O jardim Boboli é um imenso espaço verde construído ao redor do Palazzo Pitti, Florença, histórica residência que abriga vários museus. Confira como é a visita, preços, horários e o que não perder.
Mi dispiace, mas Palazzo Pitti não tem nada a ver com Brad Pitt, meninas. Mas outros nomes de peso e tão dramáticos quanto produções hollywoodianas envolvem a história do Palazzo Pitti e os Jardins de Boboli, em Florença: a própria família Pitti, que o construiu para rivalizar com os Médici (se você não se lembra deles das aulas de História ou de Arte, aposto que não vai esquecê-los depois de visitar Florença), que depois de falidos tiveram o edifício adquirido pela esposa de Cosimo I de Médici, em 1550. E aí a Granero entrou em ação e o Palazzo Vecchio perdeu o posto de residência oficial da família. E como a vida é feita de ciclos também para os impérios, chegou a vez de os Médici dizerem adeus, e o Palácio Pitti virou a residência dos Lorena e depois dos Sabóia. O palácio é hoje um complexo de museus e jardins – o conhecido Jardim Boboli, sobre o qual falarei mais adiante – e fica pertinho da Ponte Vecchio.
Agora, olha que legal: sabe o que é corredor vasariano? Existe um ligando o Castelo Sant’Angelo à São Pedro, em Roma, e existe um em Florença, ligando o Palácio Vecchio ao Pitti – e que pode ser visitado! Esses corredores elevados eram construídos para que o monarca pudesse se deslocar de um ponto a outro em segurança. Se você já esteve em Florença notou as janelinhas acima da ponte Vecchio, não é?
Museus do Palazzo Pitti
É preciso visitar o complexo do Palazzo Pitti em Florença em mais de um dia, se quiser ver todos os museus e conhecer os jardins com calma. Para quem não dispõe desse tempo todo – mesmo porque há tantos outros museus em Florença – sugiro que escolha os de seu interesse.
O ingresso que compramos (€10 em maio/15) incluiu acesso aos seguintes espaços e sobre os quais falarei mais abaixo:
- Jardins de Boboli
- Museu da Prata
- Museu do Vestuário
- Museu da Porcelana
Mas ainda tem outros museus dentro do complexo:
- Galeria Palatina: arte dos séculos XVI e XVII
- Galeria de Arte Moderna Italiana: pintura e escultura do final do século XVIII ao fim da primeira guerra mundial
- Aposentos Reais: salas ricamente decoradas com mobiliário, pinturas e tapeçaria do período dos Savoy
- Museu da Carruagem (fechado para reforma em nossa visita)
Localização do Palazzo Pitti
O Palazzo Pitti fica em Florença, na Piazza de’ Pitti 1, do lado oposto do rio Arno ao Duomo, Uffizi, Galleria, etc.
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Os Jardins de Boboli
Eu visitei o complexo com meus pais, em nossa última manhã em Florença, pois achei uma boa opção para sair do muvucado centro histórico e do sol quente de maio, dois elementos que cansam ainda mais os idosos. Chegamos bem cedo e compramos os ingressos na hora, sem filas. Eu não tinha feito minha lição de casa e não sabia o que esperar do palácio, pois meu interesse maior eram os jardins (meus pais não têm muita paciência para museus). Talvez por isso me surpreendi positivamente com o acervo dos museus que visitei – e me decepcionei com os jardins, cuja manutenção estava muito aquém de outros palácios que visitei na França, Alemanha e Áustria.
Ao comprar o ingresso na entrada do palácio, recebemos um folheto com o regulamento de visitação, em vez de um mapa ou guia, o que achei bem estranho. Nosso tipo de ingresso não dava acesso aos aposentos reais e à Galeria Palatina ou de Arte Moderna, mas há esta opção, também.
Seguimos diretamente para os jardins. Além de canteiros, árvores e plantas, elementos arquitetônicos como escadarias, fontes e estátuas adornam os Jardins de Boboli. Fiquei impressionada com o estado dos jardins: quase não havia flores (estávamos em maio, primavera!) e até a fonte Netuno (Fontana della Forchetta) estava coberta por mato e desativada. Mas não desanime, talvez tenha sido uma entresafra de manutenção…
Atualiazação fev/19
Assisti à série Jardins Italianos com Monty Don, na Netflix, que conta a história ds Jardins de Bolobi e de outros incríveis jardins renascentistas. Os mais impressionantes são em Tivoli, perto de Roma. Confira!
