Foi uma viagem rápida, mas o suficiente para que a Bósnia & Herzegovina deixasse lembranças marcantes. Neste post compartilho o nosso roteiro, e conto a surpresa que tive ao chegar à cidade de Mostar, e o incômodo que nos fez companhia durante a estadia lá.
Os países menos visitados da Europa
Mas primeiro, você sabia que a Bósnia & Herzegovina figura entre os países menos visitados na Europa? Segundo números de 2019, antes que a pandemia Covid-19 desestabilizasse o mundo e gerasse o turismo da revanche em 2022-23, a Bosnia & Herzegovina recebeu 1,198 milhões de turistas. Acompanham nesta categoria de países com inexpressivo turismo europeu outros dois que visitamos na mesma viagem, as belas Montenegro (2,510 milhões) e Eslovênia (4,702 milhões).
Coincidência serem países integrantes da extinta Iugoslávia? Talvez, mas outros Estados sem históricos recentes de guerras também têm números baixos, como San Marino, que fica geograficamente na Itália e recebeu 1,904 milhões de turistas, Liechtenstein (99 mil), grudadinho na Suíça, e Luxemburgo (1,04 milhão). Também estão na lista países de grande beleza natural, como Macedônia (1,03 milhões) e Estônia (3,8 milhões) e a longínqua e cara Islândia (2 milhões).
Cansado de multidões na Espanha, França, Itália? Bora pra estes destinos!
Bom saber: o Brasil recebeu 6,353 milhões, enquanto a França, país mais visitado da Europa, recebeu 217,877 milhões, no mesmo ano de 2019. Todos os dados foram obtidos no The World Bank.
COMO CHEGAR À Bósnia & Herzegovina
Não há voos diretos a partir do Brasil, é preciso fazer conexão nas principais cidades da Europa. O aeroporto principal do país é o Aeroporto Internacional de Sarajevo (SJJ), localizado a 12 km da capital. Outras opções são os aeroportos na Croácia: Zagreb (ZAG) e Dubrovnik (DBV), Split (SPU).
Nós chegamos de carro alugado, cruzando a fronteira depois de visitar Dubrovnik. Foi uma viagem lenta, pois a via é sinuosa e de mão única, e basta um ônibus ou caminhão para tornar o percurso longo.
Quando fiz a pesquisa sobre cruzar fronteira com carro alugado, descobri que as locadoras cobram uma taxa, mas mesmo eu tendo sinalizado isso na hora da retirada, não vi na fatura nenhum valor lançado a respeito.
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DIRIGINDO NA BÓSNIA E HERZEGOVINA
Conhecemos apenas uma pequena área da Bósnia & Herzegovina, então falo sobre o que vivi. As estradas não são as piores, mas não têm o padrão europeu, e nenhuma é duplicada. Por outro lado, estavam bem vazias naquele maio.
A gente se assusta um pouco com a sinalização em tantas línguas, ainda mais em alfabeto cirílico e com nomes de cidades pouco familiares.
O limite de velocidade nas autoestradas é de 130 km/h; 100 km/h em vias duplas, 80 km/h em estradas abertas e 50 km/h em áreas urbanas.
No mais, as regras são parecidas com as do Brasil:
- obrigatoriedade do uso de cinto de segurança
- faróis baixos 24 horas por dia, durante todo o ano
- limite de álcool ao dirigir na Bósnia-Herzegovina é de 50 mg de álcool por 100 ml de sangue (0,03%)
- uso de telefones celulares é proibido, mas permitido no viva-voz
- obrigatoriedade de uso de pneus de inverno de 15 de novembro a 15 de abril
Quanto a pedágios, nos trechos em que dirigimos, de Mostar à fronteira com a Croácia, não havia nenhum. Há cobrança de pedágio na auto estrada A1, perto de Sarajevo, e na divisa com a Croácia em dois pontos: Ljubuški ao sul e Svilaj ao norte da Bósnia e Herzegovina.
Não deixe de ler: Dicas para dirigir na Croácia e países vizinhos – com preços!
Fronteira Croácia-Bósnia
Além de passaportes de todos os passageiros, dos documentos do carro e de sua CNH válida, tenha sua PID, a Permissão Internacional para Dirigir. Não nos foi solicitada, mas é sempre aconselhável ter toda a documentação caso a polícia ou outra autoridade decida solicitá-la.
