Comida no Egito
Você pode encontrar listas de comida típica no Egito em vários blogs de viagem e sites informativos, então aqui compartilho como foi nossa experiência gastronômica durante uma viagem de 15 dias pelo país. Afinal, a proposta do Mulher Casada Viaja é sempre trazer dicas do que vivemos.
A primeira dica é que numa viagem ao Egito comer não é tão simples como na Europa ou América do Norte, em que você come em qualquer barraquinha de rua, faz uma refeição rápida em café ou escolhe um restaurante para o jantar. E também porque a grande maioria dos viajantes vai ao Egito com o apoio de uma agência de turismo – o que também aconselho fazer – quando os restaurantes já estão escolhidos, e a maioria dos pratos, também.
No nosso caso, o almoço estava incluso no pacote, e a opção que tínhamos era invariavelmente carne, frango ou misto. Isso significava kafta (que no Egito se chama kofta), frango assado ou os dois. Vinha à mesa também arroz e legumes num prato feito, e de entrada as pastinhas árabes, pão pita/árabe e às vezes a tradicional sopa de lentilha. De sobremesa sempre banana, virou até piada interna do grupo. Mas é claro que você pode pedir outra coisa, desde que pague à parte. A banana tem uma razão: você descasca facilmente, sem precisar lavar. Essas refeições foram feitas em restaurantes em Gizé, no Cairo e em Luxor. Durante o cruzeiro no Rio Nilo e no resort em Hurghada (Mar Vermelho), havia mais variedade, com serviço de buffet.
E você pode dizer “Ah, mas por que vocês não foram a restaurantes por conta própria?!” É verdade, tivemos oportunidade para isso, mesmo que poucas vezes – 3 ou 4 chances durante as 28 refeições no Egito. Pouco, né? No post Viagem ao Egito: dicas essenciais e roteiro você pode conferir como a viagem é puxada, corrida, e quando houve tempo livre, ou preferimos comer no próprio hotel por conveniência ou cansaço, ou na praça de alimentação de shopping, por acreditar ser mais seguro. Não atire pedras se você é do tipo que come de tudo – talvez seja porque não tem diarreia, ou jovem o bastante para não se preocupar com isso.
Outro motivo que dificulta a ida a restaurantes é a segurança – Cairo é bem complicado de andar, fora do miolinho do centro não há faixas de pedestres ou semáforos e pedestres têm que se arriscar entre o trânsito caótico de carros, vans, tuctucs, motos e carroças. Mulheres sozinhas, melhor esquecer, a gente se sente muito desconfortável até com os olhares em alguns lugares mais tradicionais, como o souq do Cairo ou cidades menores como Kom Ombo.
A comunicação – ou sua ausência – é outra questão que impacta no quesito comida no Egito. Sou professora de inglês, acabei de voltar da Nova Inglaterra e não tive nenhuma situação sequer de comunicação por lá. Mas no Egito a maior parte das pessoas com quem tive contato falam um inglês meio difícil de ser compreendido. Às vezes eu perguntava uma coisa e recebia uma resposta que não casava com a pergunta. E isso compromete aprender sobre costumes e comida do Egito, concorda?
Uma opção é contratar passeios adicionais como os que selecionei abaixo de nossa parceira Civitatis. Eles incluem guias falantes de português e traslado. O espetáculo noturno nas pirâmides eu não indico, a não ser que você seja aficionado em pirâmides, como contei em Pirâmides de Gizé: o que saber antes de ir. O show de Dervixes pode ser interessante. Se eu conhecesse a Civitatis quando fui, teria comprado o tour noturno pelo Cairo, pois não saí nenhuma noite pelo centro da capital do Egito.
Nada como o tempo para mudar perspectivas – e escrever sobre comida no Egito -, e editando as fotos para este post, percebi que tivemos sim uma boa introdução à culinária egípcia, apesar de tudo o que citei acima. Acho que a questão é que vivendo em São Paulo temos acesso à culinária árabe e muita coisa não parece novidade. Mas os nomes mudam. O kibe, por exemplo, é chamado kobeba.
