Igreja Sainte Chapelle, a pérola de Paris

10 entre 10 blogs de viagem apontarão a Notre Dame como um dos templos mais estonteantes do mundo. Eu sugiro a igreja Sainte Chapelle de Paris. Sim, a Notre Dame é majestosa, grandiosa, mas a Sainte Chapelle é divina. Vá em busca do que te deixará boquiaberto, mas também do que te deixará perto de um transe.

Capelas de castelos e palácios são sempre low profile em relação a catedrais, basílicas e até mosteiros. Mas muitas vezes guardam riquezas, tal qual uma concha guarda belas e delicadas pérolas. Assim é Sainte Chapelle (leia sant-shah-pel), a capela sagrada de Paris. Localizada no complexo do atual Palácio de Justiça, na Ille de la Cité, a mesma onde Paris começou, fica pertinho da Catedral Notre Dame.

Breve história da Sainte Chapelle

Tombada como Patrimônio Mundial pela Unesco, a Sainte Chapelle foi construída durante o reinado de Luís IX em apenas 2 anos, de 1246 a 1248, e segue o estilo gótico, muito apreciado na época.

O rei, que posteriormente foi até canonizado, construiu a capela real para abrigar duas relíquias, adquiridas em 1239 do imperador bizantino Balduíno II. A primeira é a suposta coroa de espinhos que teria sido usada por Jesus Cristo. A segunda, um pedaço da cruz. O custo escandaloso da aquisição rendeu a Paris o título de capital religiosa do Ocidente, e naquela época era tudo o que um reino poderia querer. As relíquias hoje se encontram no Tesouro da Notre Dame.

Como foi minha primeira visita à Sainte Chapelle de Paris

Quando fui a Paris pela primeira vez, ainda não existiam blogs de viagem e foi uma tia que me disse que eu não deveria deixar de visitar a Sainte Chapelle. Acho que parte do impacto que senti foi justamente por nunca ter visto nenhuma foto ou imagem desta igreja. Então desculpe pelo spoiler, tá?

Chegando em Paris, guia na mão, estranhei a localização escondida e a entrada controlada por raio X. Assim que entrei no térreo da capela entendi o porquê da indicação da tia. Fui imediatamente transportada à Idade Média, lembrando-me dos contos do Rei Arthur, sir Lancelot e Guinevere (sei que são ingleses, mas minha educação formal careceu de cultura francesa, excusez moi).

A capela inferior era usada por servos e pessoas comuns e suas colunas estão um pouco desgastadas, precisando de restauração. Ali você encontra algumas banquinhas onde pode comprar souvenires e estranhei isso e o fato de a capela estar despida de bancos, órgão, altar. Depois descobri que durante a Revolução Francesa muitos objetos da Sainte Chapelle foram roubados ou destruídos.

Passei um tempo considerável no térreo, achando que aquela era a capela. Então notei pessoas subindo uma claustrofóbica escada em espiral próxima à porta de entrada, por onde também fomos e… voilà! O que senti é indescritível. A sensação é de se estar num lugar sagrado, mesmo, e raramente sinto isto em lugares feitos pelo homem. Não sei se pela majestade dos 600 metros quadrados de vitrais, pela luz que os atravessa e banha o espaço do pé direito de 15 metros. Não sei. Mas é literalmente de arrepiar e, nas duas vezes em que estive na Sante Chapelle de Paris, me emocionei a ponto de chorar.

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Dois terços dos vitrais que contam a história completa do Velho Testamento são originais do século 13. Isso é incrível considerando que Paris passou por uma enchente que danificou consideravelmente a Sainte Chapelle e por várias revoluções e guerras. Aliás, os painéis foram removidos durante a Segunda Guerra Mundial para preservá-los.

Mais recentemente, os vitrais passaram por uma restauração com tecnologia do século 21, em comemoração ao aniversário do rei Luís IX. Os painéis foram desmontados e limpados a laser. Seu exterior foi revestido com outra camada de vidro para protegê-los da poluição sem que tivessem a aparência alterada. Mas eu bem senti uma diferença entre a primeira visita e a última, do lado de fora, ao menos.

Os arcos do teto, característicos do gótico, além de adornar a capela, são um truque arquitetônico que permitem um número reduzido de colunas, o que contribuiu para a elegância da Sainte Chapelle. Enquanto na capela inferior flores de lis decoram o teto, aqui são estrelas douradas, simbolizando talvez o Paraíso.

Afixadas às doze colunas da capela, encontram-se esculturas dos doze apóstolos, representando os pilares da Igreja. Seis deles são os originais restaurados em 1840 e os demais estão no Museu Cluny por estarem muito danificados. Estudos de 2017 feitos por uma equipe de cientistas franceses revelam que as cores originais das estátuas dos apóstolos do século 13 eram muito diferentes das que vemos hoje. Esperam ter as estátuas restauradas com fidelidade até 2020, mas elas serão expostas no Cluny, o Museu de Arte Medieval de Paris.

Se você puder escolher um horário para visitar a capela, prefira o final da tarde de um dia ensolarado. Os raios do sol entrarão pela rosácea, que conta a história do apocalipse. A janela com 86 painéis foi um presente do rei Carlos VIII em 1485.

Ingressos para a Sainte Chapelle de Paris

Endereço: 8, Boulevard du Palais (linha 4, estação Citè)
Horário: 9h-17h (até as 19h de abril a setembro) Fecha em 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro
Ingressos: podem ser adquiridos no local (com grande possibilidade de filas) ou antecipadamente. Se você comprar no site oficial ou com nosso parceiro Tiqets, o valor será o mesmo. Veja também a opção de compra casada de Sainte Chapelle & Conciergerie por €$15.

Mais para sua visita à igreja Sainte Chapelle

App: baixe o aplicativo Vitraux Sainte-Chapelle (só encontrei em francês). É gratuito e conta as historias contidas nos 1.113 vitrais da capela.
Concertos na Sainte Chapelle: Se estar na Sainte Chapelle já é emocionante, imagine participar de um dos 100 concertos anuais que acontecem lá! Só encontrei ingressos no site da classictic, que não conheço. Se você for, me conta o que achou.

Comparei a igreja Sainte Chapelle de Paris a uma pérola por ela estar escondida entre edifícios governamentais, mas tenho certeza que ainda está para ser descoberta uma pedra preciosa à altura da comparação a esta obra-prima medieval. Na minha opinião, a igreja mais tudo de Paris. Au revoir!

Este post faz parte da blogagem coletiva do grupo 8on8, quando todo dia 8 publicamos 8 imagens sobre um assunto escolhido entre as blogueiras participantes. Neste mês, participaram:

Let’s Fly Away: [8 on ] 8 igrejas imperdíveis na Itália

Turistando.in: 8on8 – 8 igrejas na Itália que você precisa conhecer

O Berço do Mundo [8 on] 8 Igrejas para conhecer em Braga

Quarto de viagem [8on8] – Igrejas pelo mundo

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