Sugiro que, se você tiver disponibilidade de tempo e dinheiro, não deixe de conhecer também o lado argentino das Cataratas de Iguaçu. Você já sabe que tudo vale a pena se a alma não é pequena, e Fernando Pessoa se referia às grandes descobertas marítimas, então um passeio turístico um pouco mais complexo não deveria te impedir de conquistar este mundo maravilhoso das cachoeiras do outro lado da fronteira.
Mas continue lendo que vou contar como é o lado argentino das Cataratas, onde comer, como é a travessia da fronteira, e minhas impressões da visita.
Patrimônio Natural Mundial pela Unesco desde 1984, uma das maravilhas naturais do mundo, títulos e nada do que eu li, ouvi e vi em imagens foi suficiente para me preparar para o que senti diante daquelas águas. Embora, como qualquer ser humano, eu aprecie a beleza de cachoeiras, não vou além de admirá-las e fotografá-las, então fiquei surpresa com a energia que senti pertinho delas – no lado brasileiro. Por que será?
Diferenças entre o lado argentino e o brasileiro das cataratas
Bem, a gente só nota diferenças quando tem oportunidade de conhecer e comparar duas coisas, lugares, pessoas, etc, por isso acho importante visitar os dois lados. E porque as experiências são muito diferentes, e um lado vai agradar mais um público que o outro.
O lado argentino tem mais quedas do que o brasileiro, assim como o dobro de área do parque, o que se sente na visita. O lado brasileiro tem vistas mais abertas, desimpedidas, mas as árvores são bem-vindas em dias quentes de sol. Mas outras situações podem ser impeditivas, veja abaixo:
Que lado das Cataratas do Iguaçu é melhor visitar?
Lado brasileiro é melhor para:
- quem tem pouco tempo, como quem vai em final de semana, e portanto privilegiar o lado brasileiro
- pessoas com orçamento limitado, pois o custo de transporte pode ultrapassar R$200, fora o ingresso que também é mais caro no lado argentino
- quem tem dificuldade de mobilidade ou idosos, pois logo na entrada você toma o ônibus do parque que viaja por uma estrada aberta na mata e te deixa a passos das quedas.
Lado argentino é melhor para:
- quem gosta de trilhas, de imersão na natureza. Enquanto eu caminhava pelas passarelas, ficava imaginando o quanto europeus devem se admirar com aquela mata linda, com vistas de saruês, micos, etc.
- quem faz questão de ver todas as quedas secundárias das cataratas
A estrutura dos dois parques é também bem diferente, talvez pelo formato da administração. Enquanto o lado argentino das cataratas tem administração pública, o lado brasileiro passa por licitação com iniciativa privada. Atualmente é administrado pela Urbia, empresa criada em 2019 que também administra o parque nacional Aparados da Serra e Serra Geral (SC e RS) e do Ibirapuera, Cantareira e Horto Florestal (SP).
O lado brasileiro tem uma estrutura nova, é mais bonito e organizado. Também achei as lanchonetes e restaurantes com estrutura antiga e comida de baixa qualidade, enquanto no lado brasileiro conta com restaurante de bom nível e praça de alimentação bem equipada e moderna.
Leia também: Marco das 3 Fronteiras em Foz do Iguaçu vale a visita?
Como é a visita ao lado argentino das Cataratas
Logo após a entrada do parque, você pode visitar, na chegada ou no retorno, o Centro de Visitantes, uma espécie de museu com informações históricas do parque, da fauna e flora e do povo guarani. Aliás, ali perto tem uma espécie de feira com produtos produzidos por este povo. Nós paramos na entrada, porque sabia que não teria tempo no final do dia.
Então você pode optar por tomar o trenzinho até o início de um dos circuitos. Acho que ele é necessário apenas para quem vai à Garganta do Diabo, pois para os circuitos inferior e superior, a caminhada pela Trilha Verde de pouco mais de 600 metros é entre árvores e bem prazerosa – e leva o mesmo tempo do trem, considerada a espera.
Os Circuitos do lado argentino das Cataratas
O Parque Nacional do Iguazú tem 3 circuitos principais (no final do post cito as atividades extras): o Circuito Inferior, o Superior e o da Garganta do Diabo. As passarelas dos circuitos são bem estreitas em alguns pontos, o guarda corpo na altura da cintura, o que achei meio perigoso considerando a quantidade de gente que visitava as cataratas daquele dia.