O falafel no Egito se chama ta’ameya, um bolinho de formato achatado como um hambúrguer (na segunda foto deste post aparece), mas em vez de grão de bico, o falafel egípcio é feito com feijão fava. Outro diferencial são as ervas usadas: salsa, coentro, alho-poró – e que os egípcios comem taameya no café da manhã.
Tão popular no oriente que a autora do Livro da Comida Judaica conta uma piada para ilustrar a importância e o favoritismo do falafel nos países orientais/árabes:
“Um homem entra em um restaurante francês em Tel-Aviv, olha o menu e pergunta: ‘Você tem perninhas de rã?’ O garçom responde: ‘Temos’. O homem não titubeia:
‘Então vá até a esquina e me traga um falafel’.”
Mas o prato egípcio mais típico talvez seja o Koshari, uma msitura de grão de bico com lentilha, um ou dois formatos de macarrão, arroz e molho. Sim, parece um mexidão que a gente faz pra limpar a geladeira antes de viajar ahaha. Na foto, outro prato típico, servido em quase todas as refeições que fizemos: sopa de lentilha.
O lanche abaixo (acho que se chama sabich) foi um colega de viagem que comeu e adorou, ingrediente básico é berinjela, mas só me lembro de ver a mulher socando tudo dentro do pão com os dedos, sem luvas. E ainda estávamos na pandemia… Meu amigo passa bem.
Os doces que provei não me pareceram muito típicos (além dos tradicionais doceds árabes com macarraõzinho), comi a maior parte no navio de cruzeiro e no resort, onde os pratos são mais internacionaisMas um típico árabe que provei e aprovei foi o Kunafa, feito à base de queijo com cobertura de macarrão cabelo de anjo, servido quente. E fiz o registro de outro doce tradicional, Om Ali, que parece uma papinha de pão com leite, não achei que valha as calorias ganhas, não.
Onde Comer no Cairo
Na região central do Cairo comemos duas vezes no l’Uliveto, restaurante italiano do Fairmont. A lasanha estava divina e também foi bom comer uma pizza depois de tanta kafta. O ambiente é bem decorado e o mesmo usado para servir o fantástico café da manhã do hotel.
Já o bar El Mil, também no hotel Fairmont, não agradou. Pedimos falafel e kibe pra acompanhar nossos drinks sem álcool. O falafel estava salgado além da conta e o kibe com a casca dura, parecendo ter sido reaquecido depois de ter sido fritado demais. O ambiente é lindo e confesso que foi isso que me interessou. Mas li avaliações positivas no TripAdvisor. Ou demos azar ou era uma das opiniões compradas ou de perfis falsos da plataforma. Melhor seguir dicas de blogs de viagem sérios.
Em frente ao Rio Nilo, no Cairo, há uma série de opções, que vão de jantares a bordo de barcos navegando este trecho urbano do Nilo a restaurantes abertos ao nível do rio. Almoçamos em um deles, o The Plataform.
Para um café ou um descanso no meio de seu dia no centro do Cairo, achei o Café Oasis Omr, mas quando passamos lá, pela manhã, estava fechado. Deve agradar quem procura um lugar menos turístico, porque fica no Al Horreya Garden, um parque/jardim botânico pequeno, na ilha do rio Nilo, bem em frente à ponte dos leões, que dá na Praça Tahrir.
Veja onde comer em shoppings e em restaurantes com vista no item Outras Dicas, mais abaixo.
Bebida no Egito
Álcool
Embora seja um país muçulmano, bebida alcoólica você encontra, sim, pensei que seria mais restrito, como foi em Doha, no Catar. Tem cerveja Saqqara, Stella (mas não é a Artois, mas é boa), Heineken. Pagamos um rim em dois dedos de vinho egípcio no hotel Fairmont.
Bebidas sem álcool
Com o custo alto de bebidas alcóolicas, e porque eu estava evitando cerveja, preferi ficar nos mocktails, drinks sem álcool feitos com sucos de frutas e refrigerantes. O Egyptian Breeze do l’Uliveto no Fairmont, é delicioso.
Fiquei decepcionada com os chás que nos serviam nos passeios, quando visitamos a Vila Núbia e um suposto acampamento nômade no deserto do mar Vermelho. E não fui a única, ninguém do grupo apreciou o sabor do chá. Infelizmente acabei não provando chá em outros lugares além do hotel, industrializados e tradicionais. Espero que no Marrocos seja diferente.
