“Olha, esta cidade é tão bonita quanto Paris!”,
falei baixinho para meu marido, com receio de estar cometendo uma heresia. Rapidamente ele discordou. É difícil mesmo competir com nomes de peso como Paris ou Roma – ou Praga, que acaba sempre entrando na disputa de “a mais bonita” por estar na Europa Central, assim como Budapeste. Dois meses depois que a visitei, escrevo agora enquanto penso no porquê daquela confidência meio sem jeito. Bem, a razão para a comparação é facilmente explicada: palácios à beira de um rio lindo, igrejas ricas em arquitetura, praças arborizadas aqui e ali e detalhes que formam sua identidade única. O distanciamento me leva a pensar que Budapeste é uma das capitais mais bonitas da Europa e é, sim, tão linda quanto Paris, talvez mais agradável e simpática, por não ser tão lotada de turistas.
Então é hora de ir antes que fique! Encontramos vários brasileiros, mas a capital da Hungria ainda fica em segundo ou terceiro plano quando brazucas pensam em ir à Europa. Que pena!
Compartilho algumas das coisas que me trouxeram encantamento, mas o maior você sabe: a gente sente e é difícil de explicar ou listar! Vá lá, então, e confira por você mesmo!
Multiculturalismo
Em cada restaurante ou loja, havia pessoas de outros países, estivessem trabalhando ou tocando seu próprio negócio. E todos com quem falei estavam felizes por viver na Hungria.
Regime Comunista
A Hungria foi o primeiro país que visitei que havia estado sob a Cortina de Ferro do regime comunista. E os reflexos podem ser vistos na arquitetura de prédios mais afastados do centro, no jeito meio rude de os mais velhos falarem e agirem, e até nos avisos sonoros de uma das linhas do metrô, quando tive a sensação de que as portas fechariam e cortariam meu braço fora caso eu estivesse passando pela porta. Que exagero!, mas gostamos de extremos para marcar nossas experiências. Algo muito interessante e que merece respeito é o fato de os húngaros não apagarem seu passado. Com a queda do comunismo, as esculturas e monumentos de Lenin, Marx e tudo o que se produziu no período de 1949–1989 estão hoje expostos no Memento Park. Ponto para Budapeste!
Protesto
Ainda sobre manter a memória, senti uma inveja danada quando vi a reação desfavorável do povo por causa de um monumento erguido na Praça da Liberdade (Szabadság Tér). Desde então as pessoas vêm protestando no local porque o governo aprovou a construção, na véspera do ano de 2014 (!), de um monumento que simboliza a inocência da Hungria durante a ocupação nazista, que teria sido não só pacífica como bem-vinda. Mas eu conto essa historia direitinho no próximo post porque ela me emocionou muito.
Arquitetura
É o tipo de cidade que te convida a olhar para o alto e apreciar os adornos e detalhes dos edifícios. Os telhados coloridos de cerâmica de vários edifícios garantem o encantamento. Talvez empate com Viena ou Praga nesse quesito. E ganhe de Paris!
Budapeste do alto
As vistas do alto são servidas à mesa em prato farto. Além do Morro de Buda (o rio Danúbio dividia a cidade em Buda, onde fica o castelo, e Peste, onde fica o Parlamento), a Basílica de Santo Estevão, o castelo de Buda e Bastião dos Pescadores oferecem vistas lindas da cidade. E quem visitou a cidade na Primavera, verão ou outono de 2015 teve a chance de subir na maior roda gigante móvel da Europa, montada na Erzsébet Tér em apenas 8 dias. A Budapest-Eye tem 65 metros de altura, 41 cabines e leva 332 pessoas de uma só vez. E o melhor: ela não se destaca no horizonte, deixando o protagonismo para os edifícios históricos. Legal essa cidade, não é?
O Rio Danúbio e suas pontes
Danúbio e Viena são nomes que se conectam, mas é em Budapeste que o rio é lindo, lindo, lindo. Todo mundo conhece Danúbio azul, mas eu juro que em alguns momentos eu vi o rio verde. Paris venceria numa competição “caminhada às margens do rio da cidade”, mas não fosse o ruído incessante dos veículos, Budapeste empataria, na minha opinião, claro. Mas passear por suas margens além de prazeroso traz muitas informações e estímulos: ciclovias, o simpático bonde amarelo, largas calçadas, a vista de belos edifícios e palácios. De noite e de dia. Em uma margem e noutra. De bicicleta ou a pé. Ou ao navegar pelo rio, por que não?
