Templos Lego? Sim, Abu Simbel é um templo magnífico no sul do Egito, que precisou ser desmontado e remontado em novo local para não ficar submerso pelas águas da represa Nasser. Talvez você já saiba disso, mas vou contar também como é a visita, custo, e falar da emoção de estar em mais um lugar que Indiana Jones com certeza visitou. O meu Indy adorou!
Na verdade, Abu Simbel é a localização dos templos, sim, são dois: o de Ramses II e o de sua esposa preferida, Nefertari, os que se acredita serem contemporâneos de Moisés dos 10 mandamentos. Escrevi em outro artigo que é o conjunto mais impressionante do Egito, além das pirâmides de Gizé, mas agora, com a clareza que o passar do tempo traz, não tenho certeza, porque Luxor é incrível, também.
Nosso roteiro, programado pela agência que nos apresentou o Egito, não incluía a viagem a Abu Simbel, mas a oferecia por um valor pago à parte (veja no final os valores). A outra opção era permanecer no navio de cruzeiro ou explorar Assuã por conta própria. Eu queria fazer as duas coisas, e também passar 1 noite em Abu Simbel. Como diria Amado Batista, “mas neste mundo que o perfeito não existe…”, me contentei com o bate e volta até a fronteira do Egito com o Sudão.
Na página Egito você encontra os artigos já publicados organizados por região geográfica e dicas gerais. Monica Geller team
Deixamos o barco de Cruzeiro no Rio Nilo antes do nascer do sol, o que foi um bônus, pois o sol vermelhão no horizonte do deserto foi uma das lembranças queridas desta viagem. O percurso é enfadonho, caso como eu você goste de relevos, cores e texturas, pois o deserto é muito deserto ali, até carente de paisagens diversificadas. Não é que eu não goste de desertos, pelo contrário, o Atacama, por exemplo, é um dos lugares mais lindos que visitei, e vi belezas em outras partes do deserto em território egípcio, como o Deserto Branco.
Quase 300 km e 3,5 horas de estrada e cochilos depois, avistamos o Lago Nasser, uma represa que parece um mar – tem uma extensão de 550 km! – e que permitiu ao pessoal escolhido pela Unesco brincar de Lego gigante.
O projeto da Unesco para salvar Abu Simbel
Não foi uma brincadeira, claro. Além dos templos, foi necessário realocar 90 mil pessoas, segundo artigo da National Geographic, uma das fontes que usei para saber mais sobre Abu Simbel. Do lançamento da ideia até as obras para salvar o templo, a Unesco organizou uma missão internacional com a participação de 30 países, que inclui o estudo de danos, a escolha do que salvar (uma fortaleza em território sudanês ficou submersa), o planejamento da remoção e campanha para angariar fundos. Além dos templos de Abu Simbel, outros templos da era antiga do Egito (13, 15 AC) foram salvos.
O templo de Abu Simbel se destaca, portanto, não apenas por sua importância histórica, mas pelo colosso que é e pelo curto prazo para realização de tal feito.
Foram 3 anos para mapear, construir uma represa temporária em volta da obra, e desmontar as mais de 100 peças (eu falei que era Lego). Em setembro de 1968 os templos ressurgiram em novo endereço. Não sei como era o antigo, mas achei linda a localização, uma energia incrível do vento soprando forte contra as pedras que dão forma aos antigos reis do Egito na fachada dos templos de Abu Simbel, observando o marzão que é o Nasser.
Este vídeo dos arquivos da Unesco mostra imagens incríveis e conta o processo
Os templos de Abu Simbel
Construído por volta de 1265 aC e descoberto em 1813 por um explorador suíço sob 10 metros de areia, o templo foi construído para marcar o domínio sobre o povo núbio, próximo da fronteira do atual Sudão. Tem fachada de 4 estátuas de Ramses com 20 metros de altura, e é dedicado aos deuses Amon, Rá e Ptá. Como em outros templos, há estátuas menores de seus familiares, o que nos faz lembrar desenhos infantis em que o membro mais querido da família ou dentre os amigos é gigante perto dos demais.
Apesar de estar no extremo sul do Egito, havia muita gente visitando o templo naquele fevereiro de 2022, ainda pandemia Covid-19. Quando eu viajo de pacote, o que é raro, mas acontece em destinos como Egito e Marrocos, não pesquiso muito, para guardar a surpresa, e como foi surpreendente esta visita a Abu Simbel! Eu não sabia, por exemplo, que era um templo com um interior, achei que fosse apenas a fachada, tipo Monte Rushmore, silly me.
O interior do salão hipostilo estava bem preservado, e a iluminação natural proveniente da grande porta de entrada iluminava as colunas com o faraó representando Osiris e cenas de batalha decoram as paredes. O teto também está bem preservado. Difícil fotografar sem pessoas nas fotos, seja criativo.
Caminhando pelo templo e observando as colunas, as estátuas e relevos, a gente fica ainda mais impressionada com a mudança de localização de tudo aquilo, e pensa: que bom que a Unesco tomou a frente para preservar o templo.
O segundo salão tem representações de Ramses e Nefertari com os barcos sagrados de Amom e Rá-Horaqueti e a partir dele chegamos ao santuário, uma pequena sala, mas onde nos volta à memória nosso herói fictício Indiana Jones.
Nos dias 22 de fevereiro de 22 de outubro, que se acredita tenham sido datas da coroação e nascimento de Ramses, o sol nascente ilumina as 3 estátuas: a do próprio Ramses, do deus do sol Ra e de Amun. A estátua da esquerda (foto abaixo) que representa Ptah, o deus da escuridão, fica permanece na sombra. Como eu fui em outra data, a iluminação é pouca e artificial. Se você vai ao Egito e a Abu Simbel em uma destas datas, prepare-se para multidões, mas é uma festa este tipo de comemoração pagã. Participamos do equinócio em Chichen Itza e foi uma energia incrível.
Um templo para Nefertari
A 150 metros do templo de Hamses, fica o de sua esposa favorita, dedicado à deusa Hathor. Tem 6 estátuas de 10 metros de altura guardando a entrada, mas o que se destaca na fachada é o fato de a rainha e rei serem representados com o mesmo tamanho (desenho de criança maior rsrs), o que demonstra o poder de Nefertari.
No interior, o salão hipostilo tem colunas com representações de Hathor bem simplistas – e com orelhas de vaca – além de imagens do casal real fazendo oferendas aos deuses. No santuário, estátua de Hathor em forma divida de vaca – talvez por ser associada à maternidade.
Excursões e ingressos e outras dicas
- o ingresso para acessar a área dos templos pode ser comprado na hora: EGF240 (2022)
- para o traslado ida e volta e ingressos, pagamos US$120/pessoa
- a excursão com duração de 10 horas, saindo de Assuã, com traslado do hotel, guia em ou outras línguas é bem mais barata: 32€. Quem comercializa é a parceira do blog Get your Guide, e as avaliações são muito boas.
- além da via rodoviária, é possível chegar pelo aeroporto Abu Simbel, que recebe voos domésticos. Fica a 2 km do Templo, mas tem ônibus.
- cruzeiros no lago Nasser também são formas de chegar a Abu Simbel.
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Outros Templos do Egito que visitamos além de Abu Simbel
Gostou de conhecer Abu Simbel, no Egito? Espero que sim, eu adorei relembrar esta viagem e compartilhar com você!