Embarque comigo neste cruzeiro em Seward, Alasca, pelos fiordes de Kenai, um passeio necessário para ver e sentir o Alasca com todo conforto, a poucas horas de Anchorage.
Pelo sistema de áudio do catamarã, um park ranger anuncia que orcas estão às 11h do catamarã. Todos correm com suas câmeras e smartphones para o deck. Feitas as observações e fotos, voltamos para o interior do barco, quentinho e confortável, até que novo anúncio baseado no sistema de posicionamento dos ponteiros do relógio é usado novamente, para que saibamos exatamente para onde nos deslocar. Podem ser lontras, leões marinhos, baleias jubarte ou orcas, ou os simpáticos puffins, o papagaio marinho. Ou mesmo icebergs ou a aproximação de uma geleira, mas não uma qualquer, uma geleira do Alasca. Depois de a cena se repetir tantas vezes, é a vez de o almoço a bordo ser anunciado. E que surpresa, uma delícia de comida, salmão, claro, mas até arroz tinha. Que brasileiro não adoraria?!
Aliás, que brasileiro não adoraria conhecer Seward, no Alasca? Sim, faz frio, brasileiros e brasileiras, mas no verão um casaco corta-vento com uma fleece de segunda camada e um gorro – e para os mais friorentos um bom par de luvas – são suficientes para você conhecer as belezas do Alasca – e Seward, a cidadezinha ao Sul de Anchorage de onde partem os cruzeiros, é um trecho lindo do estado, em cujo roteiro deve figurar um dos passeios pelos fiordes do Kenai com a Major Marine Tours, sua chance de experimentar a vida marinha, sentir na pele a brisa forte e fria na Resurrection Bay, as águas turbulentas do Golfo do Alasca, e o vento gélido na aproximação das geleiras. Que experiência inesquecível!
Oficialmente um parque nacional desde 1980, o jovem Kenai Fyords National Park tem uma área equivalente ao Yosemite Park na Califórnia, mas por sua natureza não pode ser explorado de carro, por isso a relevância destes passeios de barco e do motivo de ter sido a primeira atividade que programei para fazermos em nossa roadtrip de 9 noites no Alasca no final de agosto. Nos 7 meses que antecederam a viagem fui acompanhando as fotos lindas da Major Marine no Instagram, empresa que há mais de 25 anos faz este e outros passeios partindo da cidadezinha de Seward, ao sul de Anchorage. Fui aprendendo sobre os animais e pássaros marinhos, as rotas, e a preocupação ambiental da MMT com os descartáveis usados a bordo.
Os 7 meses passaram se arrastando, e me perguntava se seria tão emocionante quanto fora o passeio na Perito Moreno, na Argentina, quando além das passarelas cara a cara com o paredão gelado fizemos um passeio de barco e um mini trekking sobre a geleira. Difícil de bater, né? Finalmente chegou o dia – e ele estava lindo, frio, mas claro e ensolarado, perfeito para este tipo de passeio. E os salmões ainda estavam subindo os rios, o que sinalizava que haveria baleias e/ou orcas na Resurrection Bay – e elas deram um show! Neste aspecto o parque alasquiano ganha do argentino: vida marinha farta, enquanto na Argentina navegamos num lago.
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Tínhamos chegado da roadtrip mais linda do Alasca no final da tarde anterior, o trecho entre Anchorage a Seward, aproveitando muitas paradas ao longo da Seward Highway, e na manhã seguinte fomos à loja da Major Marine logo que abriu para trocar o voucher pelos cartões de embarque – e aproveitamos para comprar souvenirs (#aloucadoimadegeladeira).
O cruzeiro em Seward, Alasca
O embarque acontece no Seward Harbor 360 Hotel e começa 30 minutos antes do início do cruzeiro. Há passeios de 3h30, 5h, 6h, 7h30 e 8 horas, com valores (2018) que variam entre USD$84 a USD$ 224 e operam na temporada de verão (entre maio e setembro). Fizemos o de 6 horas com o apoio da Major Marine, e é este percurso e um pouco do que vimos e vivemos que descreverei aqui.
Ainda na rampa de acesso, somos recebidos por funcionários uniformizados, que conferem os cartões de embarque. Então uma fotógrafa nos dá uma bóia salva-vidas e faz uma foto (acabamos comprando no final do tour). Uma outra funcionária nos dá o número da mesa em que ficaremos. É este número que será chamado no painel na hora do almoço, evitando aglomeração no buffet. Gostei!
A saída da marina é rápida e temos pouco tempo para avistar a cidadezinha de Seward ficando ainda menor na medida em que o catamarã se afasta.
