Visitar Kawaguchi, um dos cinco lagos ao redor do Monte Fuji, é como entrar em um cartão-postal. Embora o Fuji seja o protagonista local, o tranquilo vilarejo foi perfeito para desacelerar entre as estadias nas agitadas Osaka e Tóquio, já entrando na fase final da viagem.
Se você está planejando uma viagem ao Japão, confira a seguir o que fazer em Kawaguchi e região para aproveitar ao máximo essa experiência inesquecível. Ou apenas curta, inspire-se e sonhe. Como diz o ditado, “Uma viagem de mil milhas começa sempre com um único passo”, que pode ser sonhar!

Um ícone merece atenção quando é um dos símbolos do país que visitamos. Quando é um vulcão ou montanha, merece ainda mais minha atenção. E se costuma se esconder entre nuvens, como o Monte Fuji, o melhor é não correr riscos e se hospedar a seus pés. Foi assim que o lago Kawaguchi entrou no nosso roteiro de 18 dias pelo Japão. Talvez você não conheça o nome, mas o famoso parque de diversão, com montanha russa com vista para o Monte Fuji fica a 3 km do lago Kawaguchi.
O que Fazer em Kawaguchi e região do Monte Fuji
Conhecer a pagoda Chureito
Conhecer a pagoda Chureito, no Arakurayama Sengen Park, um dos lugares mais fotografados do Japão, foi a primeira coisa que fizemos. Aliás, antes mesmo de chegar ao lago, assim que chegamos à estação de Kawaguchiko, colocamos nossa bagagem nos lockers e tomamos o trem para Shimoyoshida. Pelo caminho, minha angústia ao ver o aumento das nuvens. Pra piorar, tive uma dor repentina tão forte no quadril que não conseguia subir os degraus. Com pesar, flei para meu marido e filha seguirem em frente, depois descobri uma rampa sinuosa que levava à pagoda e subi no meu ritmo. Acabei chegando junto da minha sedentária filha rsrs, que se arrastou 400 degraus acima.
Chegamos a tempo de ver o pôr do sol, mas não de ver o Monte Fuji dali. Por isso fica a dica: se puder, vá pela manhã. De qualquer forma, ninguém arredou o pé, não sei se com esperanças ou porque estava para sair uma bela lua.

Na descida, a rampa estava iluminada por lampiões tradicionais vermelhos, a luz amarelada acobreando as folhas que cobriam o caminho naquele início de outono. Até a dor parecia menor. À noite, o caminho até a estação foi menos atrativo: sem iluminação, sem calçada, achei estranho um lugar tão turístico com tão pouco preparo. Mas chegamos. E tomamos o trem errado. Quando descobri, descemos e pagamos a diferença para tomar o trem certo. Mas então entramos no vagão errado e o fiscal a bordo nos convidou a trocar. Quanto perrengue!
Veja nos destaques dos Stories do Instagram este e demais dias de nossa viagem ao Japão
Café da manhã típico
Depois de uma consulta telefônica com uma médica (viva o seguro viagem!), compressas de água quente, medicamento e muita dor naquela noite, amanheci bem melhor. Nosso primeiro café da manhã no ryokan foi… para emagrecer surpreendente. Consegui comer 1/4 do banquete, e tive que me desculpar pelo desperdício. Veja mais abaixo sobre o hotel tracional em que ficamos.

Monte Fuji Panoramic Ropeway
Embora não seja como tomar teleféricos nos Alpes Suíços, pois o Monte Tenjo tem pouco mais de 1.000m de altitude, é um bom ponto para observar o Monte Fuji na região do Lago Kawaguchi. Dizem que o pôr do sol neste ponto é uma experiência inesquecível, com o céu tingido de cores emoldurando a montanha, mas garanti a vista do Fuji indo pela manhã.

Além de plataformas com vista para o monte e para o lago, para quem curte fotos instagramáveis tem uma área paga à parte só para registrar fotos num balanço. (nov/24). Lá no alto também tem uma trilha para um outro monte, mas não fomos.
Pagamos 1.000 ienes pela ida e volta no teleférico, e se você quiser fazer o passeio de barco, compre o bilhete combinado para ter desconto.
Corredor Momiji
Depois de um bolo no palito à frente da estação do teleférico, tomamos um taxi até uma animada área à beira do lago onde havia uma feirinha de artesanato e alimentos, perto do corredor Momiji. O atrativo ali é um tunel de árvores que em novembro ficam iluminadas para as pessoas apreciar a troca das cores na folhagem.