O mais belo dos belos: O Parlamento Húngaro
O Parlamento encanta, hipnotiza. É lindo e estava limpinho, branquinho (depois de quase duas décadas de restauro), o que o deixou ainda mais atraente. Lindo de dia e de noite. Não entrei porque achei salgadinho o preço para visitar poucas salas apenas.
O artesanato húngaro
Há décadas eu não visitava uma cidade tão rica em artesanato. Tudo agora é feito em escala industrial, e as lembrancinhas de nossas viagens são muitas vezes feitas na China. Em Budapeste os bordados, ovos de ganso pintados e perfurados, bonecas com trajes folclóricos e brinquedos de madeira nos fazem lembrar uma época em que havia tempo e disposição para o trabalho artesanal. Fiquei imaginando que se a historia recente da Hungria tivesse sido diferente no início do século passado talvez essas habilidades tivessem se perdido.
As termas
Eu adoro uma aguinha quente, então foi uma delícia passar as últimas horas em Budapeste relaxando ora em 38 graus, ora em 24. De quebra, saí para o aeroporto de banho tomado mesmo já tendo feito check out no hotel. Dicas de como aproveitar melhor as Termas do Hotel Gellert, que visitei, estão em post próprio e é só clicar aqui para ler.
As ruas de pedestres
Nosso hotel ficava em uma, a Váci, e à noite era uma delícia passear pelos restaurantes com mesas no calçadão, luzinhas, floreiras… Fez o início do Outono parecer uma eterna primavera. Mais um motivo para morrer de inveja. Sou de São Paulo e sempre penso como nosso centro histórico afasta as pessoas em vez de convidá-las a vivenciá-lo. Temos calçadões, mas não temos segurança.
Do que não gostei em Budapeste
Pode até ser uma observação superficial demais, pois três dias em uma cidade não nos permite ler seu povo. Mas falo de impressões. Chegamos a Budapeste de Viena, onde usamos o transporte público diversas vezes e fomos muito bem recebidos. Ao usar metrô e bondes de Budapeste, notamos, em relação a Viena, um povo mais carrancudo, com cara mais sofrida e mais simplória na maneira de se vestir e de se relacionar. A cordialidade de funcionários do metrô ou mesmo de moradores de Viena não se repetiu em Budapeste. Talvez tenha sido minha experiência. Talvez seja assim mesmo. Apesar disso, olha que engraçado, senti Budapeste mais aconchegante do que Viena. Outro comparativo: se as pessoas acham os parisienses ríspidos, é porque ainda não foram a Budapeste. Mas não deixe que este meu julgamento pese em sua decisão de conhecê-la. Veja bem: se eu tivesse que escolher entre voltar a Viena ou a Budapeste, com certeza eu voltaria à capital da Hungria! Paris ou Budapeste? As duas! Budapeste ou Praga? As duas! Porque eu peguei 3 dias de chuva em Praga e preciso ver a cidade seca um dia.
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Respostas de 15
Estou doida para conhecer Budapeste! Confesso que não sou tão fã de Paris, então acho que me encantaria muito mais por aí.
Abraço,
Gisele, corajosa dizer que não gosta de Paris ahaha.
Agora preciso conhecer Budapeste para tirar a dúvida! rs. Paris eu amo de paixão, porém ainda não conheço Budapeste. Parabéns pelo post!
Oi Márcia! Vou ser muito sincera: às vezes faço uma leitura meio que “dinâmica” de alguns textos de blogs, mas o seu eu “degustei” cada palavra. Li com gosto e deu para sentir realmente como foi sua experiência. Muito bom! Parabéns mesmo!
Jessica, obrigada pelo feedback, que gostoso! Quando a gente curte mesmo o lugar as palavras brotam cheias de emoção. Abraços
Paris eu conheço, Budapeste ainda não. Mas em breve ela vai sair da listinha de viagens. mei o seu post. Deu vontade de fazer as malas e viajar imediatamente.