Mas navegamos por vários minutos ao longo da baía Resurrection, pontilhada de paredões rochosos e ilhas, em cujas encostas vivem leões marinhos e que abrigam ninhos de diversos tipos de aves, como o puffin (papagaio do mar), a águia símbolo dos Estados Unidos, o kittiwake (uma gaivota de corpo mais curto) e outros que não reconheci.
As águas são casa das simpáticas e divertidas lontras e dos preguiçosos leões marinhos, que aproveitam o dia de sol sobre as pedras.
Como é difícil fotografar essas orcas danadinhas! Elas são muito rápidas e como estavam um pouco distantes, era até difícil de enxergá-las. Quando eu as avistava já estavam mergulhando de novo! Como eu havia dito, orcas e baleias eram o que mais eu queria ver, mas só vimos orcas e não tivemos a sorte de vê-las assim tão de pertinho…
Ao longo do trajeto, park rangers (guardas florestais) vão trazendo informações sobre a vida animal, o relevo, os glaciares e para crianças e adolescentes há o programa Junior Ranger, uma forma de educar os menores para hábitos ecológicos e fatos geográficos – e mantê-los atentos! Minha filha pegou a revistinha com atividades a ser preenchidas de acordo com as experiências que íamos tendo a bordo, mas como já é adolescente não a interessou muito.
Acompanhe os demais posts desta viagem ao Oeste norte-americano. Quando publiquei este post, os demais ainda estavam em andamento, mas confira atualização nas páginas Alasca, Glacier Park (Montana), e parques de Banff, Jasper e Yoho, no Canadá
Mas acho que todos concordam que o ápice do tour se dá na aproximação das geleiras, e nosso tour nos levou à Aialik, que também foi o ponto onde o catamarã começou o retorno à marina.
Percebi que nosso barco não chegou tão próximo da geleira quanto o Glacier Express (que faz o tour de 7h30), mas até gostei porque acho extremamente perigoso, já que enormes pedaços de gelo se desprendem e provocam ondas altas – bem no momento em que ninguém está segurando no guard-rail porque está fotografando… Pura dor de cotovelo, queria estar naquele Glacier Express! ahaha
A geleira Aialik é a maior da baía de mesmo nome: tem 1.3 km de largura e 70 metros de altura, um paredão impressionante. Aprendi no Alasca que há vários tipos de geleiras e esta é uma calving glacier, isto é, ela se parte e solta pedaços grandes de gelo devido ao avanço da geleira sobre o mar – ou sobre um lago, como em El Calafate, na Argentina. Em nossa visita, estava calminha, mas em maio e junho costuma soltar grandes pedaços.
Avaliação do barco no cruzeiro no Alasca
O catamarã Kenai Fyords 360 é confortável, moderno (2017), silencioso e sua rapidez foi o que mais me impressionou: quase 50 km/h. Tem capacidade para 150 passageiros e 3 níveis: no primeiro fica o bar/buffet e os banheiros, no segundo a sala de comando e no superior o sun deck, uma área aberta nas laterais, mas coberta. Os passageiros têm lugar marcado em mesas nos dois primeiros níveis, e podem circular à vontade pelos decks laterais, frontais e traseiros, além do superior. As janelas são amplas e anti-embaçamento, obviamente há aquecimento central, tomadas para recarga de celulares e acessibilidade para cadeirantes.
Um monitor espelha a navegação, assim sabemos exatamente onde estamos e onde estão as demais embarcações:
Refeições a bordo
Café e chás estão disponíveis gratuitamente durante todo o percurso. Você pode reservar um almoço no momento da compra do cruzeiro (recomendo!) por USD$24, que inclui salada Caeser, salmão do alasca e costela (há opções vegetarianas). Saiba que no restaurante ali da marina um prato de salmão a la carte saiu por USD$30 fora gorjeta, sobremesa e bebidas. Você se serve no buffet ao ter o número de sua mesa chamado no painel e pode repetir depois que todos tiverem sido servidos. Bebidas não alcoólicas estão inclusas e dois tipos de sobremesa são servidos a todos a bordo.
Você pode levar um lanche, se preferir, só não pode levar a bordo bebidas alcoólicas, mas há também um cardápio de bebidas alcoólicas ou não, que você compra no bar/buffet.
Adorei o fato de pratos e copos serem de papelão e não de plástico ou isopor, e os canudos e mexedores de papel e madeira. Ponto pra Major Marine Tours!
Que cruzeiro em Seward, Alasca, escolher
Pense não apenas no percurso (e no custo), mas no tempo que você tem disponível e em quem vai embarcar. Crianças muito pequenas e alguns adultos podem sentir o balanço acentuado dos cruzeiros superiores a 6 horas, que chegam às águas do Golfo do Alasca. Os cruzeiros de 3h30 a 5h permanecem apenas na baía Resurrection, de águas mais protegidas, mas ainda com abundante vida marinha. O de percurso mais longo (7h30) visita duas geleiras e chega mais pertinho delas, também.
