A Toscana é caracterizada por pequenas cidades medievais amuralhadas erguidas sobre colinas e escolher quais visitar dentre tantas é uma tarefa dificile! Neste post falo sobre a autêntica Colle di Val d’Elsa e dou motivos para você não dispensá-la de seu roteiro pela Toscana, seja numa viagem entre Florença e Siena, seja entre cidades menores como San Gimignano ou Monteriggione ou, por que não? para servir como base pela região.
Eu sabia nada de Colle di Val d’Elsa e, se me lembro bem, a incluí no itinerário porque copiei do Ricardo Freire o roteiro por esta parte da Toscana, que naquele dia de início de junho incluiria também San Gimignano, Monteriggione, e Volterra. No final do dia, estas duas últimas acabaram ficando de fora e aumentando a lista de lugares para voltar e conhecer porque, como merece toda viagem – e todo viajante, a gente precisa curtir. E foi o que fiz em Colle di Val d’Elsa.
Bem queria saber quem era essa tal de Elsa, mas só descobri apenas que foi nomeada como o rio de 63 km de extensão em cujo vale surgiu a cidade. Por falar em nomenclatura, colle = colina; val = vale. Mas o que é que essa Elsa tem?
A cidade prosperou comercialmente por ficar no caminho da rota peregrina entre Canterbury (Inglaterra) e Roma, a Via Francigena.
No século 16 ganhou o bispado e novo impulso comercial, mas caiu no ostracismo com o ascensão de Florença. No século 19 era chamada de Boêmia da Itália por causa da manufatura de cristais, pela qual é famosa até hoje, ostentando 15% de toda produção mundial e de 95% da italiana.
A cidade é dividida em dois níveis: Colle Bassa e Colle Alta, o mais baixo é mais moderno e a cidade medieval fica na parte mais elevada. Nós subimos a pé pela escadaria perto da igreja Santa Catarina (e do fétido banheiro público que fica ali – ai que saudade dos banheiros da Alemanha e Áustria…), aos pés do bolsão de estacionamento da Viale della Rimembranza, mas existe um elevador que une as duas partes da cidade.
O que fazer em Colle di Val d’Elsa
- Smell the flowers – Acho que o melhor é aproveitar o fato de a cidade ser tranquilinha e tomar vino o birra e ver a vida passar – nem que seja por algumas horas.
- Porta Volterrana ou Porta Nova foi para mim a grande surpresa, pois não tinha lido nada a respeito e ao caminhar sem rumo pelas ruas medievais acabei encontrando esta imponente porta, construída em 1479 como parte do arquitetura fortificada dos Medici. A impressão que temos é que se trata de uma fortaleza, por causa das torres circulares e dos parapeitos com aberturas para canhões, algo que não vemos em outros portões medievais, apenas em fortalezas e castelos.
- Caminhar no entorno da Piazza Santa Catarina e avistar o vale a partir do mirante na Via Dietro de le Mura.
- Museus: do Cristal, Arqueológico e de Arte Sacra. Não conheci nenhum deles.
- Piazza Arnolfo di Cambio – a praça principal da cidade baixa homenageia seu mais ilustre filho, o arquiteto que desenhou nada menos do que o Palazzo Vecchio, a Igreja Santa Croce e a Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença, só para citar alguns. Olha aí um motivo a mais para visitar Colle di Val dElsa.
- Visitar uma fábrica de cristal artesanal, a ColleVilca
- No primeiro domingo do mês há uma feira com produtos locais, como queijos, embutidos, produtos de vidro, plantas e roupas.
Onde Comer
Eu queria muito ter almoçado no Portanova Hosteria Enoteca, mas minha companheira de viagem me esperava em outro ponto da cidade. O restaurante fica dentro de uma das torres da muralha (ooooh!) e além do lindo espaço interno serve em mesas em seu terraço (ooooh!). A entrada é bem discreta, mas dê uma olhada no site deles e veja as fotos.
Mas não vou reclamar do meu ‘almoço’ na Piazza Santa Caterina, no Jeka Wine Bar. Depois do farto café da manhã de Siena, uma porçãozinha de melone e prosciutto (€7,50) foi suficiente para matar nossa fome até a próxima refeição.
Para uma sobremesa, caminhe na direção da Porta Nova e pare na Pasticceria Mario Barone (via Gracco del Secco).
Onde Ficar
Você pode conhecer Colle di Val d’Elsa num bate-volta a partir de Siena, são apenas 32 km de distância. E não, não faça bate-volta a partir de Florença para Siena, pois Siena tem muito pra ver. Confira no post Um Dia em Siena, Roteiro. Se preferir passar a noite ali ou mesmo montar sua base para conhecer as cidades do entorno, eu acho uma boa ideia (leia abaixo).
No centro Histórico
Eu me encantei com a decoração do Palazzo Pacini, avaliado com 9,6 no Booking e pertinho da Porta Nova. A partir de R$530/noite.
Num antigo convento
O Relais Della Rovere é uma propriedade composta por uma vila restaurada, um convento do século 12 e uma casa de fazenda. A partir de R$350/noite.
Em Agriturismo
Se quiser uma experiência mais rural, fique no Agriturismo Podere Campinovi. Agriturismo é um tipo de hospedagem bem comum na Toscana: casas de fazenda transformadas em B&B. A partir de R$350/noite.
Veja outras opções de hotéis em Colle di Val d’Elsa e, se gostar dos preços e das condições, faça a reserva pelos links acima e não pagará nada a mais e ainda retribuirá as dicas legais deste e de outros posts aqui no Mulher Casada Viaja.
Como chegar a Colle di Val d’Elsa
Não há linhas de trem servindo Colle di Val d’Elsa, mas há ônibus saindo tanto de Florença quanto de Siena, confira neste site indicado pela prefeitura.
Nesta parte da Itália, assim como nas Montanhas Dolomitas, eu preferi alugar um carro. Leia sobre regras de trânsito, combustível, pedágios, ZTL e outras em Dirigindo na Itália. E se for alugar, cote com a Rentcars.com, site de busca de preços e reservas que uso pois gostei da assistência pós venda e das opçoes de pagamento.
Vale a pena conhecer Colle di Val d’Elsa?
Não é uma cidade imperdível turisticamente falando, mas por isso mesmo acho que vale a pena conhecê-la porque, diferente de cidades como San Gimignano, Pienza e Montalcino, Colle di Val d’Elsa é quase tourist-free e parece mais autêntica e sem filtros (Pienza, por exemplo, me pareceu um cenário de filme). Colle di Val d’Elsa também ganha pontos porque não é abarrotada de turistas, e você terá mais chance de interagir ou observar locais – e mais paz.
Também estive em outra cidade toscana com poucos turistas (juro, só vi uma moça!), San Quirico d’Orcia.
Respostas de 21
Que cidadezinha encantadora! Realmente parece ser muito original, para quem quer conhecer um sitio que preserva suas heranças, ao contrário de outros lugares que parecem cenários para turistas. Adorei!
confesso que gosto das cidades cenário, também. Viajar é bom de quase todo jeito!
bahh morei ai perto por umas 3 semanas e n tinha ouvido falar desse lugar! ficava ali entre montereggioni e siena quase todo dia -_-
Pois é, por isso que é legal, não é muito turística
Coisa mais lindaa! Seu blog é um lugar pra sempre se apaixonar mais pela Itália. Esse lugar parece um encanto, obrigada pela dica. 🙂
É amor, Katarina!
Cada vez que leio sobre essas cidadezinhas do norte da Itália, fico ainda mais curioso para visita-las.