Santiago: Mercado, Museu de Belas Artes, Cerros, Lastarria e Bellavista

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Neste post você encontra o relato e o roteiro de nosso segundo dia em Santiago do Chile, quando andamos pelos principais pontos da cidade: Mercado Municipal, Parque Florestal, Museu de Belas Artes, subimos o Cerro San Cristóbal e o Santa Lucia, passeamos por Lastarria e Bellavista.
Este é o segundo post da série onde compartilho o roteiro de 5 dias em Santiago, então ‘volte uma casa’ e leia o primeiro, onde relato o passeio pelo Centro e pelo Museu de Arte Precolombiano.



Acordar com o som da cidade e os vidros do quarto decorados com fuligem não é a melhor forma de começar o dia, mas estava animada porque seria o primeiro dia completo em Santiago – e o sol estava brilhando naquele final de verão! Abaixo, o mapa dos pontos que visitamos neste dia, mas lembre-se que muito do que se conhece de uma cidade é o que está entre eles, como pessoas, elementos urbanos, vegetação, etc., então stop to smell the flowers!
[googlemaps https://www.google.com/maps/d/embed?mid=1Za1diOwjoQTB7AXRKVyzYcSM0P8&w=640&h=480]
Mantendo nosso costume em grandes cidades, preferimos fazer todo o roteiro a pé, porque o percurso não passava dos 10 km, mas você pode usar o metrô ou ainda o tradicional ônibus de turismo hop on hop off, da empresa Turistik. Neste dia não usamos o Uber, mas foi bem útil para distâncias maiores ou para a noite, quando preferimos não caminhar na volta dos restaurantes. O aplicativo é o mesmo que temos instalado no Brasil. O Centro fica bem ermo à noite, mas em Bellavista e Lastarria, é bem tranquilo caminhar e não nos sentimos inseguros.
Centro Cultural Estação Mapocho

Desde 1990, funciona ali como espaço cultural, mas foi uma das mais importantes estações de trem do Chile. Projetada no início do século 20 nos moldes franceses – a  marquise de vidro na fachada me lembrou a do Museu d’Orsay❤. Li em algum lugar que o teto também era de vidro, como o D’Orsay (WTF, por que alteraram isso?).

Quando fomos, estava acontecendo um evento para professores, então só espiamos o lobby  pois era preciso pagar ingresso. Esta região é muito movimentada porque várias linhas de trem e ônibus finalizam ali – me lembrou o Parque d. Pedro, em SP! Fica pertinho do:
Mercado Central de Santiago

O Mercado de Santiago é bem turístico (para compras, as pessoas usam o mercado do outro lado da rua ou as lojinhas do lado de fora), então prepare-se para o assédio. Mas não me incomodo, entendo que as pessoas vivem disso e foram até muito simpáticos. Ofereciam, claro, um lugar à mesa ou um passeio pela cidade, mas  também nos aconselharam a tomar cuidado com bolsas, carteiras, etc. O edifício é lindo, construído em ferro fundido, com uma escultura e fonte central que rendem belas fotos. A fachada me lembrou o Caribe, mas repete o estilo neoclassico de tantos outros edifícios do Centro. Visite o site oficial do Mercado para conhecer mais sobre sua historia (tem fotos lindas de seus primeiros dias).
Diferente do Mercado de SP, nosso Mercadão, o de Santiago não tem uma separação de espaços, então fica tudo junto e misturado: mesas com bancas. É bem menor que outros mercados que visitei, mas como os outros, fica mais cheio próximo da hora do almoço. Os preços são meio salgados, então pesquise antes de ir. Não encontrei barracas de frutas ou legumes lá, só nas lojinhas do lado de fora e ele é bem conhecido como Mercado dos Peixes, pois frutos do mar e peixes são o principal produto. Além dos alimentos, há algumas bancas de suvenires. Se você quiser só visitar para fotografar e conhecer, vá pela manhã. Se quiser provar um prato, obviamente o horário do almoço é sua melhor opção.