Circuito Inferior e Superior
O circuito inferior tem 1.400 metros de extensão e pode levar mais de 1h30. Com vários pontos para avistar as inúmeras quedas num nível mais baixo, achei o mais bonito. Atenção: tem lances de escada. O circuito superior é menor, com 700 metros de extensão.
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Passarela da Garganta do Diabo
Conhecemos primeiro o lado argentino Cataratas, e como eu disse foi no lado brasileiro que me emocionei mais, talvez porque não caminhamos pela passarela da Garganta do Diabo, que todos dizem ser uma experiência fenomenal. Mas compartilho duas dicas para se emocionar muito nas Cataratas do Iguaçu do lado brasileiro.
Quando escrevi este post, não havia publicado sobre os momentos incríveis desta viagem a Foz do Iguaçu, então procure atualizações na página Paraná.
Você deve ter ouvido a notícia de que em outubro de 2022 a passarela da Garganta do Diabo, no lado argentino, cedeu devido ao enorme volume de chuvas. Em março de 2023, foi reinaugurada, e há projeto para ampliação do espaço, com a construção de uma segunda passarela paralela à já existente, dobrando o número de 400 para 800 visitantes.
A área em vermelho representa o projeto da nova área da passarela; a preta, a passarela já existente
A Garganta do Diabo fica bem na fronteira de Argentina e Brasil. É o trecho das maiores cachoeiras: são 80 metros em 150 metros de largura em forma de ferradura, aquela que aparece em 10 ente 10 fotos das cataratas do Iguaçu. Na época de muitas chuvas, é tanta água que o spray formado impede a visão das quedas da Garganta do Diabo.
Como você pode ver no mapa abaixo, no lado argentino das cataratas, para chegar à passarela da Garganta do Diabo é preciso tomar o trenzinho, incluso no preço do ingresso. Entre tomar o trem, caminhar pela passarela e fotografar, você gastará cerca de 2 horas.
como chegar ao lado argentino das Cataratas, a partir de Foz do Iguaçu
O lado argentino das cataratas fica no Parque Nacional Iguazú, a apenas 26 km do centro de Foz do Iguaçu. Mas considere o tempo gasto na fronteira, que pode ser superior a 90 minutos nos horários de pico, pela manhã e final da tarde.
A demora se deve à conferência de documentos na fronteira. Leve seu passaporte ou documento de identificação (RG) atualizado, de preferência com data de emissão menor que 10 anos. A partir de Foz do Iguaçu, você pode optar por ônibus, tour, táxi ou carro alugado.
lado argentino das cataratas de taxi
Nós contratamos serviço de taxi por indicação do hotel onde nos hospedamos, o Wish Foz. Negociamos o valor de R$ 280, pagos por PIX ao final da viagem de volta, com horário de retorno combinado previamente. Se você não tiver indicação, pesquise cooperativas de taxi da cidade.
Para agilizar a entrada, o motorista pede que preenchemos o fomulário de migração para entregar na fronteira, e vimos a diferença das filas: ônibus e vans, e carros particulares, têm filas maiores do que os taxis.
lado argentino das cataratas de carro alugado
Nós não alugamos carro em Foz do Iguaçu, foi uma viagem para descansar até mesmo das obrigações de dirigir, procurar vaga de estacionamento, etc.
Se você prefere alugar um carro, faça orçamento na Rentcars, o site que uso para reservar aqui no Brasil e no exterior, e saiba que para cruzar a fronteira e dirigir no lado argentino para ir às Cataratas você precisará, além da CNH nacional, da Carta Verde. Esse documento é exigido para dirigir pelos países do Mercosul, uma espécie de seguro cujo valor é cobrado de acordo com o número de dias da viagem. Solicite a Carta Verde a seu corretor de seguros ou a uma seguradora com Porto Seguro, Sul América, Allianz.
Lado argentino das cataratas de excursão
A maior parte das excursões que pesquisei para compartilhar aqui saem da cidade argentina Puerto. Se você estiver hospedado do lado brasileiro, procure uma das inúmeras agências de turismo, se preferir ir de excursão.
mais dicas do lado argentino das Cataratas do Iguaçu
- O parque nacional Iguazu funciona diariamente das 8h às 18h. Último ingresso às 16h30.