Percebi que no Egito tem mais Pepsi do que Coca-cola, e tem alguns refrigerantes de sabor diferente, como Schweppes de romã.
Água
Eu tinha lido que muita gente acaba com alguma infecção intestinal ao consumir água na forma de gelo ou em sucos ou pelo seu contato com frutas e verduras crus. Como já sou sensível, só fui comer alface e morangos, por exemplo, nos últimos dias da viagem – e no hotel em Hurghada.
No começo da viagem ao Egito fiquei na neura e até para enxaguar a boca na escovação dos dentes eu usava água mineral. O bom é que não precisamos comprar água mineral, fornecida gratuitamente pelos hotéis em que ficamos, e também no navio do cruzeiro. E é preciso beber bastante água, o clima é bem seco.
As marcas de água que nos ofereceram foram Siwa, servida a bordo pela Egypt Air, e nos hotéis lembro da Dasani e Nestlé.
Fica uma pergunta, meio retórica: se o problema de consumir água em muitos lugares (tive uma aluna gringa que não comia nem fruta com casca no Brasil) é a concentração de minerais que podem ser diferentes aos que nosso corpo está acostumado, por que a água mineral não faz mal? Na verdade, acho que o problema do consumo de água é mesmo a falta de tratamento, principalmente em se tratando de países como Egito, Índia e afins. Porque os minerais também são diferentes nas torneiras de NYC ou de Roma, e nunca tive problemas, nem de beber água de riachos ou fontes na Europa.
Subi no perfil do Facebook do Mulher Casada Viaja alguns registros que fiz no navio, em supermercado e em shopping. Aproveite pra seguir o blog lá, também.
Preços de comida e bebida no Egito
Li vários conselhos para não comer em qualquer lugar, e dar preferência para os restaurantes de hotéis de 5 estrelas. Claro que o custo é maior: enquanto uma 7Up saiu por EGP19 na praça de alimentação do Mall of America, no hotel uma Sprite custou EGP 48! E só tome vinho ou outra bebida alcóolica se dinheiro estiver sobrando, mesmo. No Fairmont City Nile uma taça de vinho local saiu por 140. Whiskey ou Vodka na faixa de EGP 520-580. Cerveja Heineken, Stella ou Sakkara a 88.
Como em qualquer lugar, os preços variam muito. A taxa de serviço cobrada foi de 12% e ainda incide imposto de 14%. Deixo aqui o que consumimos em mar/22 com valores em libras egípcias (já com taxas e impostos):
2 combos do Burger King (lanche, cola e fritas), no Mall of Arabia | EGP 180 |
pizza individual (tam italiano) margherita, lasagna, sprite e drink sem álcool, no L’Uliveto do Fairont Cairo | EGP 577 |
sanduíche caprichado estilo italiano, no O Sole Mio, no Cairo | de EGP 75 a 105 |
2 burgers, fritas e seven up no Country Hills no shopping CityStars | EGP 229 |
café expresso e cheesecake de blueberry no shopping City Stars | EGP 100 |
Outras dicas sobre comida e bebida no Egito
Restaurantes com vista para as pirâmides
Não sei você, mas para mim é bastante importante comer com vista, acho que esse gosto evidencia o valor que dou às viagens. Sei que os restaurantes naquela piazza italiana ou no alto de uma montanha alpina talvez não sejam a melhor opção para gourmands, mas não me importo, quero comer paisagem até na hora das refeições!
E tem coisa mais inusitada do que um restaurante tão trivial quanto o Pizza Hut ter vista para as pirâmides? Mas se você quer algo mais sofisticado e exclusivo, veja o 9 Pyramids Lounge, que fica dentro do sítio arqueol[ogico de Gizé – e por isso precisa obedecer a seus horários e pagar acesso para ir ao restaurante.
