2 semanas em Porto Seguro

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Bahia 023
Lagoa que se formou na Praia de Trancoso

Porto Seguro é um dos destinos brasileiros mais populares, entre brasileiros. Eu fui a Porto Seguro duas vezes, mas já faz tanto tempo que não me lembro com detalhes de tudo o que vi. Ficaram na memória lugares, cheiros, impressões, como o casario histórico (e as explicações da expressão sem eira nem beira – acho que todo mundo ouve isso por lá rsrsrs), a agitação noturna de Arraial d’Ajuda, o sossego de Santo André e a beleza da Praia do Espelho.  As noites com vista para o rio Buranhem a partir do deck do hotel em Arraial, o jogo de capeira, o sotaque baiano gostoso…

Quem acaba de voltar de Porto Seguro é meu irmão e fez um relato detalhado de suas duas semanas pela região:

Para onde viajar com pouco dinheiro? A resposta foi Porto Seguro.

Nove entre dez pessoas que viajam conhecem Porto Seguro e suas opiniões não foram nada favoráveis para minha “escolha”. É claro que para pessoas que viajam muito uma pequena cidade da Bahia pode parecer não ser a melhor opção. As pessoas diziam tratar-se de um lugar bonito, mas a maioria enfatizava a questão das baladas, bebidas e prostituição, um lugar onde adolescentes insaciáveis transavam no meio da mata. Contra todas essas expectativas negativas, eu comprei um pacote com a maior operadora nacional, que oferecia traslados e hospedagem de duas semanas com café da manhã. Além de mais econômico do que viajar por conta própria, há também a possibilidade de parcelamento em dez vezes sem juros.

Escolhi o hotel mais em conta (estava preocupado apenas com a cama e o chuveiro), o Fênix, localizado às margens do Rio Buranhem, que separa Porto Seguro de Arraial D’Ajuda. O Hotel conta com aproximadamente 100 quartos, uma piscina e uma grande sala de TV e não dispõe de sala de jogos ou  de ginástica. Tem duas partes: uma mais simples e a outra com acabamento como portas, janelas e mobiliário um pouco melhor. O wifi foi pago à parte. O café da manhã era bem simples, com dois sabores de sucos, café, leite e chocolate, alguns tipos de pães, manteiga, requeijão, queijo prato e presunto. As frutas geralmente eram abacaxi e mamão papaia, abundantes na região. A rua do Hotel Fênix segue por um quilômetro até chegar à Balsa. Por toda sua extensão vemos ao lado direito o Mangue e do lado esquerdo casas típicas, muitas delas usadas como pousadas e bares. Ali também pude encontrar uma livraria (Sebo), mas que também funciona como café e hospedagem, infelizmente com preços nada convidativos. Nessa mesma rua também encontrei um antiquário e uma panificadora com características da região sul, pois seus donos são do Rio Grande do Sul.

Como o hotel era distante do centro, os preços de restaurantes, bares e pizzarias eram muito em conta, cerca de 50% mais baratos, além de serem também melhores.

Toda a cidade é bastante simples, incluindo as regiões periféricas. Uma lei impede a construção de prédios com mais de sete metros, o que garante um visual mais pacato. O povo de Porto Seguro é muito acolhedor, mas não somente por interesse turístico, pois vi e experimentei alguns exemplos de solidariedade. Também notei que a maior parte do lixo jogado pelas ruas provinha de turistas e não da população local. Não justifica jogar lixo na rua, mas há poucos cestos de lixo.

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Após uma semana entre passeios e vida noturna, pude verificar que Porto Seguro não é nada do que me venderam, talvez porque as pessoas encontrem aquilo que procuram. Os passeios foram sempre em família, com casais em Lua de Mel ou em comemoração ao tempo de casados. As noites não foram tão agitadas quanto pensei e nem de longe foram a baixaria das propagandas negativas. É um lugar visitado por pessoas de todos os lugares do Brasil de da América do Sul.

Fora de temporada a cidade fica mais vazia, aconchegante, tranquila, sem aglomeração. As pessoas afirmam que durante a alta temporada muitos grupos de adolescentes partem para Porto Segura para comemorar suas formaturas e os hormônios explodem por todos os cantos da cidade – talvez venha daí a fama que tanto ouvi.

Meu primeiro passeio foi para Recife de Fora, onde soube que o litoral norte do Brasil possui a terceira maior plataforma de corais do mundo, com uma extensão de 20 Km². Esse passeio em especial é uma aula de biologia da flora e fauna marinha, onde um grupo de voluntários informa os visitantes sobre a vida marinha existente e a já extinta. Esse passeio é realizado por voltas das dez horas, quando a maré está baixa e permite que os corais estejam submersos ou imersos a poucos centímetros, oferecendo ao espectador um visual parecido com o representado na animação Procurando Nemo. É recomendado para quem fizer esse passeio tomar Dramin ou similar para evitar enjoos e vexames…rs, principalmente na metade do ano, quando os ventos são mais intensos.

