Não foi Madri ou Barcelona que me levou à Espanha. A herança mourisca, as casinhas brancas, as tapas, o flamenco e até os vasinhos coloridos ganharam minha atenção e por isso montei um roteiro de 10 dias pela Andaluzia, depois de outros 10 pelo Marrocos. Afinal, apenas 14 km de mar separam os dois países. Veja Como é a travessia de balsa pelo Estreito de Gibraltar entre Espanha e Marrocos.
Deixo aqui o roteiro para você se inspirar e copiar, mas como cada viagem é única, ofereço também o serviço de roteiros personalizados:
Roteiro de 10 dias pela Andaluzia
Versão resumida do que fazer na Andaluzia. Acompanhe na página-índice Espanha as publicações dedicadas a cada cidade, com o relato completo e dicas específicas.
Dia 1: chegada pela manhã
Chegada em Algeciras (leia mais abaixo como chegar), retirada do carro a 2 quarteirões do porto. Parada para almoço e breve passeio pelo centrinho de Estepona. Continuação a Marbella, onde ficamos 2 noites.
Caminhamos pelo Passeo Maritmo até a Av Del Mar, onde estão 10 esculturas de Salvador Dali. Alguns degraus e estamos na Alameda Parque, onde bancos azulejados pintados contam a história local. Dois quarteirões depois estamos na Plaza de los Naranjos e nas ruelas charmosas do centro histórico, onde fica o Castillo de Marbella e a Igreja de Nossa Senhora da Encarnação. Apegue-se apenas a esses nomes e perderá a delícia que é Marbella.
Dia 2: Marbella
Deveria ser um dia para bate e volta a Málaga, mas gostamos tanto de Marbella que ficamos. Valeu sacrificar Málaga, Marbella tem um ritmo delicioso que mistura o clima praiano com o charme dos centros históricos europeus.
Dia 3: Málaga pela manhã e viagem a Granada.
Cidade grande, eu não tinha expectativa de ver muito de Málaga com o pouco tempo de que dispúnhamos. Caminhamos pelo belo porto, atravessamos as alamedas arborizadas do parque de Málaga, e visitamos a catedral e o Teatro Romano, além de garantir um souvenir enquanto passeamos pelas ruas pedonais do centro.
A tarde em Granada foi para visitar as atrações do centro histórico: catedral e a capela Real, Plaza de Bib Rambla, caminhar pelas ruas sem destino certo.
Dia 4: Granada
Dia de conhecer a imensidão que é Allambra! Mesmo depois de visitar Marrocos, ainda encantou. A chuva nos empurrou para comprinhas e siesta à tarde, mas ainda a tempo de ver o por do sol do Mirador de San Nicolas e ver a vibrante noite do Albaicin – e já matar saudades do Marrocos tomando um chá de hortelã numa casa com sotaque árabe!
Dia 5: Viagem a Ronda (185 km)
Boa surpresa neste roteiro pela Andaluzia! Achei que Ronda fosse apenas o cânion sobre o rio El Tajo, mas é uma cidade charmosa, com boas opções gastronômicas, bom comércio e atrações como a Plaza de Toros, os belos Jardines de Cuenca e trilha até Arabic Arch.
Dia 6: Pueblos Blancos
Ronda a Setenil de las Bodegas (20 km), depois a Olvera (16 km), Zahara de La Sierra (30 km), Arcos de La Frontera (53 km) e no início da noite chegamos em Sevilha (90 km).
Cada cidadezinha tem uma característica diferente, eu não saberia dizer qual foi mais interessante, mas sei qual foi menos. Falo a respeito mais abaixo.
Dia 7: bate e volta a Cádiz
Cádiz não é uma cidade que encanta, mas vale ser visitada por seu valor histórico e não me arrependi do bate e volta a partir de Sevilha. Mas tem seus encantos no centro histórico, com belos edifícios, praças e parques, como o Genovês, e bons restaurantes. E para os gringos, praia. O museu presente no Teatro Romano é muito interessante, não deixe de ir.