Caminhada até Oishi Park
Esta região seria perfeita se tivesse uma ciclovia e faixa para caminhadas, mas não há muito movimento de carros e seguimos a pé para chegar à costa do lago oposta do lago Kawaguchi, de onde estávamos, sempre com vistas do Monte Fuji. Na metade do caminho, que tem cerca de 2 km, paramos numa praia para registrar um dos símbolos do Japão. Os tons dourados da vegetação fizeram um contraste lindo com o azul do lago. Daquelas belezas que guardamos num potinho fofo da nossa memória.

Quando chegamos ao Oishi Park, as nuvens já encobriam o Fuji. Mas ali tem muitos atrativos para quem curte natureza: jardins de lavandas, canteiros multicoloridos, e essa vegetação chamada kochia, que fica vermelha no outono. Ah, o Monte Fuji está ali, do outro lado do lago Kawaguchi, coberto por nuvens.

Mas além da natureza, esta é também uma área bem movimentada, com estacionamento, playground, lojas, pontos de taxi e de ônibus e muitos grupos de turistas. Almoçamos no Hana Terrace, onde lojinhas e cafés são em casas isoladas entre jardins. Comemos no T’s Cafe uma pizza que estava ótima. A cerveja não podia ser outra, com o Fuji no rótulo! Mais tarde provamos o gelato japonês mais pela vista que proporciona no segundo andar do que pela vontade de testar seu sabor.



Tomamos outro taxi e voltamos para o hotel, pois tínhamos agendado um banho termal. Onsens são tradicionais banhos quentes ao ar livre, em geral separados por sexo, pois culturalmente não se usa nenhum tipo de roupa. Muito envergonhados de ficar completamente nus, reservamos um banho privado. O hotel tinha também uma área ao ar livre para banhos, mas não a visitei.


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Outras coisas para fazer no Lago Kawaguchi
E o que não fizemos mas você pode fazer? Veja a relação:
- Passeio de barco no lago, que passa sob a ponte Kawaguchiko e leva cerca de 20 minutos. O porto é bem em frente ao teleférico e o custo é de 1.000 ienes, com desconto no combo com o teleférico.

- Museu de Arte de Kawaguchiko, que exibe obras inspiradas no Monte Fuji
- Parque de diversões Fuji Q Highland, com montanha russa com vista para o, adivinhe, Monte Fuji!

Dicas de Viagem a Kawaguchi
Quantos dias no Kawaguchi
Ficamos apenas 2 noites, o suficiente para conhecer o entorno do lago, mas pouco para quem quer explorar os demais lagos da região, fazer caminhadas, etc. Depender de transporte público encurta horas de nosso dia, e os 2 dias renderam bem menos do que eu esperava. Para quem quer apenas ter a vista do Fuji, um bate e volta de Tóquio é suficiente.
Onde Ficar em Kawaguchi
Escolhemos um hotel tradicional, um ryokan com onsen (piscina termal) na parte do lago mais próxima da estação de trem/terminal de ônibus, o Kasuitei Ooya. Ali também fica o teleférico Mt Fuji Panoramic Ropeway e o porto de onde saem os barcos para navegar pelo lago.
Foi uma experiência muito legal dormir em colchonetes sobre o tatame (mas há quartos com camas ocidentais), abrir a janela e ver o Monte Fuji, e ter um quarto maior do que os que tínhamos ficado em outras cidades. Todos os hotéis, casas e ryokans em que ficamos tínha um purificador de ar, e no Kasuitei tinha um belo jogo de chá com um aparelho elétrico que mantinha água sempre quente para reabastecer o bule ou a garrafa térmica. No armário do quarto, kimonos, meias com repartição para o dedão e chinelos típicos para circular pelo hotel na ida ao banho termal ou para o café da manhã. Quem não curte este tipo de brincadeira?!