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Outro passeio oferecido pela agência foi o mergulho dos recifes, o que mais me empolgou e foi também minha maior decepção. O mergulho segue o mesmo padrão do Recife de Corais, mas buscando águas um pouco mais profundas. Em um grupo de trinta pessoas, por estar sozinho, fui o último a entrar na água com o equipamento, juntamente com outra pessoa, que também estava sozinha. O mergulho é feito em dupla, sendo que os dois tem que permanecer de braços entrelaçados por todo o tempo e com o direcionamento do instrutor, que só nos larga no momento das fotos. Aliado ao fato de meu companheiro ter ficado duro feito pedra, o passeio só não foi uma decepção total porque enquanto as outras pessoas estavam mergulhando eu pude fazer mergulho livre e explorar boa parte dos corais.

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A chalana é um passeio oferecido por qualquer agência da região. Parecia um passeio bem pacato, até que percebi que estava entrando em um trio elétrico fluvial, que começa ainda em terra em Santa Cruz de Cabrália, local de desembarque dos primeiros navegantes portugueses e o contato com os índios Pataxós. Com uma tripulação animada e um ótimo visual, o passeio tem sua primeira parada na Ilha do Sol, um lugar cercado pelo mangue e que em nada faz lembrar o lugar paradisíaco homenageado pelo cantor baiano Netinho. Ao questionar o fato com o condutor da embarcação fui informado que a verdadeira Ilha do Sol foi vendida a um empresário árabe, que blindou o local, mas que pode ser vista próximo da parada final, onde se vê vários iates ancorados. A parada final da Chalana foi na Praia de Santo André, conhecida atualmente como o lugar onde a delegação alemã de futebol ficará hospedada durante a Copa do Mundo 2014. Para quem não quer ficar preso aos horários do pacote, vale fazer esse passeio por conta própria, pois uma vez na praia, quase deserta, não se tem vontade de ir embora.

O passeio da Chalana é um pacote fechado, que inclui a visitação da Ilha do Sol, parada na Praia de Santo André e almoço em um restaurante à beira do rio. Conheci algumas pessoas que fizeram o passeio por conta, bastando pegar um ônibus (R$2,50) até Cabrália e a balsa até a Praia de Santo André.

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Um dos melhores passeios que fiz foi na Praia do Espelho. São noventa Km de Porto Seguro, sendo vinte de estrada. No trajeto deslumbrei manadas de búfalos, que constantemente são caçados por indígenas locais, sem o consentimento do proprietário…rs. Assim que chegamos à Praia do Espelho, as pessoas são induzidas a permanecerem em um quiosque, onde se aglomeram. É interessante fazer uma caminhada de reconhecimento, pois existe nessa praia uma pousada que disponibiliza bangalôs e sua cozinha com a consumação mínima de R$ 50,00. A praia é um paraíso e com os corais chegando até as margens recomenda-se usar calçado para entrar na água para evitar cortes e torções. Essa praia tem proteção ambiental, pois é local de desova de tartarugas, entre junho e julho. A Praia do Espelho leva esse nome pois quando o céu está limpo e a maré baixa, as águas do mar ficam represadas com poucos centímetros, formando enormes poças que refletem o céu. Mas é preciso ter sorte ou ficar hospedado nas proximidades para desfrutar dessa beleza, já que ela não acontece com frequência, sendo mais comum no verão.

O passeio a Trancoso não oferece grandes novidades, mas é o local em que hippies nos anos 70 buscavam para se isolar. Foi também uma das primeiras praias do Brasil onde se praticava o nudismo. A cidade de Trancoso, onde fica a Praia dos Coqueiros, é formada pelo famoso quadrado, na verdade retangular, tendo ao fundo a igreja onde a cantora Elba Ramalho se casou inúmeras vezes.

O lugar que me encantou foi Arraial D’Ajuda. Com um centro minúsculo, que lembra um Shopping Center a céu aberto, oferece aos visitantes o clima de interior e a agitação noturna de uma cidade grande. Em Arraial é possível curtir o Parque Aquático, o único Bar (Pub) com banda de rock ao vivo, e uma praia lindíssima. Para aqueles que gostam de andar é possível caminhar da praia local, Mucugê, passando pela Praia do Parracho, Praia da Pitanga e por tantas outras. A praia é a mesma, uma grande extensão que só tem seus nomes mudados a cada agrupamento de quiosques. Eu fui até a Praia da Lagoa Azul, imperdível para um fã de Brook Shields ou de Sessão da Tarde. A Praia leva esse nome pois a apenas alguns metros da orla existia uma Lagoa paradisíaca, com uma enorme cascata, mas que, pasmem, não existe mais, pois um proprietário de terras influente represou as águas na nascente somente para ele. Todos afirmam isso com certo receio e mesmo os proprietários do quiosque dizem ter sido desaconselhados a denunciar o ocorrido.

