Templos de Luxor e Karnak e a avenida das esfinges

Numa viagem ao Egito seus pelinhos ficarão arrepiados em várias situações – e não somente quando você estiver diante das maiores pirâmides do mundo, as pirâmides de Gizé. Talvez apenas um eventual Alzheimer furtará de mim as lembranças da visita aos templos de Luxor e Karnak e à avenida das esfinges. E nem sou aquela pessoa louca por Egito Antigo, imagine quem é! Também não foram estes os primeiros templos que visitamos no Egito, mesmo assim ambos deixaram impressões fortes e positivas.

A primeira questão é: visitar os dois no mesmo dia ou não? Visitamos os templos de Luxor e Karnak em dias diferentes, apesar de poucos 3 km os separarem e pensei que havia perdido a chance de fazer isso enquanto percorria a Avenida das Esfinges, SQN. A entrada do templo de Karnak se dá no centro de visitantes, em frente ao rio Nilo.

Outro motivo para conhecer os templos de Luxor e Karnak em dias diferentes é que eles são muito parecidos, e depois de alguns meses é possível que você não se lembre do que viu em um ou outro. Com roupas diferentes em cada dia, suas fotos vão ajudar, ehehe.

Onde ficam os Templos de Luxor e Karnak

Bem, o nome denuncia: os templos de Luxor e Karnak ficam em Luxor, no lado oriental (direito, olhando ao Norte) do Rio Nilo, 700 km ao sul do Cairo.

A cidade cresceu ao redor dos sítios arqueológicos escavados entre o século 19 e início do 20, sobre as ruínas na anitga Tebas, e foi uma surpresa encontrar uma avenida agradável e arborizada para caminhar, a Kornish al Nile (aprendi em Doha que Corniche é uma palavra francesa usada para avenida costeira). A estrutura do porto também é muito boa.

Luxor foi o ponto final de nosso cruzeiro pelo rio Nilo, mas é possível chegar à cidade de avião (1 hora a partir do Cairo) ou trem.

O terminal de cruzeiros fica bem pertinho do templo de Luxor, dá pra ir a pé. A entrada do templo de Karnak é um pouco mais adiante, e durante o sol gastigante vai triplicar a distância. Excursões em geral levam os turistas de van (veja mais abaixo onde comprar), mas há também a possibilidade de usar charretes, um meio de transporte comumente oferecido aos turistas.

Encontre na página-índice Egito mais informações sobre o que fazer em Luxor – e sobre outros lugares do Egito

A Avenida das Esfinges, entre os templos de Luxor e Karnak

Reinaugurada em 2021 numa cerimônia com a mesma pompa do transporte das múmias reais para o Museu Nacional da Civilização Egípcia, a Avenida das Esfinges é um caminho de pedestres que une os templos de Luxor e Karnak. Acredita-se que esta era a rota usada durante a procissão do Festival Opet.

O festival Opet acontecia no segundo mês do calendário lunar, segundo a Enciclopédia Britânica. As evidências, entalhadas no Templo de Luxor durante o breve reinado de Tutancâmon, mostram sacerdotes carregando estátuas de Amon, Mut e Khons pelas ruas da antiga Tebas até o templo de Luxor, onde permaneciam por 24 dias, tempo da duração do festival (e você acha o carnaval longo!).

Originalmente, a avenida que liga os templos de Luxor e Karnak tinha capelas de barcas e 1.350 esfinges de carneiros, que representavam uma forma do deus sol, Amon-Rá. Após extenso trabalho arqueológico desde sua descoberta, há pouco mais de 70 anos, um terço destas estátuas foi recuperada, outras estão incompletas ou têm o pedestal vazio.

Estivemos lá durante a noite, e caminhamos um trecho da avenida das esfinges. Como você pode ver, ela é toda iluminada à noite. Se você puder, vá durante a noite ou bem no comecinho da manhã, quando o sol ainda não é tão impiedoso. Se você se cansar, ou o calor cansar você, há 3 saídas da Avenida das Esfinges e vários bancos para repouso e até cafés.

Ingressos ou guia para os Templos de Luxor e Karnak

Ambos templos podem ser visitados por conta própria ou com guia. Se optar por visitar sozinho, é interessante estudar um pouco sobre eles, do contrário não vai entender o que está vendo. Nos templos sempre têm

Como em todos os outros templos do Antigo Egito, no centro de visitantes são vendidos bilhetes e tem várias lojas/tendas de souvenirs.

