Cortina d’Ampezzo, nas Montanhas Dolomitas, fica a apenas duas horas de carro de Veneza, e neste post dou informações práticas para você organizar sua viagem até lá ou para se inspirar e colocar as Montanhas Dolomitas na sua lista de lugares para conhecer na Itália – ela merece!
A região das Dolomitas é daqueles lugares com alta concentração de beleza por metro quadrado e exibe (esta palavra é perfeita aqui: o cenário parece uma exibição de Arte), além das montanhas de até 3 mil metros no papel principal, coadjuvantes de peso, como o maior planalto de altitude da Europa: Alpe di Siusi, lagos de tons incríveis como o Carezza, Misurina e di Braies, vales com casas alpinas e igrejinhas que mais parecem aqueles tijolinhos de madeira de nossa infância, como Ortisei, cultura tirolesa (fala-se mais alemão do que italiano), encostas pontuadas por vaquinhas e carneiros. A lista é extensa. Numa área de apenas 200 metros de Leste a Oeste, tendo como cidades mais famosas Bolzano e Cortina D’Ampezzo, as Dolomitas ainda não são um destino na lista de brasileiros que vão à Itália pela primeira vez. Mas deveria.
Quando ir a Cortina d’Ampezzo
Verão – Diferente do que muita gente pensa, turisticamente os Alpes não estão ali só para servirem de estação de esqui. O verão por essas bandas recebe ainda mais visitantes do que no inverno, e as estradas viram uma festa: ciclistas, trilheiros, encontros de carros antigos, as Dolomitas se enchem de vida entre junho e setembro, gente atraída por trilhas nas montanhas, pistas sinuosas adoradas por ciclistas e motociclistas – além é claro das paisagens e da boa comida italiana.
Na última semana de junho/19 o calor era insuportável para uma região cujos estabelecimentos não possuem nem um ventilador. Literalmente suamos em restaurantes da cidade de Cortina e Bolzano e no hotel dormimos de janelas abertas. Ao ar livre, as temperaturas eram melhores, mas mesmo no topo de montanhas estava bem quente. Apesar disso, ainda havia muito gelo (foto abaixo) na trilha Tre Cime di Lavaredo. Na minha primeira viagem, tive que usar casaco, e foi também em junho. Ou seja, a cada ano pode haver um cenário diferente, mas a temperatura em geral tem aumentado, você sabe.
Primavera e outono – Se quiser fazer trilhas, usar sua bike ou simplesmente fugir da friaca dos Alpes, a partir de maio já dá para encarar os picos, mas ainda venta muito e faz frio também nas estações intermediárias (outono e primavera). Outubro traz cores para as encostas com a chegada do outono, mas em novembro os refúgios no alto das montanhas já estão fechados.
Em junho de 2016 a primavera foi chuvosa e o calor demorou a chegar. No início da manhã ou à noite e nos picos precisei usar jaqueta corta vento e alguns dias choveu tanto que os picos ficaram encobertos. Quando o sol abria, via-se bastante neve nas montanhas. Os campos de altitude estavam forrados de flores silvestres.
Inverno – Para praticar esportes de inverno ou apenas curtir o frio e a neve, de novembro até março vai encontrar paisagens branquinhas. Nesta época é obrigatório dirigir com correntes nos pneus, mas como não tenho esta experiência não sei dizer se há alguma dificuldade nisso. O pico turístico é entre o natal e o ano novo, depois volta a lotar apenas no carnaval, segundo a proprietária do hotel em que ficamos. Em março é baixa temporada, e tudo está meio morto, com lojas e restaurantes fechados.
Quanto tempo ficar nas Dolomitas
Eu, Marcia, me, myself, na minha opinião totalmente pessoal e subjetiva, acho que bate-volta para essas montanhas é uma pena, mas se é isso o que cabe na sua viagem ou o que lhe basta, não vai se arrepender. Em minha primeira vez nas Dolomitas, saí de Veneza já passavam das 10h30 (prepare-se para a demora da locadora em Veneza!) e consegui almoçar e passear por Cortina, subir a montanha (de carro) até o Rifugio Auronzo e fazer um trecho minúsculo da trilha de 3 Cime di Lavaredo, caminhar em volta do Lago Misurina, além de várias paradas para fotos. No verão, quando os dias são mais longos, um bate volta é possível, sim.
