Engana-se quem pensa que a riqueza histórica do Egito resume-se aos tempos dos faraós. A capital tem inúmeras oportunidades para visitar outras eras e aprender um pouco sobre elas, como este museu do Cairo, o Palácio Manial do Príncipe Muhammad Ali.
Nosso pacote de viagem ao Egito de 15 dias contemplava inúmeros templos e pirâmides, mas apenas um museu, o que achei pouco em se tratando de Egito. Além do tour guiado pelo tradicional e maravilhoso Museu Egípcio, aproveitamos dois dias livres para visitar por conta própria dois outros museus do Cairo, o Museu Nacional da Civilização Egípcia, onde repousam agora 22 múmias reais, e o Palácio Manial.
Construído no início do século 20, o Palácio Manial é tido como um dos mais importantes museus do Egito e é um exemplo fascinante de arquitetura islâmica, otomana, persa e andaluz. Como eu não domino nenhum desses estilos, pois estou começando viagens pela cultura árabe, colei que a sala do trono é em estilo otomano, a mesquita marroquino e há elementos mamelucos no portal de entrada.
Apesar de não ser um palácio medieval ou renascentista, o príncipe também conhecido como Maomé (Muḥammad) garimpou peças antigas para decorá-lo, como tapetes e lustres, e desde sempre sua intenção foi de que fosse um museu, além de espaço para recepções oficiais.
Segundo a Wikipedia, o órgão governamental Conselho de Antiguidades Egípcias o recebeu em 1955, dois anos depois do golpe militar que derrubou a monarquia e trouxe a república ao Egito.
Todo o complexo passou por restauro entre 2005 e 2015, quando foi reaberto ao público. Embora nunca seja simples restaurar edifícios, objetos e mobiliário, o palácio Manial enfrenteou outro problema: no terreno de mais de 61 mil m2 havia sido construído um hotel com capacidade para 300 quartos, 18 chalés, piscina e tudo o que compõe um hotel. A briga pela desapropriação e recuperção dos jardins rolou por anos até que a posse fosse retomada e a restauração iniciada.
Como é a visita ao Palácio Manial
O complexo do Palácio Manial data do século 14 do calendário islâmico, ou 20 no nosso gregoriano. Ao cruzar o portão da muralha, que dá ao complexo um ar de fortificação medieval, um verdadeiro oásis tropical se apresenta e a gente deixa para trás a poeirenta e poluída cidade do Cairo, então a visita, além de cultural, pode muito bem ser relaxante.
Estivemos lá durante os primeiros dias do ramadã, e talvez por isso estivesse tão vazia. Em geral, há grupos de estudantes fazendo a visita e noivos em sessão de fotos.
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A Mesquita do Palácio Manial
Deixe o filé, o palácio em si, para o final. Assim que passar pelo portão, verá à direita a torre do relógio e em seguida a mesquita. Lembre-se de retirar os sapatos para entrar e, se for mulher, cubra a cabeça com um lenço. Nesse dia esqueci o meu, mas o rapaz que estava por ali que até agora não sei se era um funcionário ou não, não pareceu se importar, mesmo eu tendo me desculpado encarecidamente.
A pequena mesquita é ricamente decorada nos estilos andaluz e otomano. Repare no teto os vidros que permitem a entrada de luz natural, no intricado trabalho das molduras de janelas e portas e nos belíssimos azulejos.
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Onde Ficar no Cairo
Ainda vou dedicar um post exclusivo a esse respeito, mas deixo links para os hotéis onde ficamos. Em frente ao Rio Nilo, no fantástico Fairmont Nile City, e com vista para as pirâmides o Steigenberger Pyramids Cairo.
O Jardim do Palácio Manial
Não pudemos transitar pelos jardins devido a cordões de isolamento, mas deu para perceber a diversidade de espécies. De volta ao Brasil, ao escrever este post, pesquisei e descobri que a escolha da localização para construção do palácio Manial foi justamente a riqueza botânica presente na ilha Manial, com espécies de várias partes do mundo.
A Sala do Trono do Palácio Manial
No lado oposto à entrada do complexo fica a sala do Trono. O disco solar e os raios dourados do teto roubam a cena, mas não deixe de observar as pinturas das paredes, uma chance de ver uma outra Cairo. Há também muitos retratos da família real feitos pelo pintor Hudayet.