Dia 8: bate e volta a Córdoba
O caminho da estação de trem até o centro histórico já é uma atração, caminhando pelos Jardines de la Agricultura. A mesquita-catedral é única e muito diferente de tudo que eu já tinha visto. E por falar em diferente, como pode uma praça ser tão diferente como a de la Corredera? Outra atração de peso é o Alcázar de los Reyes Cristianos. Caminhamos pelas ruas do centro histórico e atravessamos a Ponte Romana. A Calleja de las Flores é uma ruela super disputada para fotos, tenha paciência se quiser a sua.
Dia 9: Sevilha
Pela manhã caminhos pela Plaza del Cabildo e visitamos o Arquivo das Índias até chegar o horário de entrar na maior catedral da Espanha. Subimos a Torre Giralda e visitamos a capela Real. Outro palácio mourisco marcante, o Real Alcázar de Sevilha. À noite fomos ao Museu del Baile Flamenco, onde assistimos a um espetáculo intimista de flamenco.
Dia 10: Sevilha
Caminhada ao longo do rio até a Plaza de Toros e visita ao museu e arena. Torre del Oro (mas não visitamos o museu naval de seu interior), Real Fábrica de Tabaco/Universidade de Sevilha e Palácio San Telmo, sede do governo da Andaluzia.
E chegamos à incrível Plaza de Spaña, certamente uma das mais bonitas do mundo. Conhecê-la junto ao parque vizinho Maria Luísa exigira um dia completo. Pôr do sol em Setas de Sevilha – Metrosol Parasol e jantar no centro histórico para a última refeição na Espanha
Dia 11: Sevilha pela manhã e à tarde trem a Madri Bajaras para voo noturno
Pela manhã atravessamos a animada ponte de Triana avistando remadores no rio Guadalquivir e visitamos os Mercados de Triana e Lonja del Barranco. Museo Del Castillo De San Jorge estava nos planos, mas não deu tempo.
O que eu mudaria nesse roteiro
Achei o roteiro redondinho, e só o mudaria se tivesse mais dias, para curtir 1 dia a mais em Sevilha, e incluir no roteiro pela Andaluzia Sierra Nevada e Caminito del Rey.
Pensei que seria corrido fazer os Pueblos Blancos em um dia só, mas vou ser sincera: é chegar, fazer a principal atração, tirar foto e partir. Não tem o encanto das cidadezinhas da Toscana, na minha opinião. A não ser que você faça uma rota de bike, ou tenha algum objetivo especial, em 1 dia de carro provamos que é possível visitar todas as cidadezinhas que colocamos no roteiro, e com calma. Outro downer é que à tarde as cidades dormem, tudo fecha. Tem que eliminar alguma do roteiro? Setenil de las Bodegas, talvez porque minhas expectativas eram altas, achei sem graça, sem charme, sem nada.
Outras dicas para o roteiro pela Andaluzia
Ingressos
Compre os ingressos de catedrais e demais atrações com antecedência. As filas são gigantes para quem tem que comprar na hora e vi gente que perdeu atração porque não tinha ingresso.
Em Granada – comprei os ingressos de Allambra, apartamentos reais e Generalife, catedral e capela real na Tiqets.
Córdoba – Os ingressos do Alcazar e da Mesquisa de Córdoba comprei no site oficial.
Sevilha – também comprei os ingressos para o Real Alcazar no site oficial, mas para o show de flamenco que adoramos comprei na Civitatis.
A escolha das cidades para pernoite
É bem comum escolher cidades grandes como base para dormir, como Sevilha, Granada e Córdoba. Mas neste roteiro pela Andaluzia duas vezes preferimos ficar em cidades menores em vez de escolhê-las para bate e volta. Marbella, porque achamos que o ritmo praiano cairia bem depois da intensa viagem pelo Marrocos, e Ronda, que pela localização facilitaria o acesso aos outros pueblos blancos. Também preferimos fazer bate e volta a Córdoba pela proximidade com Sevilha, assim evitamos mais check ins e outs.
Onde ficar na Andaluzia: hotel ou apartamento?
Quem manda é o bolso na hora da escolha da hospedagem, item que mais pesa numa viagem, então apenas em Sevilha escolhemos um hotel, pois passamos 5 noites. O Petit Palace Vargas fica no centro histórico e me fisgou pelo terraço e pelo excelente café da manhã.