Se puder fazer escolhas, fique ao menos 2 noites em Cortina e 2 em outra cidade mais a Oeste, que pode ser Bolzano, Trento, Ortisei ou Fiera di Primero. As duas últimas ficam em meio às montanhas, enquando Bolzano e Trento, maiores, requerem autoestradas e ficam mais afastadas dos cenários que nos deixam boquiabertos. Em 4 dias conseguirá rodar pelas estradas apreciando a paisagem, fazer paradas nos lagos e ter uma introdução das Dolomitas. Mas para curtir com calma ou fazer trilhas, aumente o número de noites.
Como chegar a Cortina d’Ampezzo nas Dolomitas
Cortina d’Ampezzo fica na província de Belluno, 158 quilômetros ao Norte de Veneza e a 1224 de altitude.
- Os aeroportos mais próximos são em Veneza e Bolzano. Vôos internacionais diretos para a Itália saindo do Brasil chegam a Roma e Milão, este útlimo mais próximo.
- Não se chega direto a Cortina de trem. As estações mais próximas ficam em Dobbiaco e Calazo di Cadore e depois é preciso tomar um ônibus.
- Este site tem informações sobre as linhas de ônibus que chegam a Cortina.
- Para quem prefere não dirigir, o ideal é contratar uma excursão saindo de Veneza. Esta da Get your Guide passa pelos principais lugares nos arredores de Cortina d’Ampezzo.
- De carro, se você está em Veneza, o ponto de partida é a Piazzale Roma, onde ficam o terminal de ônibus e o ponto final/inicial do vaporettos. A maior parte das locadoras de veículos fica na rua de trás do canal, na Ponte della Libertà. Também há lojas no aeroporto Marco Polo. Em todas minhas viagens reservo na plataforma da Rentcars, que trabalha com as grandes locadoras e possibilita o pagamento em reais e parceladamente, livre de IOF.
Não deixe de ler o post Dirigindo na Itália,
com dicas de estacionamento, pedágio, combustível e outras
Estradas de Veneza a Cortina d’Ampezzo, nas Dolomitas
Qualquer Google Maps ou GPS vai te mostrar o caminho de Veneza a Cortina d’Ampezzo, que é muito simples: autoestrada A 27 e SS 51 após a entrada para Belluno, que você não pega, ou seja, siga em frente. Então a dica fica por conta de paradas. A primeira com uma vista bonita é em Valle di Cadore, à esquerda da estrada, onde tem um Centro de informações Turísticas ao lado de uma fonte bonitinha com fundo de montanhas:
Um pouco mais adiante, uma outra cidadezinha: San Vito di Cadore. A SS51 passa no meio de ambas e não há acostamento, então fique de olho em estacionamentos de comércio para dar uma paradinha para fotos.
A partir daí, Cortina está pertinho e é tanta paisagem que você esquece da quilometragem e do relógio. Ao chegar à cidade, procure um dos estacionamentos, que são gratuitos na baixa temporada. Este em que paramos (Faloria) fica perto da estação de ônibus da cidade, onde há banheiro público (€1) e comércio típico de estações, como lanchonetes, vending machines e suvenires.
Outra opção: Se tiver mais tempo, na bifurcação da SS 51 siga à direita (foto abaixo), que continua com o nome de SS 51bis (aprendi, perdida em Paris, que bis quer dizer “é esse número, mas não exatamente esse número”). Na bifurcação, pegue a SS52 sentido Norte. Em seguida, as placas indicarão Auronzo e Misurina, e pegue a SS48, que também te leva a Cortina d’Ampezzo. Eu não fiz esse trecho, mas parece ser lindo.
Para voltar a Veneza, pegue a SS51 e a A27. Leia mais abaixo as opções de lugares próximos a Cortina para visitar.
Como circular em Cortina d’Ampezzo
O centro de Cortina é bem pequeno e muitas ruas são exclusivas para pedestres. Na minha segunda vez ali, fiquei num hotel fora do centro e mesmo o hotel sendo fora do centro saímos a pé para jantar todas as noites.
Para circular pelas Dolomitas, o ideal é alugar um carro, pois é um roteiro cheio de paisagens pelo caminho, mas caso esteja sem carro poderá usar ônibus de linha, que partem da rodoviária e vai até pontos próximos, como Lago Misurina ou Passo Falzarego. Veja abaixo as linhas disponíveis em minha viagem de 2016. Uma máquina automática vende bilhetes (€1,20 a unidade) e há uma de troco também.
