Este é o segundo post do Roteiro de Viena, de uma série de três, e relata nosso segundo dia (30 de setembro) na capital da Áustria e traz dicas e fofocas sobre a Imperatriz Sissi. Não deixe de ler o guia de Viena e os demais relatos desta viagem na página-índice sobre Viena.
Dia 2 – Museu do Mobiliário, Catedral Santo Estevão, Graben, Peterskirche, Confeitaria Demel, Hofbug (Museu da Prataria e Museu Sissi), Parque de Diversões Prater, Votivkirche, Volksgarten e Wiener Wiesn Fest
Nosso café da manhã foi no Starbucks. Lá um cachorro sentado aos pés de seu dono descansava tranquilamente. Eles também passeiam em metrô e bondes. Aviso: esta série sobre Viena está cheia da mais bem intencionada inveja. O respeito pelos cães – e consequentemente por seus donos – é a inveja número 1 do dia.
Meu pé esquerdo continuou doendo, mas um analgésico resolveu a questão e fomos caminhando até o Museu do Mobiliário, que ficava pertinho do apartamento, mas do lado oposto ao que fomos! Definitivamente, nosso GPS interno estava defeituoso ou ainda não tínhamos instalado o mapinha mental de Viena, que agora está mais tranquilo na minha memória.
O Museu tem uma entrada discreta – o que é de espantar diante de tanta suntuosidade em Viena – e passamos por um pátio que mais se parece com um estacionamento/entrada de serviço. A admissão estava inclusa no ingresso Sissi comprado no dia anterior e por ser perto e relativamente pequeno, e porque eu curto arquitetura e decoração (três motivos já valem, né?), resolvemos dar uma chance a este museu. Poucas pessoas devem fazer isso, porque conosco havia só umas outras 6, mas acho que valeu a pena, pois não se perde muito tempo nele. No andar superior há exposições temporárias, que não visitamos devido a outros compromissos. Além de muitos móveis, claro, há roupas da imperatriz-modelo (já conto porque), pinturas e uma exposição com o mobiliário original do império utilizado nas filmagens da série Sissi, a Imperatriz. O triste é saber que esse empréstimo fez com que muitas peças se perdessem pelo mau uso nos sets de filmagem. Diferente dos demais museus, neste é permitido fotografar sem flash. Claro que tirei foto com a polêmica Sissi!
Tomamos o metrô para a muvucada região da Catedral Santo Estevão, cuja estação mais próxima é a Stephansplatz. Mesmo sob restauração externa, a catedral de Viena impressiona pela arquitetura. E esses telhados coloridos, você confere de perto ao subir na Torre Norte, de elevador.
Uma mesa instalada à direita da Catedral vende ingressos para acessar o elevador para a Torre Norte (€5,50), a que rendeu as fotos deste post, guia de áudio e visita às catacumbas. A Torre sul é mais alta, com 136 metros e 343 degraus. Para saber mais sobre a igreja, visite o website oficial (em Inglês e Alemão).
Fotografei as carruagens e seus cocheiros com roupas de época que formam fila na lateral da igreja e caminhamos pelas ruelas próximas até o número 5 da Domgasse, onde fica o museu Mozarthaus a casa onde Mozart viveu de 1784 a 1787, mas não entramos. Mais informações no website oficial.
Depois foi a vez de percorrer a rua de pedestres Graben, com comércio e restaurantes com mesinhas no calçadão e edifícios de detalhes arquitetônicos fascinantes. Turistas e locais se encontram no happy hour nas mesas do calçadão. E fumam. Como fumam.
Virando à segunda direita, 5 minutinhos depois, chegamos à Petersplatz, onde fica a Igreja de São Pedro (Peterskirche), a segunda igreja mais antiga da cidade e que hoje apresenta acabamento barroco desenhado em 1702. O domo tem um afresco fantástico representando a coroação da Virgem Maria.
Voltamos para os arredores da catedral e comemos nosso primeiro hot-dog vienense! Eu chamei de pão com moeda, porque a mesma mão que manipula o pão é a que recebe seu dinheiro. Sem luvas e sem pudor. Fechei os olhos e fiquei satisfeita que na viagem à Europa Central esta cena se repetiria diversas vezes e eu não teria nenhuma infecção intestinal.
A sobremesa foi muito especial: paramos na histórica Demel (Kohlmarkt, 14), a confeitaria que servia a família imperial, olha como somos chiques. Falando sério, diferente do Brasil, onde um estabelecimento afamado, bem localizado e com produtos distintos cobra por tudo isso, fiquei surpresa ao ver que é tudo muito acessível. O atendimento para quem não quer apenas comprar no balcão não é dos mais rápidos, mas um lugar desses precisa ter o ar respirado, as paredes observadas, o teto vasculhado em busca de histórias. OK, não foi nada disso, eu curti mesmo é poder me sentar e descansar enquanto esperava pela minha torta de ameixa. Ai, que saudade dos meus 20 e poucos anos… Depois da comilança doce, enquanto o café não chegava, subi ao terceiro andar do edifício e vi salas exclusivas e ricamente decoradas, provavelmente usadas para eventos. Ah, e subindo você tem a vista privilegiada da área de preparo de alimentos!
