áreas mais populares. As ruas mais escondidinhas ficam bem vazias.
Adorei o blog, parabéns!
Farei um bate e volta a Verona partindo de Veneza.
E o percurso se dará por trem.
Qual seria o melhor de ida e retorno? percebi que vale mais a pena comprar o bilhete online com um pouquinho de antecedência.
Oi, Maite, bem-vinda ao blog! Não entendi sua pergunta, qual o melhor horário, é isso? Quanto mais cedo, melhor, todas as cidades turísticas da Europa ficam muito cheias das 10h às 17h. Sim, eu costumo comprar bilhete de trem tão logo estejam disponíveis (em geral 90 dias antes da viagem). Compre direto na Trenoitalia ou Italo.