Veja o quadro comparativo dos passeios oferecidos em 2018:
Onde comprar o cruzeiro de Seward, Alasca
Reserve seu ingresso no site da Major Marine Tours com antecedência pois os cruzeiros pelos fiordes de Kenai são a principal atração de Seward, e passageiros de navios de cruzeiros e do trem Alaska railroad desembarcam na cidade muitas vezes exclusivamente para fazer um dos tours, além do transporte em ônibus a partir de Anchorage e dos turistas que já estão em Seward.
Caso você prefira comprar online (para quem não fala inglês fluente é sempre mais confortável), confira no Get you Guide, site parceiro do Mulher Casada Viaja.
Estacionamento e guarda-volumes em Seward
A cidade é muito tranquila, mas se você preferir deixe seu carro no estacionamento (US$10/dia) em frente ao Hotel 360. Foi o que fizemos pois estávamos com as malas no porta-malas. Se preferir, pode deixar as malas no escritório da Major Marine Tours.
Avaliação do serviço
Bem, o que dizer de um serviço prestado num país cuja cultura domina a arte da organização e eficiência? Acho que a única coisa que eu tenho negativa pra dizer é que a garrafa de água quente para o chá estava vazia no começo do cruzeiro ahaha. Serviço impecável do começo ao fim, barco fantástico, funcionários atenciosos (deram maior apoio às pessoas que enjoavam na saída da baía para o mar aberto, no Golfo do Alasca).
Tenho total confiança em indicar o cruzeiro e espero que você tenha a mesma sorte de um dia lindo como o que tivemos – e que venham as baleias e orcas! Se tiver alguma pergunta, dúvida ou comentário, já sabe, é só escrever. Abraços, viajantes.
E depois, no retorno pra casa, do avião você verá tudo o que viu, lá do alto…
Adorei o cruzeiro, mas também a região de Seward, um Alasca muito diferente do que conheci no Parque Denali.
Respostas de 31
Olá Márcia, muito legal o seu blog, eu e minha esposa estamos programando fazer o trecho Fairbanks-Seward, tudo a partir de Anchorage, o seu blog está nos ajudando a ir sonhando até lá, parabéns pelas postagens, e esperando as novas atualizações.
Oi, Wanderson, que bom, a ideia do blogs é esta: inspirar e ajudar! Esta etapa da viagem, o planejamento e a expectativa são mesmo uma delícia. Bem-vindo a bordo!
Que Blog legal e educativo. Quero ir porque amo parques, lagos e trilhas. Vou quase diariamente ao Stone Mountain Park em Atlanta. Quando tive em Maui, passei muito mal de motion sickness num passeio curto de barco pra fazer “snorkel” e razão pela qual quero ir ao Alaska de avião. Estes cruises menores balaçam muito? Recomenda? Obrigado.
Oi, Alex, não conheço este parque de Atlanta, vou pesquisar. Há tipos diferentes de cruzeiros saindo de Seward. O que fizemos só balançou mais acentuadamente na saída da baía – e tinha um pessoal passando mal e até vomitando. Mas eles têm uma rota mais curta que fica apenas na baía, talvez seja mais indicada pra vc. Visite o site da Major Marine Tours.
Obrigado por responder. Amei seu blog. Vou tentar por outras vias, nunca tive problemas com trem ou avião ou barco em agua doce, mas de barco em água salgada com ondas é pagar pra sofrer…rs Aproveitando, quando fui a Key West segui este blog que te indico “http://www.floridarambler.com/historic-florida-getaways/free-in-key-west/”, segui as dicas desta escritora nativa da Flroida. Paramos o carro dentro do parque estadual na pontinha que é baratinho pro dia todo e já é um atração em si, depois na volta fiquei com meu primo no ” Parmer’s Resort” com continental breakfast já saindo 25 milhas de Key West. O mais importante foi descobrir e usar um blog de turismo. O Stone Mountain Park foi feito em volta de uma pedra gigante de granito, uma exfolicão, nao é nem estadual nem federal, uma concessão do estado com camping, hotel, trilhas, laser show, parque infantil, etc..Pode subir 1 milha a pé ou via sky lift. Muito famoso em Georgia, quando passar por Atlanta não deixe de visitar, só 20-30 minutos do aeroporto. Muitas viagens pra você!!
Seu Blog e maravilhoso!
Estou indo para o Alaska final de Abril, suas dicas estao sendo muito uteis.
Parabens pela qualidade das informacoes.