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Explico a foto: o cara foi adolescente apaixonado por Brook Shields, atriz de A Lagoa Azul

A Ilha dos Aquários é outro lugar a ser visitado. É uma ilha que fica no Rio Buranhem, em Arraial, e o único acesso é através de uma escuna. Com um valor salgado de R$ 55,00, tem suas “portas abertas” nas noites de sexta feira. O lugar é repleto de caminhos que levam até bancos iluminados à meia-luz no meio de lindos jardins. Entre um jardim e outro existem bares tocando MPB, um lugar fechado para amantes de música eletrônica e outro para quem curte danças forró. No centro um enorme palco para grandes espetáculos, preferencialmente Axé. É um lugar que deveria abrir durante o dia, mas que à noite funciona somente quando a cidade está cheia, devido a sua grande extensão territorial. Isso porque em Porto Seguro existe um acordo em que não podem existir dois grandes eventos acontecendo no mesmo dia e horário.

Outros lugares para curtir a noite são o Toa Toa, o Axé Moi, O Clube Bombordo e Squadra e as danceterias temáticas Transilvânia e Alcatraz. As duas últimas só abrem em temporadas.

Assim como a estadia, Porto Seguro oferece uma gastronomia para todos os gostos e bolsos. Uma porção de Isca de Peixe custa em média R$ 35,00 e uma refeição para uma pessoa R$ 55,00, dependendo do prato e do local. Começando pela famosa Passarela do Álcool, onde é possível comer um acarajé, tomar um Capeta (bebida doce local) ou escolher um restaurante com comidas típicas dos mais variados países. Gostei muito do Colher de Pau. As barracas que tocam Lepo Lepo estão lá para tentar nos vender o que parece ser a única forma de cultura musical da região, mas também é possível desfrutar de música ao vivo nos restaurantes ao longo da passarela. O Beco, uma rua estreita tomada por mesas dos  dois lados, onde é possível comer uma boa pizza, churrasco ou o tradicional peixe. Existem as franquias com lanches encontrados em qualquer lugar do mundo, mas não recomendado, já que um peixe combina mais com o local.

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No final da Passarela do Álcool fica a Praça do Relógio, que leva o nome por causa de um enorme relógio ali instalado pela Rede Globo para comemorar o Quinto Centenário do Descobrimento, mas que foi retirado pela própria Rede Globo porque o Prefeito se recusou a pagar-lhe o aluguel. Nessa praça são realizados shows de pequeno e médio porte e existem seis quiosques de alvenaria onde os apreciadores de futebol podem desfrutar das alegrias e tristezas de seus times. São três televisores e em cada um deles passa jogos diferentes, o que torna uma noite de quarta-feira ou as tardes de domingo uma reunião de torcedores distintos, vindos de diferentes lugares do Brasil.

O principal meio de transporte são os próprios pés. Tudo é muito próximo, mas quando os sentidos disserem que as pernas não aguentarão é possível utilizar ônibus, peruas, moto taxi ou alugar um carro, conforme a necessidade.

Ao final da segunda semana, eu já estava entediado, principalmente por causa da chuva, que me obrigava a permanecer no hotel. Em Porto Seguro uma semana é pouco, mas duas semanas podem ser demais. Apesar disso, fiz as malas com saudades, querendo permanecer não por mais uma semana, mas para morar uma temporada. Um lugar com povo educado e acolhedor, sem poluição no ar e no mar e com custo de vida bem abaixo das grandes metrópoles, sem o stress das grandes cidades, onde moradores ainda se tratam com plantas medicinais segundo costumes indígenas. Enfim, onde ainda é possível caminhar por estreitas ruas escuras sem medo de não chegar em casa.

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Viajar sozinho é algo que todos deveriam experimentar. Primeiro porque é um momento de pura reflexão sobre tudo.
A apreciação do espaço e das pessoas é muito mais intensa, além de podermos escolher o quê, quando, onde e quanto. O sentimento é parecido com nossa existência, pois chegamos no mundo sozinhos e, por mais que façamos amigos, acabamos saindo dele sozinhos. A diferença é que não temos tempo o suficiente para o apego com as poucas pessoas que cruzam o nosso caminho em uma viagem. O ponto negativo é que falta alguém para tirar ou compartilhar um foto, um bom prato ou um momento único.

Marcia Picorallo

Marcia Picorallo

Escrevo o Mulher Casada Viaja com carinho desde 2014, compartilhando minhas impressões dos lugares por onde passei, inspirando e ajudando leitores a planejar suas aventuras.

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Márcia, a viajante

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