Faz tempo quero escrever sobre isso, e hoje veio o estímulo que faltava: num desses blogs em que a gente tropeça ao navegar pela Internet li algumas dicas de como planejar a viagem da família sozinha, algo que sempre fiz mesmo que frustradamente, mas o que me chamou a atenção foi uma afirmação logo no primeiro parágrafo do post. Segundo a autora, o marido não participava do planejamento da viagem da família e isso era muita sorte dela, a esposa autora, porque assim poderia fazer tudo como desejasse: escolha de hotel, lugares para visitar, compra das passagens aéreas. Justifico a escrita de um post só para isso: não acredito que seja só uma questão de participação no planejamento, acho que o buraco é mais embaixo.
Será que chegamos ao ponto em que é melhor fazer as coisas sem interferência, participação, opinião ou diálogo, simplesmente porque assim podemos fazê-las de nosso jeito?
Uma outra questão:
Um casal não precisa fazer tudo junto, mas algumas coisas deveriam ser decididas e conduzidas pelo par, e o planejamento de uma viagem em que os dois estarão presentes é uma delas.
Não vejo como essa ausência pode ser chamada de sorte. O planejamento é um terço da viagem (o outro terço é a viagem em si e o terço final é o retorno, quando contamos as historias, organizamos as fotos e compartilhamos com amigos um pouco do que vivemos) e fazê-lo sozinho ou sozinha é como embarcar numa viagem sozinho. Pior, quando você viaja sozinho/a, sabe que conta apenas com você mesmo/a para tudo. Guardadas as devidas proporções, é como uma mãe solteira que sabe que não tem com quem contar além dela mesma para criar e educar o filho, em contraste à que tem um marido ausente, peso morto. Sabe, a coisa do antes só do que mal acompanhada…
A ausência no planejamento produz um/a companheiro/a de viagem que parece ter sido ejetado/a do assento do avião, com quem você não dividiu nada de tudo o que estudou sobre o lugar. E isso não é ruim só para quem não planejou, mas também frustrante para quem planejou e não teve com quem dividir.
Talvez seja da minha natureza. Gosto de dividir o que sei, tanto que escolhi ser professora. Mas acredito no professor como o mediador de discussões, não o transmissor de conhecimento, e por isso não quero ficar dando palestra sobre um monumento durante minhas viagens. Nem que eu quisesse, afinal não basta ler sobre uma cidade em guias e blogs para ser capaz de se tornar um guia.
E você, o que pensa disso?
Respostas de 7
Eu providencio tudo sobre a viagem. Monto roteiros, compro passagens, seguros, moedas, reservo os hoteis e tudo o q é necessario. Mas conto com a opiniãodo meu marido o tempo todo.. Se estou em dúvida sobre ficar em hotel x ou y, divido com ele o problema e decidimos juntos.Enfim, se ele vai viajar comigo, deve opinar, trocar ideias, sugerir.. Adoro! 🙂
Concordo, Paula. E faltou eu mencionar no post que às vezes trabalha mais no planejamento quem tem mais tempo ou afinidade com isso. Mas todo mundo que vai embarcar precisa dar um pitaco! rsrsrs
Bom dia, excelente post. Pensei que só acontecia comigo. Todas as viagens com meu esposo sou eu que planejo. Até o mês para tirarmos férias sou eu quem escolho. As vezes até penso que ele não gosta de viajar, mas como um passo de mágica, quando chegamos no destino escolhido, ele curte cada segundo. Quando estou fazendo a escolha do destino ou do hotel e peço a opinião dele, ele simplesmente pergunta se eu gostei, porque se eu gostei, ele vai gostar também. Confesso que as vezes é irritante e chega a me desmotivar. Sempre viajamos por conta própria, e eu mesma gosto de criar meus roteiros e nem nisso ele dá palpites, se mostro o rascunho do roteiro peço alguma opinião, ele até dá atenção, lê…e diz que está ótimo. Mas esse post me fez enxergar o outro lado da questão rsrsrs. Já pensou se nossos gostos fossem totalmente diferentes? E se a gente não concordasse em nada? Seria um estresse e no final se não chegássemos a um acordo, não teria viajem nenhuma. Pensando bem, é melhor deixar como estar. Dá menos trabalho rsrsrs.
É, Tunisia, vai ver a autora do blog a que me referi pensou a mesma coisa que você (rsrsrs). Mas eu ainda prefiro participação + conflito a participação zero. Abraços e obrigada pelo comentário.
Estou passando a mesma coisa com minha esposa kkkk
Eu todo animado criando o roteiro meticulosamente e ela nem a própria bota de trekking está procurando.
De fato é desanimador.
Já até perguntei algumas vezes se ela realmente quer viajar e sempre falou que sim, mas não demonstra interesse algum em pesquisar as coisas comigo (mesmo eu mando o link direto pra ela, poupando todo o trabalho).
E essa viagem é bem especial pois passaremos meu aniversário, natal, ano novo e será nossa primeira viagem juntos.
Acho que criei muitas expectativas…
Oi, Giovanni, depois de muitos anos (este post é bem antigo rsrs), aprendi que há viagens para fazer em família e aquelas que são só pra mim, e viajo solo (estou na Suíça agorinha). Desta forma evito essas frustrações. Pessoas como nós curtem o antes o durante e o depois, mas cada um tem um jeito e temos que respeitar isso. Curta o planejamento, já é sua viagem. Abraços
Minha esposa está na Europa viajando a turismo, era pra ser antes da pandemia quando não nos conhecíamos, agora ela foi (1 mês) pois já estava tudo pago, estou me sentindo muito mal pois sempre quis fazer essa viagem porem não foi possível, estou me sentido deprimido. Fico pensando se no futuro eu faria essa viagem com ela pois seria repetir para ela e novidade para mim, acho que pode ser difícil conciliar isso pois me incomoda muito saber que ela sempre falará da viagem e eu não poderei falar nada. Vou com ela depois ou desisto. Ajude-me !!!!