- O ingresso pode se comprado pelo site oficial. AR$5.500, e AR$2.000 (de 6 a 16 anos)
- Reserve um dia inteiro – ou dois – para o lado argentino das Cataratas.
- Caso opte por passeios opcionais ou queira conhecer tudo com calma, é indicado visitar o lado argentino em dois dias, pois o parque é bem grande. Revalide seu ingresso ao final do primeiro dia para desconto de 50% para o segundo dia.
- Para comer, o restaurante La Selva oferece serviço de buffet e funciona das 11h30 às 15h30. Como perdemos a hora, acabamos tentando gostar das empanadas (que frustrante, estávamos saudosos de empanadas argentinas) servidas nas lanchonetes, onde você também pode comer hambúrguer, fritas e sorvete. E depois almoçamos num restaurante
- O trenzinho é gratuito e percorre 14 km dentro do parque. Parte da estação central, e faz paradas na Estação Cataratas depois de 10 minutos de percurso, e na Estação Garganta do Diabo, em 15 minutos.
- Além dos percursos das passarelas, a Trilha Macuco tem 7 km de extensão, em meio à mata, onde se avistam espécies da flora, fauna e quedas d’água, claro.
- O passeio de barco chamado Gran Aventura e operado pela Iguazú Jungle pode ser comprado no parque. Nós não o fizemos, pois eu tinha lido que era mais radical que o do lado brasileiro, o Macuco Safari, e também porque tínhamos mais tempo no lado brasileiro do que no argentino.
- Faça o câmbio para levar pesos. Acabamos usando reais e perdemos dinheiro, pois as lanchonetes operam com câmbio desfavorável.
- As Cataratas do Iguaçu, em comparação a Niagara Falls (Canadá-EUA) ganham em número de quedas, em tamanho, em altura. Só perdem em volume e turismo: recebem apenas 1.700.000 pessoas, enquanto a norte-americana tem 12.000.000 ao ano.
- Não se esqueça de protetor solar, repelente, boné ou chapéu e calçado com solado antiderrapante.
Dicas de viagem no universo das águas
Este post faz parte da blogagem coletiva do 8on8, e neste mês o tema escolhido foi ‘água’. Eu não poderia ter pensado em outro lugar que não as Cataratas do Iguaçu! Veja outros destinos onde a água é protagonista:
- Travel Tips Brasil – Circuito mágico das águas Peru
- Destinos Por Onde Andei… – Embalse Potrerillos, Mendoza, Argentina
- Viajante Econômica – De Puerto Varas a Bariloche pelo Cruce Andino
- Entre Mochilas e Malinhas – Ópera de Arame e Parque das Pedreiras em Curitiba
Respostas de 5
Oi Marcia,
obrigada por compartilhar a sua experiência do lado argentino das cataratas de iguaçu!
Eu tenho muita vontade de conhecer e tive que desmarcar minha viagem por duas vezes, por conta de doença, acredita?
Gostei da comparação objetiva que você fez com as características de um lado e de outro, mas acho que eu gostaria mais das trilhas do lado argentino.
Bjs
Mari
Oi, Márcia. Eu visitei o lado Argentino das Cataratas do Iguaçu e gostei muito também. Em setembro vou voltar à Foz do Iguaçu, desta vez com minha família e já estou muito ansiosa para rever todas as maravilhas deste destino incrível.
Iremos à Argentina, e com certeza o lado Argentino das Cataratas do Iguaçu estará em nosso roteiro. Senti saudades da minha viagem solo lendo seu post.
Grande beijo!
Queria ter ido com a minha filha, mas como estávamos só nós duas, não conseguimos. Precisava ter levado uma autorização com firma reconhecida do pai dela autorizando a entrada na Argentina, e não sabia. No Paraguai entramos sem pedirem absolutamente nada.
O lado argentino das cataratas é lindo! Inclusive achei mais bonito até que o lado brasileiro, embora bem mais cansativo – especialmente no verão, pois o calor castiga. Também fui de taxi até lá a partir de Foz do Iguaçu, acredito que seja a maneira mais cômoda de chegar lá.