Quando nasce um bebê, nascem uma mãe e um pai, você já deve ter ouvido isso. Mas nasce também um novo jeito de viajar! Se você está esperando ou planejando um filho ou uma filha, esqueça essa história de que ele/ela é que têm de se adaptar a sua rotina e a seu jeito de viver. É um relacionamento que nasce, também, e como todo relacionamento é preciso fazer adaptações, concessões, doações, inclusive no modo de viajar.
Nos primeiros anos de vida de nossos filhos, os destinos de viagem são pensados primeiro para o conforto e o prazer deles, mas você pode incluir um destino “adulto” levando em conta uma série de detalhes que listarei no próximo post. Conto neste minha experiência, que reflete meu modo particular de viajar da época e pode e deve ser diferente de muita gente. Ou seja, é um relato, não um manual, pois tudo o que se refere a criança não tem instruções precisas, apenas sugestões (que pena!).
Minha filha viajou pela primeira vez aos 5 meses, de carro de SP a GO (Pousada do Rio Quente), então conta como uma viagem de avião pela distância e confinamento em espaço pequeno, eu acho. A vantagem do carro é a privacidade e a possibilidade de fazer paradas. Até os 3 anos de idade, ela rodou estradas SP-RS e SP-MG, e foi sempre muito tranquilo. Na verdade, a primeira foi meio tensa, pois não observamos o horário de cólicas dela e estávamos à noite, no carro, quando uma crise começou. Fora isso, foi mesmo muito tranquilo, pois bebês dormem bastante, ainda mais em carros em movimento. De avião, viajou pela primeira vez pouco antes de completar 2 anos, numa curta distância SP-Porto Seguro.

Quando eu trabalhava em escola de educação infantil, muitas mães me perguntam sobre viajar ou não para a Europa com criança pequena (4 anos, por exemplo). Lembra das concessões de que falei no início do post? Elas servem para as crianças também. Se você precisa ir à Europa ou Ásia enquanto seus filhos são pequenos e não pode ou não quer deixá-los aos cuidados de alguém no Brasil, prepare-se bem e vá! Mas se for apenas uma opção, por que não escolher um destino mais atrativo para a criança?
Escolher viajar ou não com crianças depende de cada um e do destino escolhido. Criança pequena gosta de bicho, de natureza, de mato, de praia. Hotéis-fazenda são o que há de melhor para crianças até 3, 4 anos. Curta esses momentos. Vai ter tempo para outras viagens quando elas estiverem maiores. Resorts no Brasil, onde a gente pode ficar com segurança e tranquilidade e os filhos brincarem com outras crianças nas monitorias oferecidas também são boas opções.
Mas tudo depende do seu estilo. Não adianta querer ficar perto da natureza se você vai gritar ao ver uma aranha, passando a ideia de que insetos, aracnídeos e afins são assustadores (embora sejam, às vezes). As crianças são fascinadas por insetos, folhas, pedras. Se você perdeu esse encanto, tente redescobri-lo através dos olhos curiosos de seu filho ou de sua filha. Se não reencontrá-lo, fascine-se pela admiração de seu filho e segure seu impulso de medo ou repulsa diante de bichos de jardim que não oferecem perigo.
Nós fizemos esta opção: hotéis-fazenda, litoral paulista, nordeste brasileiro enquanto ela era pequena, e a primeira viagem internacional com minha filha aconteceu quando ela tinha 6 anos, para Orlando. Mas se eu tivesse tido a oportunidade de ir antes, talvez teria ido, não sei ao certo. Sou daquelas que acredita que a Disney seja um lugar cheio de pais e crianças cansados e infelizes com obrigação de parecerem felizes – e crianças maiores aproveitam mais. Mas, de novo, tudo vai de como a coisa é feita: criança gosta e precisa de rotina. Se ela for respeitada, não vai ter lugar para manhas, choros, birras.
Leia as sugestões de Museus Imperdíveis para Crianças segundo o Gabriel, filho da blogueira Carol do Vamos por Aí.
No ano passado, viajamos com nossos pais, que sempre ficam com nossa filha quando viajamos em casal, então ela embarcou para a Europa pela primeira vez. De tudo o que ela viveu, o que ela mais curtiu foi passear de gôndola e comer massa todos os dias! Mas essa é minha filha, e cada criança tem uma reação baseada em suas vivências e em sua personalidade, então você só vai saber quando viver, não é? Mas imagino ser unânime a opinião de que visitar igrejas, monumentos e centros históricos não seja a melhor opção para crianças. Claro que ela correu atrás dos pombos, tomou muitos gelatos, curtiu os passeios de barco em Capri e no Lago Garda, fotografou esculturas, mas sei que ela preferia ter ido à Disney ou curtido uma praia ou piscina! E repito: vai ter tempo mesmo para ela conhecer a Europa.
Viajar sem os filhos
Muitos pais não desgrudam de seus filhos. Eu pessoalmente acho isso ruim para a criança e para o casal. Acho saudável que os pais passem alguns dias sem os filhos, oportunidade de se reconstituírem como casal. Para a criança, aumenta a confiança em si, de que é possível sobreviver sem a presença dos pais. Os laços afetivos entre a criança e os familiares que dela cuidaram durante a ausência dos pais também se estreitam. E tem todo um olhar psicológico de a criança perceber-se não mais como o centro do universo familiar. E de que os pais não pertencem à criança e a criança não pertence aos pais.
No próximo post, as dicas práticas de como se preparar para viajar com bebês e crianças pequenas.