Onde Ficar em Cortina d’Ampezzo
Como toda cidade turística, há hospedagem para todos os bolsos e gostos. O hotel que escolhi fica no Lago Misurina, a apenas 15 km de Cortina, o Sorapis e escrevi sobre ele no post Lago Misurina e Refúgio Auronzo. Em 2019 voltei às Dolomitas e ficamos em Cortina, no Hotel Villa Nevada. Veja outras opções de hotéis em Cortina d’Ampezzo no Booking.com.
Documentos para viajar para a Itália
Não é necessário visto para entrar na Itália (ainda não se paga taxa), apenas passaporte com validade superior a 6 meses e, como a Itália faz parte da Comunidade Europeia onde é exigida a Carta Schengen, há obrigatoriedade de contratação de seguro viagem. Além disso, seguro viagem não é só para o caso de você torcer o pé numa trilha ou sofrer um acidente. Malas extraviadas, voos cancelados e tantas outras dores de cabeça podem ser minimizadas com o seguro. Temos parceria com a Seguros Promo, que oferece vários tipos de seguro e seguradoras, além de de$conto para os leitores do blog. Já apliquei o cupom no link acima, para você.
Se você vai dirigir, atenção: leve sua habilitação brasileira e a PID, a permissão internacional para dirigir. Nesta viagem à Itália em 2019 ela nos foi solicitada pela primeira vez, depois de muitos anos alugando carro na Europa.
Leia também: Como Emitir a Permissão Internacional para Dirigir (PID)
Língua e cultura
A língua oficial é o italiano e nesta parte das Dolomitas não há tanta influência tirolesa como na região mais a Oeste. A arquitetura é alpina, mas com um quê típico italiano. As poucas pessoas com quem tive contato foram atenciosas e simpáticas e usei o Inglês para me comunicar em restaurantes, centro de turistas e pousadas.
Dinheiro
Com o IOF de 6% sobre o cartão de crédito, deixei para usá-lo em poucas situações e levei euros para quase todas as despesas. Se você decidir levar dinheiro, não se esqueça do moneybelt, aquela pochete de tecido que se usa entre a roupa íntima e a camiseta ou calças, que você compra em lojas de bolsas ou pela Internet. Nesta região não há batedores de carteira como em Roma ou Nápoles, mas é todo dinheiro que você tem na viagem, então melhor não correr riscos deixando-o em sua carteira. Outra coisa: nenhuma das pousadas em que fiquei tinha cofre nos quartos.
Mais recentemente abri uma conta multi moeda Wise e estou muito satisfeita! É um cartão Visa de débito, o IOF é menor do que o do cartão de crédito ou do praticado em casas de câmbio. Evita a preocupação de comprar dinheiro antes da viagem, gastar o dinheiro para não ter que fazer câmbio novamente, etc. E se você tem saldo em dólar, por exemplo, e gastar em euro, o valor sai automaticamente do saldo em dólar. Mais legal ainda é ter o controle dos gastos ali, na palma da mão.
Quanto custa ir a Cortina d’Ampezzo
Claro que um mesmo destino pode ter variações enormes de custo, dependendo do perfil do viajante, da época do ano e de tantos outros fatores, mas deixo aqui uma ideia do quanto gastar, baseando-me nas despesas de junho/2016:
- Hospedagem: acima de €80 (casal) em hotéis ou pousadas simples (sem estrutura como piscina, spa, mas limpos e com restaurantes) com vista para montanhas e lagos.
- Refeições: o preço não muda muito de uma cidade para outra nas Dolomitas e uma refeição simples (uma pizza ou massa com cerveja) fica acima de €15/pessoa.
- Pedágio e combustível: rodamos 3 dias por Veneza-Cortina-Misurina-Falzarego-Selva Gardena-Funes-Alpe di Siussi e Trento e gastamos €46 para reabastecer o carro antes de sua devolução à locadora. O custo do pedágio, que só existe nas autoestradas e não nas estradinhas entre as montanhas, depende da quilometragem rodada. Para chegar a Funes nos perdemos e tivemos que rodar em autoesrtada até achar uma saída, então gastamos € 7,50. Na saída de Funes a Siusi foram €3,80.