Uma das surpresas do dia ficou por conta do Museu da Prataria (Silberkammer), no complexo Hofburg, residência imperial de inverno, onde ficam também o Museu da Sissi, a Biblioteca Nacional Austríaca, a Escola Espanhola de Equitação (Spanische Hofreitschule), os gabinetes do presidente da Áustria e museus de arte com obras acumuladas durante os quase 700 anos do império Habsburgo.
Visitar um museu como o da Prataria pode parecer chato para muita gente e é realmente meio cansativo, mas dá uma dimensão da suntuosidade (olha essa palavra de novo!) da corte imperial. Apesar do nome, além de prata há mais objetos de louça, com delicadas pinturas florais e vindos de várias partes do mundo. O guia de áudio é bem completo e praticamente explica sobre cada vitrine de objetos, com explicações do material, do artesão, data, ocasião de uso… O ingresso estava incluso no combo Sissi Ticket.
Um lance de escadas e estamos na entrada do Museu Sissi, o Museu-fofoca. As primeiras salas são mais intimistas, seja pelo tamanho dos corredores, seja pelo escurinho do ambiente. O áudio é bem completo, mas não tivemos tempo para ouvir tudo o que estava disponível. Depois visitamos os aposentos imperiais (kaiserappartements): escritórios, quartos, salas de jantar e de jogos, salas de banho e de ginástica.
E já que estamos no museu-fofoca, menina, nem te conto! Sissi tinha a maior neura com beleza! Experimentava vários tratamentos para a pele, banhos de imersão com choques térmicos, passava horas para arrumar a longa cabeleira tão amada por seu marido-imperador. Diziam que colocava bifes sobre o rosto para dormir na esperança de manter a pele jovem e nunca se deixou ser pintada depois dos 34 anos! Sorte dela não haver paparazzi naquela época…
Como não tinha Facebook ou revista de fofoca no Império austríaco, talvez você não saiba que a Imperatriz Sissi tinha uma doença ainda não conhecida na época, a anorexia. Chegou a 45 quilos tendo mais de 1,70m de altura. E mais: quem consegue ter uma cintura de 50 cm de diâmetro?! Sissi! E quando ela adoeceu oficialmente de uma doença pulmonar, as más línguas tuitaram que era doença venérea! Meu São Franz Joseph, não pode ser verdade!
Mas vejam só: eu, você e ela temos algo em comum: SISSI ADORAVA VIAJAR!!!
E este fato parece ser bastante relevante, pois até um póstumo mapinha com alfinetes nas cidades visitadas Sissi ganhou, daqueles que todo viajante viciado tem. Abaixo, repodução do vagão de trem utilizado por Sissi em suas andanças.
Pensando bem, acho que vou escrever um post só para falar da Sissi. Pessoazinha polêmica, ela, não?
Orgulho de mim mesma: não era permitido fotografar no museu e eu resisti bravamente, mesmo vendo outras pessoas burlando a regra. As três fotos acima eu tomei emprestadas de sites da Internet. Vá com tempo pois o audio guide é bem completo e leva bastante tempo ouvir todos os detalhes picantes ou não da vida da Imperatriz. Na saída do museu, uma lojinha com vários produtos inspirados em Sissi.
Já entardecia quando deixamos o museu e caminhamos pelo bem cuidado jardim VolksGarten. Aí volta a sensação de inveja ao ver as pessoas tranquilamente aproveitando o final do dia para caminhar, correr, passear com seus bebês. E tudo limpo, bem cuidado, seguro e silencioso. Tento me convencer que essas benesses se devem ao fato de estarmos numa área turística, centralizada e valorizada, assim como em certas regiões de SP.
Deixamos o parque em frente a Rathausplatz, o edifício da prefeitura de Viena, que fica ao lado do imponente Parlamento, e caminhamos em direção a outro parque, o Sigmund Freud, onde fica a Votivkirche.
Estou até agora esparramando minha inveja diante da beleza, limpeza, segurança de Viena, mas esta igreja tem sua história intimamente relacionada com um fato violento e histórico: em 1853 o imperador Franz Josef estava a caminhar como sempre quando nas redondezas de onde hoje fica a igreja foi atingido pelas costas com uma faca. Como não morreu, a igreja foi erguida como agradecimento. A história completa você pode ler na wikipedia. OK, isso foi à quase dois séculos, não conta.