Para que aprecia comida japonesa, é uma excelente opção, pois além do café da manhã pode-se optar por meia pensão. Os funcionários são muito educados e prestativos, nível Japão, mesmo. Durante o café da manhã, comíamos sob os olhares das funcionárias vestidas com kimonos sentadinhas no chão, na posição tradicional seiza. Os móveis no restaurante foram adaptados: não tão baixos como os tradicionais japoneses, não tão altos quanto os ocidentais.

Do outro lado do lago, no Oishi Park, uma opção ocidental com ótima nota e tudo moderno é o KawaguchikoUrban Resort Villa.
Como Chegar
A maneira mais comum é chegar a Kawaguchi a partir de Tóquio, de trem, mas também tem a opção de usar o ônibus que sai da mesma estação, até Shinjuku (Tóqiuo). Achei mais cômodo o ônibus pois evita trocas de trem, algo incômodo para quem está com malas grandes.
Nós chegamos ao Lago Kawaguchi de trem bala, a partir de Kyoto. O trem parou em Mishima, onde vi o Fuji pela primeira vez, no terraço de um restaurante na praça-estação de ônibus. Em Mishima, compramos um bilhete de ônibus (mais 1h50), numa viagem em que vamos vendo o Fuji ora à esquerda, ora à direita, ora escondido pelas nuvens.

Mishima é especialmente bonita em abril, quando o festival de tulipas do Grinpa Park providencia um tapete colorido aos pés do Fuji ainda nevado. A cidade também tem a maior ponte suspensa do Japão, a Mishima Skywalk. Tudo pertinho, e ao mesmo tempo tão longe, se dependemos de transporte público. Quantas vezes desejei poder dirigir no Japão, o que encurtaria distâncias…
Melhor Época
A primavera é altíssima temporada no Japão, não só pelo clima ameno, mas principalmente pela floração das cerejeiras que enfeitam campos e parques e emolduram templos. Entre abril e maio, os campos de flores rosa (Shibazakura) criam um contraste impressionante com o Monte Fuji ao fundo. Não anda fácil acertar a data da viagem com a floração, pois a natureza com razão anda incerta. Também é mais bointo ver o Fuji com neve, coisa que não vemos no verão e início de outono.
Conhecemos o Monte Fuji e Kawaguchi na “segunda primavera”, que é o outono. Pesquisei estatísticas e mapas representando o pico do koyo, a coloração do amarelo ao vermelho das folhas que acontece entre outubro e novembro. Programei a viagem começando pelas áreas mais altas, e consegui pegar um pouco das cores nos Alpes Japoneses. Mas na região de Kawaguchi apenas algumas árvores estavam coloridas na primeira semana de novembro.

Para escalar o Fuji, a temporada vai de junho a setembro, quando as trilhas estão livres de neve e os prados alpinos estão em plena floração. Se for seu caso, saiba que desde 2024 há limite diário para subir o vulcão e pagamento de taxa, o que diminui 14% o número de pessoas que escalaram o Fuji, em relação a 2023.
O inverno é o período em que o céu fica mais claro e por isso mais certo ver o Fuji. Também tem o festival de fogos em Kawaguchiko. O verão no Japão é muito quente, e ao menos que vá curtir praias, evite.
Como circular em Kawaguchi
O sightseeing bus é um ônibus tipo hop on hop off que circula durante o dia pelos lagos da região do Monte Fuji. Como passamos apenas 2 dias em Kawaguchi, não compramos o passe, pois fizemos as contas e como éramos 3, um taxi não sairia tão mais caro e seria mais rápido e cômodo, mesmo com motoristas falando zero de inglês. É possível comprar um passe de 1 ou 2 dias e existem 3 linhas:
- Linha Vermelha (Kawaguchiko Line): circula ao redor do Lago Kawaguchi, e faz parada nos principais pontos turísticos, tendo a estação Kawaguchiko como ponto de partida.
- Linha Verde (Saiko Line): área mais tranquila e menos explorada da região.
- Linha Azul (Motosuko Line): linha mais abrangente,cobre o Lago Motosu, o Lago Shoji e o Lago Saiko. Obs: o lago Motosu é o que figura na imagem do Monte Fuji da nota de 1.000 ienes.
Agora que conhece Kawaguchi, espero que não visite o Monte Fuji apenas num bate e volta, pois como você viu, é uma região que merece seu tempo. Se tiver uma pergunta, deixe-a nos comentários.