- Para subir de carro até o Rifugio Auronzo, onde tem estacionamento para fazer a trilha em torno do 3 Cime di Lavaredo, há uma taxa de €35 (valor no verão/2019)
O que Fazer em Cortina d’Ampezzo e região
As cidades nas montanhas não têm muitas opções de turistmo, pois a atração são as paisagens pelas estradas, os lagos e as montanhas. Mas há um bom comércio e restaurantes no centro, além de sempre presente igreja católica. Em 2019, como fez muito calor, a temporada foi antecipada e antes de julho bares estavam cheios. Lembre-se de que a noite na Europa começa cedo, nada como aqui no Brasil, que baladas esquentam madrugada adentro.
Nos arredores de Cortina, você pode:
- curtir os lagos Misurina, Dobbiaco e di Braies
- visitar o museu a céu aberto da Grande Guerra (teleférico em Passo di Falzarego até o Refúdio Lagazuoi)
- fazer a trilha em volta dos picos Tre Cime di Lavaredo
- dirigir nas incrívies curvas do Passo Gardena (a 45 km de Cortina)
Outras dicas de viagem de Cortina d’Ampezzo, Dolomitas
Centro de Informações Turísticas de Cortina d’Ampezzo
O Ufficio Turistico de Cortina d’Ampezzo fica na Corso Italia, 81, fácil de achar pois é perto da igreja da cidade, cuja torre pode ser vista facilmente. Lá você pode pegar gratuitamente mapas de trilhas ou de pistas de ciclismo e receber informações de que precisar.
Respostas de 21
Muito legal seu post, vou chegar em Milão dia 13/12 de lá vou a Cortina do dia 16 a 19/12 finalizando em Veneza até dia 22. A minha dificuldade está em organizar o trajeto de Milão à Cortina. Indo direto de trem e ônibus vou chegar lá praticamente no final da tarde.
Indo por Veneza consigo chegar as 09h na estação Mestre, mas não estou conseguindo transporte de Veneza para Cortina de manhã, vc pode me ajudar?
Obrigado!
Oi, Alessandro, tudo bem? Desculpe só responder hoje, mas eu estava viajando?
A tabela de horários de ônibus está atualizada até o dia 17/dez e tem 2 horários no dia 16: 10h30 e 14h30, saindo da estação de ônibus Lampugnano, em Milão (http://www.cortinaexpress.it/wp-content/uploads/ORARI-AUTUNNO-2017.pdf), que é a data que entendi que você quer ir. De manhã, a partir de Veneza, não tem horário mesmo, segundo a tabela.
Espero ter ajudado, abraços!
Adorando seu blog!!! =)
Parabéns pela organização e obrigada pelas dicas!!! =*
Que bom, Vanessa, a ideia é esta. Obrigada por deixar este comentário.
Parabéns pelo trabalho e obrigado pelas dicas, Marcia… estou indo para a região de Treviso em abril e seu post me ajudou a definir se iria ou não para a região de Dolomitas !!
Ah, que bom que te influenciou de maneira positiva. Tenho certeza que vai adorar. Obrigada pelo comentário.
Oi Márcia!
Muito completo seu post! Parabéns!
Vou para Cortina em fevereiro/2019, provavelmente de ônibus partindo de Mestre. Você saberia me informar se na cidade de Cortina tem algum lugar que funcione como um guarda volumes?
Queria deixar minhas mochilas guardadas para poder passear, pois o meu check in no hotel é só no final da tarde.
Desde já te agradeço!
Tereza
Oi, Tereza, obrigada pelo feedback positivo!
Em geral os hotéis guardam gratuitamente a bagagem antes do horário de check in ou out, mas fiz uma busca rápida e achei um serviço de guarda volumes na Via Guglielmo Marconi, 5, veja mais informações no site https://www.serviziampezzo.it/deposito-bagagli/
Depois volte aqui pra contar como foi, tenho muita vontade de ir no inverno. Boa viagem!
Muito obrigada Marcia! É que vou ficar num AirBNB e a pessoa ainda não sabe se vai poder ficar com as minhas malas na hora que vou chegar.
Tereza
Entendi, Veja esta opção, então, e se puder volte aqui pra contar como foi.