Supermercado no Egito
Se estiver viajando em excursão, peça a seu guia que pare em algum Carrefour e tenha uma amostra da comida no Egito. Percebi que legumes e frutas não são muito diferentes dos que temos no Brasil, só têm menos variedade. Se perdem em frutas e legumes, ganham em temperos, hibiscos para chá e tâmaras – e na época do ramadã ficam expostos produtos típicos da maior festa muçulmana. O legal é descobrir as letras árabes nas embalagens famosas, mas por que a Pepsi e a Lays têm a mesma inscrição eu não entendi! ou não têm?
Barganhe até para um café
Em paradas na estrada pra banheiro e café sempre pergunte o preço de tudo antes. Em uma delas esqueci e acabei pagando 59 libras egípcias por um expresso, o dobro do preço cobrado no shopping.
E não foi apenas uma vez, não. No aeroporto de Assuã, pedimos para nosso guia nos dar um tempo para tomar um café pois tínhamos acordado muito cedo. Ele disse que tinha um lugar bom no estacionamento, e todo mundo topou, não entendo, acho que era muito cedo pra pensar, só pode ter sido isso. O lugar que ele disse ‘ser melhor’ era uma tenda, e o expresso que eu pedi veio com vírus. Vi a mulher que me serviu assoando o nariz pouco antes de servir meu café. Peguei um resfriadinho e ainda paguei caro por isso!
Mercado Khan el Khalili
Um dos lugares mais visitados do souq do Cairo é o El Fishawy, o café dos espelhos, considerado o mais antigo do oriente, administrado pela mesma família desde 1773 e aberto 24 horas, 7 dias da semana. Nós apenas passamos por lá, e como era manhã, estava bem vazio. O tour da Civitatis te leva lá à noite, quando é mais animado.
Praça de alimentação de shoppings
Não curto comer em praças de alimentação, nem aqui nem em viagens, por ser tudo sem sabor aqui e porque lá é quase igual ao que temos em casa, mas aproveitamos a ida a dois diferentes shoppings, no começo e no final da viagem, para comer. E tinha muita coisa diferente e alguma coisa igual.
Visitamos dois shoppings na grande Cairo, o CityStars em Heliópolis e o Mall of Arabia em Gisé. Seguem o formato dos malls ocidentais: têm praça de alimentação e outras opções espalhadas pelos corredores. E tem McDonalds, KFC, Burger King, Dominos, mas também muitos restaurantes que nunca vi na vida, talvez de redes locais árabes?
O sistema é o mesmo daqui, você pede no caixa, pega o cupom e aguarda sua senha. Não é preciso conversar muito, uma grande vantagem pelos motivos que já citei acima. No Country Hill do CityStars tinha serviço de mesa, mas não foi difícil fazer o pedido.
Temperos e ervas
Na Vila Núbia, lugar que conhecemos em Assuã, tem um mercado de rua enorme, e muitas barracas com temperos, chás e outros produtos. Em outro passeio, safari no deserto com quadriciclo, uma tenda oferecia vários tipos de ervas medicinais.
O que você achou da comida no Egito e das dicas? Deixe uma pergunta ou comentário, ficarei feliz em responder. Abraços e boas viagens!
Mais dicas de comidas e restaurantes
A ideia de escrever sobre comida no Egito estava em minha programação desde antes da viagem, mas foi a blogagem coletiva do grupo Pequenos Grandes Viajantes que me incentivou a ativar o rascunho. Veja o que os demais blogueiros do grupo publicaram:
- Viajando com Moisés: Comida Mexicana, melhores pratos e curiosidades
- Comidas pelo Mundo: Comidas Típica da Espanha, melhores pratos e curiosidades
- Entre Mochilas e Malinhas – Como é a visita à Nugali Chocolates em Pomerode
- Vamos viajar pra onde agora? 10 lugares para comer no RJ
- Uma Viagem Diferente – Restaurantes Temáticos em Gramado
- 6 Viajantes – 10 Comidas de Halloween para uma lancheira divertida
Respostas de 9
Eu amo comida árabe. Acho que comeria muito bem no Egito. To pensando em ir para lá ano que vem! Adorei as dicas
Vá, sim, Diego, você vai curtir
Comer no Egito não deve ser uma coisa fácil. Já imaginei o problema com a língua e também que tu falou que os nomes das coisas são diferentes do Brasil. Adorei as dicas!