Do outro lado da rua, começa o Parque Florestal, uma faixa verde estreita e longa, projetada por um diplomado da Escola de Jardinagem de Versalhes (França), muito prazerosa para caminhar e observar os moradores praticando esportes ou passeando com seus cães e filhos.  O Parque Florestal foi construído na várzea do Rio Mapocho, quando virou o canal que é hoje. No início do século 20, foi construído o lindo edifício que abriga o…
Museu Nacional de Belas Artes
Na fachada posterior, que na verdade é o Museu de Arte Contemporânea, uma inconfundível escultura do colombiano Botero dá as boas vindas diante da escadaria.


Diante da fachada principal, que estava em manutenção, a escultura Unidos na Glória e na Morte,  impactante, dramática e cheia de movimento, realizada por Rebeca Matte Bello, considerada a primeira escultora chilena:

Igualmente impactante é o interior do Museu: inspirado no Petit Palais de Paris, tem cobertura de ferro e vidro e quando fui as esculturas dispostas ali me levaram a pensar se estávamos mesmo em Santiago ou em Paris!


Algumas salas estavam fechadas, sendo preparadas para novas exposições. Havia uma instalação gigantesca no subsolo, sobre um projeto de viagem pela América Latina. Outra de que particularmente gostei apresentava o resultado de projeto de releituras de obras de arte feitas por crianças e adolescentes. Mas uma, que inclusive descobri agora faz parte da coleção permanente do museu, a (En)clave Masculino, me impressionou pelo ineditismo e ousadia: todas as obras – e não são poucas – retratam homens nus. Deixa ver se consigo explicar… Sabe aquelas pinturas renascentistas cheias de mulheres nuas? Imagine homens em seus lugares. Mais divertido – ou um tanto assustador, dependendo do seu olhar – é ler os comentários no livro de visitas. Não deixe de fazer isso! Coisas do tipo “é muito pinto pra um dia só”…

A entrada ao Museu de Belas Artes é gratuita e você precisa deixar sua bolsa ou mochila nos guarda-volumes, também gratuitos, no estilo ‘coloque uma moeda e pegue-a de volta depois’. Achei os funcionários bem simpáticos e atenciosos e vi que há visitas guiadas  gratuitas. Para mais informações, visite o site oficial do museu, muito completinho.

Parque Florestal

Ponte Purissima e o Cerro San Cristobal ao fundo

Continuando nosso roteiro de Santiago, voltamos ao Parque Florestal e caminhamos até a ponte Purissima, fácil de reconhecer pela estrutura de ferro, mas você pode ir pela Pio Nono, a ponte seguinte, que já sai na rua que dá acesso ao funicular e ao zoológico do…
a entrada para o Funicular

Cerro San Cristóbal
Cerro é a palavra em espanhol para montanha e esta é uma bem explorada! Além dos mirantes, aos quais podemos ter acesso caminhando, por funicular ou gôndola, o cerro San Cristóbal abriga zoológico, jardim botânico, Santuário da Imaculada Conceição, trilhas, anfiteatro, a lista parece não acabar. Ou seja, nós que só subimos de funicular, olhamos a cidade do alto e visitamos a igreja, não vimos nada.

Literalmente! No verão a poluição deixa uma névoa sobre Santiago e a vista dos Andes também não é assim uma Brastemp. Em março já não havia neve na cordilheira, então sinceramente foi meio decepcionante. Tanto que nem me atrevi a ir ao Sky Costanera, o gigante eidfício mirante. Deixei para uma segunda vez em Santiago, de preferência no final do Outono ou no Inverno.

Há banheiros públicos, um café e algumas lojinhas de suvenires no mirante. Meu marido disse que o banheiro era bem antiguinho, mas estava limpo – mas não tinha papel nem sabonete.
A partir do mirante onde pára o funicular, subindo a pé um pouco mais chegamos ao Santuário Imaculada Conceição e igreja. O local foi usado para a realização de uma missa durante a visita do papa João Paulo II. Quanto à igrejinha, é bem rústica e suas paredes apresentam pinturas sobre o tijolo. Seja qual for sua religião, aproveite o momento de introspecção e silêncio e jogue seus agradecimentos ao universo por ter saúde e o privilégio de poder viajar. Nunca é demais a gente se lembrar disso.