O Palácio Manial
O edifício residencial foi a primeira construção do complexo do Palácio Manial e consiste em dois andares. Apenas o térreo estava aberto à visitação, e cordões de isolamento impediam a entrada nas salas, então as observamos e fotografamos apenas de suas respectivas portas.
No térreo há várias salas, como o hall da fonte, a Sala dos Espelhos (que tem dois espelhos retangulares um de frente para o outro, trazendo o efeito infinito – isso se não tivessem colocado um painel na frente de um dos espelhos!), a sala de jantar, a sala da Pérola (porque tem as paredes adornadas com madrepérolas), o harém, que diferente de nosso imaginário é apeas a sala onde ficavam as esposas do príncipe, e o salão azul.
Ao contrário do que se pensa, nem sempre palácios são estruturas gigantescas. O Palácio Manial me fez lembrar o Palácio de Linderhof, na Alemanha. Ambos têm decoração minuciosa, mas são pequenos se comparados a palácios de Viena, Londres e Paris.
Quando visitamos o Palácio Manial eu não tinha lido a respeito e para escrever este post tive muita dificuldade em encontrar informações turísticas a respeito, mas uma avaliação do Google Maps, feita por um guia local, diz que o complexo é composto pela “residência Saray, Recepção Saray e o Trono Saray, além do mesquita, o museu privado, o Museu da Caça e a Torre do Relógio”.
Como Chegar ao Palácio Manial
O museu-palácio fica 3 km ao sul do centro do Cairo, numa ilha do Rio Nilo chamada Roda ou Al Manial (ah, entendi o nome do palácio agora!). Nós tomamos um Uber, mas tem uma estação de metrô pertinho, se você quiser se aventurar pelo transporte público do Cairo.
Ingressos e horário de funcionamento
Logo ao cruzar o portão você encontrará a onipresente esteira e portal de raio X e em seguida a bilheteria. O ingresso custa 100 libras egípcias, algo em torno de R$26. Funciona diariamente, das 9 às 16h.
Fotografar o Palácio Manial
Fotografias são permitidas apenas com celular, mas há uma taxa de RGP50 caso queira fotografar com câmera – sem tripé. O interior é bem escuro, o que dificulta fotografar.
Como fiquei limitada a postar apenas 8 fotos, confira nos destaques filminhos e fotos no Instagram. E aproveite para nos seguir por lá, também.
O Palácio Manial é muito mais bonito do que eu consegui demonstrar nas fotos, então tendo um tempinho livre no Cairo, não deixe de visitá-lo.
Outros museus pelo Brasil e Mundo
Este post é parte da blogagem coletiva do grupo 8on8, quando criadores de conteúdo compartilham informações e experiências sobre um mesmo tema, limitando-se a 8 fotos. Com a proximidade da #museumweek2022, de 13 a 19 de junho, escolhemos o tema museu, então confira as dicas das meninas:
- Travel Tips Brasil – Miami com crianças: dois museus fora do comum
- O Berço do Mundo – Museu para crianças em Portugal
- Destinos Por Onde Andei… – Banco de Materiais da Câmara do Porto
- Let’s Fly Away – Principais obras do Museu do Louvre: como visitar o Louvre rápido? [8on8]
- Chicas Lokas na Estrada – 5 museus imperdíveis em Manaus
Respostas de 11
Sem palavras para tanta beleza, sou como você, vou fuçando e encontrando atrações que não são tão divulgadas, mas que nos surpreendem muito.
Pelas fotos, imagino como seria estar aí neste local tão bonito e cheio de detalhes, garanto que ficaria horas fotografando cada cantinho.
Achei emocionante, uma inspiração para minha viagem de sonhos ao Egito. Obrigada!
Aproveite que Europa está cara e realize o sonho de conhecer o Egito, Gisele.
Que incrível! Viajei para o Cairo lendo o seu post para o Palácio Manial. Cada detalhe… Quanta beleza!! Acho que nunca visitei uma construção neste estilo arquitetônico. Uma verdadeira inspiração de viagem!
Denise, eu gosto muito de arquitetura, e também nunca tinha visitado nenhum país árabe, foi miuto legal.