Leia as dicas de Como emitir a Permissão Internacional para Dirigir (PID)
Cruzando a fronteira depois de visitar Dubrovnik, já era noite. Não havia filas e o processo de registro de entrada, carimbando o passaporte, foi rápido e sem comunicação além de um dober dan e hvala. Não é preciso pagar nenhum tipo de taxa.
Na saída da Bósnia e Herzegovina, usamos um ponto de fronteira diferente, pois dirigimos entre as Cachoeiras de Kravika e Split. Se você for na mesma direção, saiba que o Google Maps nos mandou por uma estrada que levava a um posto de fronteira desativado, então tivemos que voltar um pouco.
Segurança
Em geral, a Bósnia e Herzegovina é um destino seguro para os viajantes, mas como qualquer cidade turistica, há risco de furtos em Mostar e Sarajevo, portanto, fique atento ao seu entorno e não deixe objetos de valor à mostra.
Eu tinha lido que em alguns pontos do país – fora da zona turística – ainda há minas terrestres. Conhecimento é sempre bom, mas às vezes saber demais te engessa. Estávamos diante de um campo lindo, forrado de papoulas, flores silvestres comuns nos campos da Europa na primavera, que eu adoro. A intenção era descer do carro para fotografar-me entre elas, mas a lembrança das minas me sugeriu que uma bela foto não vale o risco de um encontro com acidentes ou mesmo morte. Isso me lembra o número de pessoas que abusam da sorte para conseguir cliques diferentes em busca de likes nas redes sociais… Não tenho uma foto para mostrar, mas ficou em minha memória.
Roteiro pela Bósnia & Herzegovina
Ainda não estou no nível de escolher países menos visitados da Europa como destino principal, confesso que incluí Bosnia & Herzegovina no roteiro pela proximidade com nosso destino principal, a Croácia. Não que a Bosnia & Herzegovina tenha poucos atrativos! Veja o que você pode conhecer ao inclui-la a sua Eurotrip. Além de nosso roteiro, adicionei outros pontos, caso você tenha mais tempo do que tivemos.
Dia 1: chegada à noite a Mostar
Muito cansados para sair, depois de ter curtido um dia de praia na ilha de Brac, Croácia, só tomamos um banho e caímos na cama! Ficamos numa localização excelente, a passos da famosa ponte de Mostar – e só a maturidade mesmo para segurar a vontade de ver este ícone da Bósnia e Herzegovina, até mais que o cansaço.
Escolhemos um belo hotel de administração familiar, o Shangri la Mansion O quarto era simples, mas o terraço panorâmico com área de descanso e vista para a cidade, o estacionamento, e o café servido com vista para o jardim foram pontos altos, além da localização, claro.
Dia 2: Mosteiro em Blagaj, Pocitelj e Centro histórico de Mostar
Acordamos cedo e depois de um caprichado café da manhã no hotel, pegamos o carro em direção a Blagaj Tekke, um mosteiro dervixe do século 15, localizado a apenas 12 km de Mostar. Para ler sobre nossa visita, por favor vá até à página Bósnia e Herzegovina.
Ainda pela manhã seguimos para a cidade vizinha de Pocitelj, Patrimônio Mundial da UNESCO, com ladeiras revestidas de pedras, casas de pedra, e no topo, ruínas de uma fortaleza e uma vista incrível do rio Neretva. A cidade é linda, e se estivesse na Itália, França ou qualquer país europeu ocidental estaria lotada de turistas!
Para ler as dicas resultantes de nossa visita e ver as fotos lindas que fizemos lá e que você também pode fazer, por favor vá até à página Bósnia e Herzegovina.
De volta a Mostar, almoçamos no centro histórico e depois exploramos a região com belas pontes, lojas com produtos turcos e lindas vistas. A chuva nos espantou, mas retornamos à noite para ver a cidade iluminada, uma beleza. Mas não foi nenhum desses atrativos o que mais me marcou nesta passagem por Mostar.
Fiquei impressionada com a quantidade de casas marcadas por tiros, prédios ainda destelhados, tudo resultado de uma guerra que aconteceu há exatos 30 anos, quando de nossa viagem. Para quem, como eu, não havia visto de perto algo asism, é perturbador. Não dá pra evitar que a imaginação monte cenas da guerra com a leitura que nossos olhos registram, as recordações das imagens da época exaustivamente exibidas na TV, e os relatos de moradores que viveram esse horror.