O ingresso para o funicular pode ser comprado na hora e a fila segue rápido. Durante a semana, o bilhete ida e volta custa 2 mil pesos chilenos e nos fins de semana, 2.600, para adultos. Crianças e idosos pagam 1.500 e 1.950, respectivamente dias de semana e fins de semana e feriados. Funciona das 10h às 18h45. Não há bancos para se sentar no funicular, mas a viagem é bem rapidinha, e Santiago vai se apresentando entre a mata.
O acesso ao funicular

Já era hora de almoçar quando descemos, então caminhamos de volta em direção ao rio, pela rua Pio Nono, cheia de bares e restaurantes e com mesinhas nas calçadas.
Rua Pio Nono: arborizada e com várias mesinhas nas calçadas

Voltamos ali na noite de Sábado e a Pio Nono parecia a Vila Madalena, bairro boêmio de SP, mas esta historia eu conto no próximo post. Apesar do clima gostoso das calçadas, paramos no simpático…
Patio Bellavista
A entrada do Patio Bellavista pela Pio Nono é bem discreta, pois as fachadas das casas foram mantidas (ponto para Santiago!). O Patio Bellavista é um shopping ao ar livre, mas diferente dos Outlets americanos e que estão desembarcando aqui em SP também, restaurantes misturam-se a lojas, a praças e pátios, uma delicinha. Turistas misturam-se a estudantes e trabalhadores na hora do almoço, o que torna o lugar ainda mais legal. 
Uma das áreas do Bellavista

Escolhemos o restaurante Le Fournil. Na mesa ao lado, um jogador de futebol de sotaque carioca espalhava em alto tom pelo restaurante suas glórias capitalistas e mulherentas. Fiquei tão incomodada que quase me levantei e fui embora, mas ele saiu antes que nossa comida chegasse. Alías, muita coisa aconteceu antes que nossa comida chegasse! Por algum erro, nosso prato demorou horrores e mais uma vez quase nos levantamos em protesto, mas o prato chegou – e me dobrou. Tanto a salada quando o salmão estavam saborosos e com boa apresentação.
o salmão do Le Fournil

Não conhecemos o shopping todo, mas aproveitamos para comprar lembrancinhas como camisetas, ímas, bonés, essas coisas. Há muitas lojas temáticas: só de bonecos, só de canecas, só de camisetas e muuuitas com a pedra nacional do Chile, o lápis-lazuli. Namorei vários anéis e colares e brincos, mas não deu casamento. Viajar ainda é mais importante do que consumir.

Leia os demais posts sobre Santiago clicando aqui.
Para outros lugares do lindo Chile, clique aqui.

De volta à Pio Nono, cruzamos novamente o rio e de posse de um super tecnológico mapinha de papel (créditos do chip chileno tinham acabado), caminhamos pelas ruas tranquilas do bairro charmoso Providencia. Mas se você quiser outro passeio cultural, pegue a Av. Libertador Bernardo O’Higgins e depois de dois quarteirões estará no Centro Gabriela Mistral.
Lastarria
Pelo pouco que andamos ali, achei o bairro uma gracinha, com prédios baixos de 3 e no máximo 5 andares, ruas arborizadas e as fachadas das casas muito interessantes, ora castelinhos, ora tijolinhos, ora arquitetura colonial espanhola. Paramos num café com decoração bem legal (as tortas nem tanto) e clima ainda mais gostoso, o Wonderland Cafe:


Wonerland Cafe

Como gostamos muito de Lastarria, voltamos na noite do dia seguinte para jantar – e gostamos ainda mais. Adivinha? Vou contar no próximo post.

