O que você acha de guias turísticos? Eu não sou muito fã, pra falar a verdade, principalmente desses que acompanham excursões. Com exceção da personagem do filme Falando Grego (My life in ruins), claro. Aliás, taí um título que apesar de não ter nada a ver com o original caiu bem. Mas voltando, eu gosto de guias especializados em uma área: Arte em museus, Historiador em centros históricos, e assim vai. Estou falando isso porque em minha primeira visita a Veneza o guia me falou sobre as estacas que sustentavam Veneza, mas eu não acreditei muito, não. Eu faço perguntas, sabe?, e ele respondeu
superficialmente, eu repeti a pergunta achando que havia sido falha de comunicação e… desisti. Chego em casa e pesquiso, mesmo que leve um tempo. Por outro lado, quando o guia é bom e dá um monte de informação, eu guardo quase nada. Sou assim: preciso ser autodidata, senão não aprendo. Se os guias informassem como a personagem do filme depois que Richard Dreyfuss lhe deu um toque, a coisa talvez ficasse mais leve.
Vou tentar pegar leve para contar a vocês como Veneza foi construída.
Veneza era um conjunto de 65 ilhas, na região de Vêneto, noroeste da Itália. O povo começou a ir para lá muito antes das gôndolas e dos turistas, no século V, quando aquelas terras, ou águas, pertenciam ao Império Bizantino (ah, por isso a arquitetura!). Tudo bem até aqui?
Quatro séculos depois Veneza tornou-se independente e como era um lugar com vista para um mar verde e lindo, o Adriático (versão pessoal da blogueira), ficou super populoso e precisou-se de mais espaço. Como acontece em muitas ilhas, onde não há terra, aterra-se!
No século XI, Veneza já era um dos reinos mais ricos e rota de comércio marítimo entre o Ocidente e o Oriente. Mas um baixinho porreta chamado Napoleão conquistou o território (acho que esse cara inventou o War, mas ocupado com as guerras não patenteou, dançou!) no final do século XVIII e só em 1866 é que Veneza passou a ser parte da Itália, quando o país da bota e a Áustria assinaram um acordo de paz.

MAS COMO ASSIM, ATERRA-SE? É, eu sempre fico impressionada com a engenharia de pirâmides, templos, canais, torres em épocas sem tecnologia. Mas vamos à obra:
? Milhares de pilares de madeira (olha o desmatamento aí, gente!) de 3 a 4,5 metros foram fincados em argila compactada e – pasmem: são os mesmos que estão lá até hoje! A explicação é que por não terem contato como ar, não apodrecem. Minha mente inquieta fica imaginando se alguém confere isso de vez em quando. Dá um filme-catástrofe legal de Hollywood, hein?
? Sobre os pilares foram dispostas tábuas, que receberam pedras calcárias provenientes do outro lado do Adriático, onde hoje é a Croácia. A ideia, que funcionou, era barrar a passagem da água e então aterrar com material vindo do fundo dos canais.
? Depois paredes de tijolos foram levantadas para marcar os limites da ilha e vários pequenos canais se formaram.
VOCÊ SABIA…
– que em frente ao Palácio Ducal, onde hoje é a Praça San Marco, havia um porto que foi aterrado no século XII?
– nos últimos 100 anos Veneza afundou mais de 20 centímetro? foram 7,5 cm em função da elevação do nível das águas e mais de 15 cm em razão da compressão natural do solo somada à exploração de poços artesianos.
– o número de turistas em Veneza é quase igual ao de moradores? São 50 mil visitantes por dia, enquanto há 62 mil moradores.
– que existem 409 pontes? (E eu achando que tinha cruzado muitas…)
– os canais pequenos têm profundida de 2 metros?
– o Canal Grande tem 106 metros de largura?
– a ponte Rialto foi inaugurada em 1591, a primeira sobre o Grande Canal?
- no século XIII a Praça San Marco foi pavimentada com ladrilhos em padrão de espinha e tinha linhas que organizavam o mercado local? No século XVIII houve nova reforma (puxa, assim as lojas de material de construção não resistem! cinco séculos entre uma obra e outra?!) e no seguinte mais uma, para alívio do Castorama, C&C, Telhanorte…
– o diminutivo de Veneza é Venezuela?
– Veneza tem 6 bairros, chamados Sestieri (San Marco, Cannaregio, Santa Croce, Castello, San Polo, Dorsoduro) e a numeração das casas não é de acordo com a rua, mas do bairro?
– a palavra ciao tem origem veneziana? As pessoas se cumprimentavam dizendo “s-ciavo vostro”, que significa “seu servo, a suas ordens” e com o passar do tempo ficou “s-ciao” e finalmente “ciao”. Vosmecê sabia disso?
Interessante, né? Mas eu ainda prefiro te dizer que Veneza é uma cidade apaixonante, apesar da multidão, da aparência decadente, da comida ruim, dos preços altos. Gosto tanto que dói!
Ciao!

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Adorei a postagem! também adoro Veneza, que sempre me toma tal qual um mistério, por mais que se explique sua construção…
Tenho visitado teu blog quase diariamente, pois além de gostar do que você escreve, me identifico à posição de “mulher casada viaja”…
Oi, Valéria, Desculpe, não sei porque meu comentário não foi publicado. Obrigada por deixar seu comentário e por estar a bordo do blog! Abraços
Adorei seus comentários e curiosidades sobre a bela Veneza. Estou no barco, a caminho do aeroporto, me despedindo da cidade, passei quatro dias incríveis aqui. (Só discordo da comida ruim, eu dei sorte, comi muit bem!)