Este tour de nossa parceira Tiqets oferece transporte de e para o hotel, guia egiptólogo que te acompanhará aos Templos de Luxor e Karnak, Colossos de Memnon e Templo da Rainha Hatexepsute.

A Civitatis também oferece tours similares, e tem a vantagem de poder pagar parcelado no cartão de crédito, em reais, ficando livre de IOF:

OS TEMPLOS DE LUXOR E KARNAK

Eu adoro um mapa! Não posso ouvir um nome novo de cidade que já recorro ao Google Maps e isso ajuda além do planejamento. Para os templos de Luxor e Karnak, é legal entender o que são as salas por onde você caminhará. A planta baixa do Templo de Karnak mostra as adições feitas e quais faraós foram responsáves, além dos salões.

Saiba mais sobre templos e quais visitar na página-índice Egito

O TEMPLO DE KARNAK

O complexo onde fica o templo de Karnak é bem maior do que o de Luxor, uma área de 250 acres (1 acre=4km²), e é o segundo sítio mais visitado no Egito, atrás apenas das Pirâmides de Gizé. Reserve entre 2 ou 3 horas para visitar o sítio, ou mais, se for bastante interessado no assunto.

Nem toda a área é aberta ao público, há partes com trabalhos de escavação e a área mais visitada é o templo Amon. Mas o complexo tem templos dedicados aos deuses Amon, Mut e Khonsu – a família divina de Tebas. Construídos ao longo do reinado de 30 faraós, de 2200 AC até meados de 360 AC, o período mais próspero e que marcou o pico do poder egípcio.

O estacionamento fica ao lado do Centro de Visitantes do Templo de Karnak e a partir dali até a av. dos carneiros (Ave. of the Rams, mais esfinges) são apenas 300 metros, mas que sob o sol parecem intermináveis. Depois de cruzar o primeiro pilão (a fachada caractéristica dos templos egípcios), você chegará ao Grande Pátio.

Grande Pátio

Na parte posterior da primeira fachada (pilão/pilone) do complexo de Karnak, no Grande Pátio, se você olhar para trás verá uma rampa de tijolos, que era usada para a construção.

Ficam ali também algumas esfinges, o templo de Sti II, uma coluna do faraó Taharqa, e uma estátua de Ramses II e sua filha, diante do segundo pilão.

Grande Salão hipostilo

Atravessando o segundo pilão, adentramos uma floresta de colunas. São tantas que nos perdemos sem saber para onde focar o olhar. Estamos no grande salão hipostilo. A palavra grega hipostilo significa ‘teto sustentado por colunas’ – e aqui são 134 delas, com 23 metros de altura.

Obelisco de Thutmose I

Saindo do grande salão, vemos o único obelisco que sobrou de um conjunto de 4, onde era a entrada do templo de Karnak na época do reinado de Thutmose I.

Um parênteses: há uma teoria de que Thutmose I provavelmente seja o faraó que determinou o infanticídio dos hebreus narrado na bíblia. Acho esta história fascinante, talvez porque o clássico Os 10 Mandamentos tenha sido o primeiro filme que assisti no cinema.

O maior obelisco do Egito

O maior obelisco do Egito fica no Templo de Amon, com 27 metros de altura e 340 toneladas e representa a única rainha egípcia, Hatshepsut (antes que você me pergunte, Cleópatra era grega). Na base uma inscrição informa que foram necessários 7 meses para cortar a peça.

Quando publiquei este artigo, ainda não havia escrito sobre sua filha Hatshepsut, a rainha egípcia, por favor vá até a página-índice Egito

Ao pesquisar para este artigo, encontrei no ahram.org informação de que em abril de 2022 um obelisco menor, de 11 metros de altura e 90 tonelas, com inscrições de Hatshepsut e deus Amon, fora retirado do lago sagrado de Karnak, onde estava na horizontal desde o início do século 20, e reerguido. Pela foto, parece estar hoje ente os obeliscos de Thutmose I e da própria Hatshepsut.

Saber que estes obeliscos eram monolitos de granito numa época com ferramentas pouco tecnológicas e que vinham de uma pedreira em Assuã, e eram transportados por 250 km pelo rio Nilo é fascinante. Pisar na pedreira e ver com seus próprios olhos como esse trabalho era feito é ainda mais incrível. E o guia perguntou se a gente queria mesmo descer da van para ver o obelisco inacabado de Assuã, como se fosse pouca coisa!

Lago Sagrado

A maioria dos templos no Egito Antigo possuiam um lago para purificação e rituais sagrados, mas não me lembro de ter visto lagos em outros templos, apenas no de Karnak.