Quando escrevi este post, ainda não tinha publicado Quanto Custa uma Viagem a Santiago do Chile, mas você pode encontrá-lo na página de Santiago

Cerro Santa Lucia
Quer saber a diferença entre o Santa Lucia e o San Cristobal? O Santa Lucia é um mini Cooper e o Cristóbal uma pickup 4×4. Como tudo que é menor, é mais aconchegante, é mais bem cuidado. A vista que se tem da cidade é mais próxima do que a do Cristóbal, porque estamos mais perto do centro e porque o morro também é mais baixo: 69m contra os 300m do San Cristóbal.
Mas o Santa Lucia é mais do que um morrinho bonito e já foi literalmente esquentadinho no passado, muito esquentadinho e muito passado, há cerca de 15 milhões de anos era um vulcão (pausa para ohohohoh).
O Cerro Santa Lucia serviu como mirante no século 16, depois que os colonizadores ‘pediram licença’ aos habitantes nativos, e 2 séculos depois assumiu de vez a função de defesa com a construção de 2 fortes de pedras e calcário, com 12 canhões em cada. Em 1872 Benjamin Vicuna Mackena transformou o Santa Lucia, e o Hidalgo passou a ser um museu indígena e posteriormente uma biblioteca, mas logo virou um restaurante (valorizou, privatizou). O mausoléu de Mackenna fica ali mesmo no Santa Lucia.
O Castillo Hidalgo pode ser visitado por fora e eu tirei minha fotinha em sua escadaria!  Hoje é uma casa de eventos para a classe alta da sociedade santiaguina (essa eu tive que perguntar pro Google). Estou aqui pensando nas voltas que o mundo dá: de monte sagrado para os indígenas, a espaço bélico a cerimônias de casamento…


Para saber mais sobre a historia do Castillo Hidalgo ou se você quiser fazer um Destination Wedding (a onda de se casar em outro país), visite o site oficial do Castill0.
Nossa entrada no Santa Lucia foi pelo Hidalgo, e não pelo cartão postal que fica na outra extremidade, onde há a fonte de Netuno e a construção em amarelo. Esta parte eu fiz na última manhã em Santiago e conto nos próximos posts. Encontre-o na página Santiago, no menu Chile.

Acesso ao Santa Lucia pela Rua Santa Lucia com a Victoria Subercaseaux

Gosto muito de visitar parques públicos e mais ainda quando vejo a população local usufruindo deles. Naquele final de tarde quente, casais namoravam, crianças brincavam e turistas curtiam o visual da cidade em solo histórico. Mas achei meio derrubadinho: os espelhos d’água estavam secos, as fontes desligadas e os jardins podiam ser mais floridos, mas acho que fiquei mal acostumada com parques europeus na primavera… Vale a pena visitar? Sem dúvida! pelo valor histórico, pela vista, para passear. Infelizmente não tem acesso para cadeirantes e muita gente pode encontrar dificuldade para subir os degraus altos e irregulares do mirante.
O Sky Costanera se destaca no hotizonte

Confira o post do blog Let’s Fly Away Santiago Visto do Alto, de Tirar o Fôlego
Saímos pelo mesmo portão da entrada e seguimos em direção ao centro, pela Merced, e uns 7 quarteirões depois estávamos na Plaza de Armas. Se você ainda tiver pique e se estiver aberto, na Merced 860 fica a Casa Colorada, uma casa colonial de 1769 e que hoje abriga o Museu de Santiago. 
Na esquina da Merced com a Enrique MacIver, outro edifício do histórico (séc 16), a Basílica de la Merced, que tem um interior lindo e muito bem preservado. Vale a paradinha.
Torre da Basílica La Merced, na Rua Merced

Você já esteve em Santiago e tem alguma dica para compartilhar? Deixe um comentário, ele pode ajudar outros viajantes. Se ainda vai e tem uma pergunta, manda! E não perca os demais posts sobre Santiago. Beijinhos!

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Marcia Picorallo

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