Nas demais cidades, preferimos apartamentos alugados no Booking.com, todos bem localizados, com elevador e garagem muito próxima. De longe, o que mais gostamos foi o de Marbella: o Las Palmas 1, um estúdio com varanda voltada para o mar, super completo, a 1 km do centro histórico. A proprietária nos recebeu para apresentar o apartamento e entregar chaves. Além da localização e de o apartamento ser lindo, o café da manhã que ela deixou na geladeira era de excelente qualidade, e comemos no terraço olhando para o mar.
Em Ronda, também ficamos num local bom e tranquilo, num apartamento com decoração mais tradicional, atendimento simpático, o La Colegiata de Ronda.
Em Granada, além da localização, o Palacio Cabrera Lilloé muito espaçoso e bem decorado, e fica num prédio lindo, com jardim central típico da arquitetura mourisca.
Como Chegar à Andaluzia
Chegamos à Andaluzia pelo mar, atravessando o Estreito de Gibraltar a partir de Tânger, no Marrocos. Saímos do moderno porto Tanger Med e aportamos em Algeciras. Há várias companhias (usamos a balsa da Balearia) e rotas, nossa escolha se baseou na facilidade de chegar à locadora para retirar o carro alugado em Algeciras. Veja Como é a travessia de balsa pelo Estreito de Gibraltar entre Espanha e Marrocos.
Para o voo Espanha-Brasil, voamos Iberia até Madri, tomamos voo para Casablanca onde começou a viagem pelo Marrocos. Para o voo Espanha-Brasil, voamos Latam Madri-Guarulhos, depois de uma confortável viagem pela Renfe Sevilha-Madri.
Carro ou trem na Andaluzia?
Combinamos as duas coisas: usamos o carro na maior parte do roteiro. Retiramos o carro em Algeciras e o devolvemos no segundo dia em Sevilha, quando fizemos o bate e volta a Córdoba. Reservei na Avis com a Rentcars. Embora ele tenha ficado na garagem em Granada e Ronda, o carro sempre é mais prático quando visitamos várias cidades, poupando tempo e trazendo conforto.
Atenção: muitos funcionários tentam empurrar seguros e em Algeciras o cara foi insistente afirmando que não tinha contratado, circulando com rispidez as centenas de euros que eu teria de pagar em caso de sinistro. Inacreditável chegar no país e ter esse tipo de recepção! Mostrei a ele onde estava escrito que minha locação incluía o seguro, ele ficou com cara de m., mas ainda assim ergueu os ombros como quem diz “eu te avisei”.
Ficar com carro nas cidades grandes é desnecessário e até desaconselhável. As ruas do centro de Granada, por exemplo, são tão estreitas que é difícil acreditar que passam carros, mesmo que seja um por vez – e carros estreitos. O centro histórico é apenas pedonal, e com exceção de Sevilha que é maior, é tudo muito próximo e walkable, e perto de estação de trem.
Trem em Madri
Outra dica é: comprando o bilhete de trem até Madrid Atocha pela RENFE, o trecho do metrô até o aeroporto Bajaras é gratuito – e por isso não é possível comprar antecipadamente, mas essa informação não está no site, descobri lá.
Aprenda sobre a História da Andaluzia
Muitos elementos históricos são fascinantes na Andaluzia, como o domínio árabe, a retomada da Espanha católica no século XVI, a inquisição espanhola, as grandes navegações e a importância que tiveram para a prosperidade da Espanha. Isso a gente sabe dos livros da escola, mas que tal ler Isabel de Castella, a Primeira Grande Rainha da Europa? Escrito pelo historiador Giles Tremlett, eu queria muito ter terminado a leitura antes da viagem, mas não deu tempo e ainda estou para retomá-la. Alguma dica de como fazer o tempo correr menos?
Espero que meu roteiro pela Andaluzia te ajude a desenhar o seu. É uma viagem muito prazerosa, gastronômica e cultural, adorei conhecê-la e voltaria. Se tiver alguma dúvida, deixe-a nos comentários que logo eu respondo.