Show de Luzes no Templo de Karnak

Não sei como é o show de luzes no Templo de Karnak, mas pesquisei a respeito do show nas pirâmides de Gizé e achei avaliações contraditórias. Uma colega foi e não achou imperdível. A mesma empresa oferece show de luzes no templo de Karnak, no Philae e em Abu Simbel. Quando escrevi este post, custava USD 48 com transfers.

Se você gosta de sítios arqueológicos, te convido a ler sobre Pompeia, na Itália, Machu Picchu, no Peru, e Chichen Itza, no México

O TEMPLO DE LUXOR

O Templo de Luxor também é consagrado aos deuses Amon, Mut e Khonsu. Construído por Amenhotep III (1390-52 aC), Tutancâmon (1336-27 aC) e Horemheb (1323-1295 aC), e ampliado por Ramsés II (1279-13 aC), conta também com uma adição grega, um santuário de granito dedicado a Alexandre, o Grande (332-305 aC).

A fachada do templo de Luxor é marcada por duas estátuas de Ramsés II, sentadas e em pé. Aprendi por lá que o pé esquerdo à frente significa que o rei estava vivo e que a coroa representada na imagem abaixo indica o poderio sobre o Alto e Baixo Egito.

O obelisco de Ramses II fica diante da entrada que usamos para acessar o complexo, assim como nos tempos desse faraó. Antes de Ramsés II, a extremidade norte do pátio era a entrada do templo. Originalmente havia dois, mas um obelisco foi levado a Paris em 1883 e instalado na Praça da Concórdia em 1836. Em troca o Rei francês Luis Felipe presenteou o Egito com o relógio que vemos no pátio da Mesquita de Alabastro, no Cairo.

A mesquita Sufi Shaykh Yusuf Abu al-Hajjaj foi construída sobre parte do templo de Luxor, assim como as igrejas cristãs sobre templos romanos ou incas. Mas ao contrário do que senti em Cusco, isso não me incomodou. Do contrário, uma das lembranças mais vívidas que guardo desta breve visita ao Templo de Luxor é do momento da chamada à oração do pôr do sol.

Viajar nos permite aprender sobre outras culturas de uma maneira que livros ou documentários não conseguem nos alcançar. Antes de viajar pelo Egito, eu tinha aversão a esses chamados para a oração, um certo incômodo. Aprendemos a respeitar de uma forma não imposta ou ensinada, mas aprendida por vivência.

Encontramos um buraco nesta parede, que segundo o guia havia sido usado como altar de uma igreja cristã:

Templos de Luxor e Karnak: qual visitar primeiro?

Nosso guia foi perfeito nisso: vimos o Templo de Luxor primeiro, menor que o de Karnak, mas durante a noite, o que o vestiu com um tempero que aguçou os sentidos. Se você os visitar no mesmo dia ou na ordem oposta que eu visitei, ainda assim vai ficar bastante impressionado.

ONDE FICAR EM LUXOR

Como eu disse, nós estávamos em cruzeiro entre Assuã e Luxor, mas passamos por alguns hotéis durante um passeio noturno em Luxor. Procure o lado oriental do rio para se hospedar, mais desenvolvido e onde ficam os templos de Luxor e Karnak.

O Sofitel Winter Palace é um hotel clássico, talvez o melhor de Luxor. Se você olhar no Google Maps, vai ver que até parece um oásis, muitos jardins e piscinas. E o legal é que mesmo quem não está hospedado lá pode usar o restaurante e assim conhecer o hotel.

Quem se hospedou deu nota 9,1, e tem opções de meia pensão (jantar). Um quarto com vista para o rio Nilo e café da manhã fabuloso (palavras dos hóspedes) estava a R$965/noite quando escrevi este post.

Pela metade do preço você fica no Djorff Palace, nota 9,4, mas com uma pegada mais árabe na arquitetura e decoração. Fica do outro lado do rio, no lado do Vale dos Reis.

Numa linha de hotel de rede, o Iberotel Luxor é uma ótima opção pela localiação, pelo custo e pelo que oferece: uma piscina numa plataforma dentro do Rio Nilo! Quarto standard por R$ 319 com café da manhã. O Egito é mesmo muito acessível.

Então, o que você achou dos templos de Luxor e Karnak? Confesso que não só escrever a respeito foi um desafio, mas visitar também. Os guias dão muitas informações e para quem não conhece as dinastias e os deuses, como eu, tudo fica muito abstrato. Se você curte muito Egito, estude e aproveitará melhor a viagem. Bom planejamento!