Dos lugares em que passeamos, o único jardim com flores era o de frente ao Museu da Porcelana, que é pequeno e não me interessou muito, mas tem uma vista magnífica da região e é a cara da Toscana.
Alessandra Griffo, Arte Historiadora e diretora dos Jardins, conta que no século 20 cerca de 20 jardineiros prestavam serviços ali – hoje são apenas 5, segundo informação que li no livro disponível no quarto do hotel em que fiquei. As espécies plantadas são as mesmas escolhidas na época da idealização dos Boboli em 1549, com o intuito de preservar a historia. Dizem que o Boboli está para a história da jardinagem assim como o Uffizi está para a historia da Arte. Por isso, mesmo que o estado dos jardins não seja assim uma Brastemp, eu ainda sugiro uma visita.
Há algumas placas indicativas de áreas importantes do jardim, mas elas não informam distâncias (algo importante para quem está com idosos ou mesmo quem tem tempo apertado), então acabamos por explorar apenas a área imediatamente atrás do palácio, sem visitar o que se encontra à direita, como você pode ver no mapa abaixo. Em minha pesquisa, notei que alguns museus de uma planta estavam diferentes da posição em outra. Que eu me lembre, o museu da porcelana, por exemplo, ficava no número 7, mas minha memória pode estar me enganando.
O mais incrível é saber detalhes que nos transportam no tempo e compara o poderio dos Medice aos reis franceses, com os mesmos requintes e luxos: o anfiteatro (onde fica o obelisco), por exemplo, era palco de grandes festas com apresentações artísticas, exibição de animais selvagens, e numa ocasião foi até inundada para que barcos pudessem navegar por ali!
Museu do Vestuário no Palazzo Pitti
Depois de sairmos dos jardins de Boboli, voltamos ao palácio e visitamos o Museu do Vestuário, que existe desde 1983 no Palacete Meridiano (Palazzina della Meridiana) e conta a história da moda ao longo dos séculos. Estilistas como Valentinio, Versace, Armani e Saint Laurent estão representados, então, se você gosta de moda, não perca. Se não gosta e tem tempo, vá também, pois está incluso no ingresso e não é um museu tão grande ou cansativo.
Como meus pais estavam cansados, levei-os para o pátio do Palácio, onde tem um agradável café. Eles voltaram ao hotel, mas eu ainda não estava satisfeita (quando estou em se tratando de viagem?) e prometi que em meia horinha os encontraria lá para almoçarmos e pegarmos o trem para Roma.
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Museu da Prata no Palazzo Pitti
Eu pensei que fosse um… museu da prata, mas acho que prata aqui significa riqueza. A coleção tem objetos belíssimos e interessantes, que merece uma visitar muuuito maior do que apenas os 30 minutos de que eu dispunha. Então eu literalmente corri para ver um pouco de tudo. OK, tem objetos de prata, mas tem cristal, porcelana, camafeus, armas, objetos de marfim, esses retratos fotos em miniatura (acho que eram o 3X4 da época).
O museu tem 14 salas no piso térreo e 13 no mezanino. Os afrescos são do século 17, mas a sala da foto abaixo me impressionou pela pintura: as escadarias e sacadas não são reais, mas ilusão de ótica da técnica trompe l’oeil. Demais, não?
Como o museu fica num antigo palácio, algumas salas são ricamente decoradas:
Não deixe de incluir uma visita aos Jardins de Boboli e aos museus do Palazzo Pitti quando for a Florença. Se você já foi, conta o que achou. Se ainda vai e tem uma pergunta, terei prazer em ajudar.
Respostas de 2
Florença encanta e não tem mesmo como detestar os Medici apòs conhecê-la (os primeiros Medicis principalmente).
Esse jardim foi um dos que eu infelizmente não consegui entrar, mas meu maior sonho é circular pelo Corridoio Vasariano de ponta a ponta.
Um aluno fez e disse que poderia morrer feliz apòs aquela visita (hahahahahaha Ele é arquiteto).
Amei teu texto (apesar de que eu nunca associei o Brad Pitt com o Luca Pitti – hehehehe)!
Oi, Juliana, também ainda não percorri o corredor, mas acho que seu aluno sabe das coisas! Obrigada pela visita e pelo elogio?bjs