Outro elemento que me impactou foram os parques e praças da cidade usados para sepultar os mortos da guerra de 1993. Falando assim, talvez eu não tenha conseguido expressar o que é estar na principal avenida da cidade e ver, dos dois lados, túmulos e túmulos de pessoas mortas em 1993. Segundo o proprietário do hotel em que ficamos, não era seguro ir da cidade ao cemitério, por isso os parques foram usados e permanecem como cemitérios.
Este é o primeiro artigo publicado sobre a Bósnia, então veja as atualizações na página Bósnia e Herzegovina, onde conto mais a respeito de Mostar e dos demais lugares que visitamos nestes 2 dias
Dia 3: cachoeiras de Kravika
Depois do check out, paramos na estrada para tomar café da manhã. Estar em um dos países menos visitados na Europa tem suas vantagens: não só ali, mas em toda Bósnia & Herzgovina, tivemos a rara chance de exercitar a comunicação gestual, pois os atendentes não falavam inglês fora do centro histórico.
Necessidades básicas atendidas, seguimos para uma das principais atrações naturais da Bósnia & Herzgovina, as cachoeiras de Kravika.
Depois de visitar as Cataratas do Iguaçu, ou mesmo o Parque Nacional Krka na Croácia, não foi como ver a oitava maravilha do mundo, mas era logo ali, no caminho, valeu a parada, é um local muito bonito.
Mas o Kravika tem uma carta na manga: é o único desses parques de cachoeiras da região dos Balcãs em que é permitido nadar. Tanto em Krka quanto em Plitvice é proibido entrar nas pisicnas naturais. Não sei você, mas minha alma sorri quando vê os europeus no verão se deliciando com o breve calor do verão nos lagos, rios e cachoeiras.
Depois de uma cerveja em frente às quedas d’água, ainda antes do almoço voltamos à Croácia, para os últimos dias em Split.
O que fazer na Bósnia e Herzegovina em 3 dias ou mais
Caso você tenha tempo para explorar a Bósnia & Herzgovina, pode passar 1 ou 2 dias na capital Sarajevo, a 125 km de distância.
Para quem é da minha geração, não tem como evitar lembranças desagradáveis da guerra da Iogoslávia nos anos 1990 ao ouvir esse nome. Mas lembranças escolares também ressurgem: você sabia que o estopim da Primeira Guerra Mundial aconteceu em Sarajevo, exatamente na Ponte Latina? Foi lá que Francisco Ferdinando da Áustria foi baleado.
Outra opção de o que fazer na Bósnia e Herzegovina, pertinho de Sarajevo, são atividades junto à natureza, como trilhas e rafting, na região do canyon Rakitnica.
E você pode curtir as praias do diminuto litoral da Bósnia. Se tiver dúvida de sua beleza, Neum é o trecho da costa de apenas 20 km que corta a Croácia ao meio, entre Dubrovnik e Split. E muito mais barato do que qualquer trecho do Adriático!
OUTRAS DICAS DA Bósnia & Herzgovina
- A moeda local é o marco bósnio (BAM). Nosso hotel não aceitou cartão e deu preferência para receber em dinheiro. O euro é a moeda preferida para pagamento, inclusive nas lojas os preços estão expostos nas duas moedas.
- Além de figurar na lista de países menos visitados da Europa, a Bósnia-Herzegovina é provavelmente um dos países mais baratos para se visitar na Europa. Não apenas alimentação e produtos, e hospedagem, mas até combustível.
- Devido ao domínio do império otomano, a culinária apresenta grandes influências turcas.
- Como ficamos apenas 2 dias, não compramos nenhum chip de celular. Traçávamos rotas no Google Maps usando o wifi do hotel e rodávamos no offline. O cartão da Telemach que usamos na Croácia não funciona na Bósnia & Herzegovina.
E você, iria à Bósnia e Herzegovina se tivesse a chance? Ou já foi? Conte nos comentários, não sou um robô IA, gosto de conversar ehehe.
Respostas de 6
Com certeza irei à Bósnia, é um destino que está na minha lista de lugares para conhecer. As fotos e relatos que já vi e li são fantásticos. Dessa lista dos países menos visitados ultimamente, devo ir a Luxemburgo na próxima ida à Europa. O roteiro ainda está no início, mas alguns destinos estão escolhidos.