O maridão queria encerrar o dia por ali, “porque não temos mais 20 anos e não aguentamos mais andar o dia todo”, mas insisti, nos divertimos e ninguém padeceu de cansaço ou sono! Afinal, não é todo dia que você vai à Europa. Tomamos o metrô em direção ao Prater, os pulmões da cidade, para conhecer o parque de diversões de mesmo nome e que tem a roda gigante mais antiga do mundo, a Riesenradplatz.
O Parque Prater é uma área verde pública que até 1766 pertencia à aristocracia como região de caça. O comércio não demorou a aparecer, assim como brinquedos típicos de parques infantis como gangorra e gira-gira. Daí para o que é hoje foi um pulinho. Em 1873 Viena sediou a Exibição Mundial, feira que inspirou em 1889 a construção da Torre Eiffel de Paris, por exemplo, e o Prater recebeu 53 mil expositores. O edifício construído para a ocasião foi destruído em um incêndio de 1937.
A entrada do parque de diversões é gratuita, então você paga apenas pelas atrações que quiser. Para mais informações, acesse o website oficial.
Eu não fiz muita questão de brincar por ali, preferindo observar a festa que rolava animada ao lado: Viena também tem sua Oktoberfest, a Wiener Wiesn Fest, e esta foi a maior surpresa do dia. 2015 foi a quinta edição da festa e em 2016 a farra começa em 22 de setembro. Enquanto a festa de Munique tem 6 galpões de cervejarias, aqui são 3, mas a cultura e animação são as mesmas: trajes tiroleses, galpões de cervejarias com música tradicional ao vivo e muita paquera, claro, representadas pelos graciosos Herzerlwerkstatt, biscoitos de gengibre decorados com declarações de amor, uma espécie de correio elegante deles. Menos românticos são os pretzels, que além de servidos à mesa ou em cestas, também decoram os galpões das cervejarias.
E a inveja bateu novamente: jovens e adultos em trajes típicos só pode significar que sentem orgulho de sua cultura, o que acabei por confirmar com um alunos alemão que mora em Viena. Será que estou sofrendo da síndrome do vira-lata? Talvez, talvez, posso eu acreditar que em nosso carnaval as pessoas sentem o mesmo orgulho de nossa cultura?
Não me causou inveja a antipatia dos seguranças/porteiros dos galpões: pedi que me permitissem fotografar do lado de dentro do galpão, a um passo da porta de vidro (para evitar o reflexo), mas todos, sem exceção, negaram meu pedido. Depois acham falta de educação quando simplesmente decidimos fotografar sem permissão. Em Praga ganhei um empurrão por causa disso… Se tem algo de que me orgulho em meu país é da simpatia e receptividade do brasileiro!
Como não aguentaríamos uma noitada num galpão, ficamos pelas barraquinhas montadas no parque. Comemos mais sarschichons e tomamos mais cerveja enquanto eu entrevistava a atendente da barraquinha, fazendo mil perguntas sobre a festa, a tradição, as comidas… que parecia não saber muito sobre a cultura, infelizmente. Também provamos doces ditos típicos, que me lembraram dos doces de armazém de quando eu era criança! Sim, eu comprava coisas em armazém, uma espécie de loja de conveniência dos anos 1970.
Para chegar ao Prater, que fica no distrito 2 (Leopoldstadt), descemos na estação de metrô Praterstern, que é muito conveniente: tem até supermercado, o onipresente Billa. E a inveja bateu de novo: na volta pra casa compramos algumas frutas e, na hora de pesar, é você mesmo quem insere o código. Claro, não tendo ninguém para burlar e colocar código de fruta mais barata, para que precisaria de um funcionário só para apertar botões e colar etiqueta no seu saquinho plástico?! Não ficou com inveja? Então veja o preço do chocolate suíço Lindt….
A poucos quarteirões dali, fica o rio Danúbio, mas eu não fui até ele. Sim, eu sei, mas eu tinha lido que Viena, apesar da valsa Danúbio Azul, não guarda a porção mais bela do rio. O rio lindo, isso eu vi lá em Budapeste, cidade que amei e sobre a qual logo logo terei o prazer de compartilhar aqui no blog.
Dia longo esse, post longo. No próximo eu conto sobre o roteiro do dia 3, o último em Viena, quando visitamos o Belvedere e o Stadtpark.
Respostas de 24
Marcia do ceeeeuuu obrigada por este post! fiquei apaixonada por viena!!! <3 quantos detalhes incríveis, historia e lugares legais! fique com coceirinha pra visitar..e olha que eu n tinha!!! e o melhor é que não vou me perder tanto pq sei alemão aheuahe coloquei nos meus planos!!
Ah, nem me fale! Não saber a língua local limita tanto a experiência… Por mim eu aprenderia um pouco de cada uma!